domingo, 29 de novembro de 2015


Marcel Lúcio Matias Ribeiro Saraiva



Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Maria Valeska Rocha da Silva
Massimo Pinna
Paulo Caldas Neto
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais

Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Eide Justino Costa
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Marcela Ribeiro







Marcel Lúcio Matias Ribeiro Saraiva [21-11-2015]


da p. 101 : [PDF +- p. 420]          [subtítulo] “Otaviano, burguês sensível”[...]
até a p. 103 : [PDF +- p. 422 ]     [...] “Oh! se te amei! Toda a manhã da vida
                                                                 Gastei-a em sonhos que de ti falavam!”




Otaviano, burguês sensível


Francisco Otaviano exerceu os mais altos cargos do império – deputado, senador, conselheiro, plenipotenciário. Apesar da vida política satisfatória para os padrões burgueses da época, cultivou sua vocação para a poesia. Explorou de modo interessante na sua biografia os polos da política e da literatura, insinuando que, caso não tivesse se dedicado à política, teria sido um poeta de uma qualidade mais aprimorada.



Acredita-se que o resultado de sua produção literária não seria alterado com a dedicação exclusiva às letras. Extraiu o máximo que poderia de sua elaboração do texto poético e conseguiu bons resultados, com sensibilidade, gosto, elegância e equilíbrio.



A sua pequena obra em termos de quantidade apresenta a “inspiração do homem médio, não banal”, revelando, por meio de versos transparentes e leves, o drama das convenções sociais impostas ao homem burguês. Assim, em nome da “coerência social”, controla seus impulsos mais autênticos para permanecer inserido nas normas da sociedade do período.



Dos “poetas menores” da primeira fase romântica, é o que consegue as melhores soluções no campo da poesia: aliando senso de equilíbrio, correção da língua e sensibilidade contida a temáticas melancólicas e comparativas da vida humana à natureza. Talvez tenha sido o primeiro dos românticos brasileiros a utilizar regularmente o alexandrino, de doze e treze sílabas.


quarta-feira, 11 de novembro de 2015


Marcela Ribeiro





Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Maria Valeska Rocha da Silva
Massimo Pinna
Paulo Caldas Neto
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais

Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Eide Justino Costa
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo






Marcela Ribeiro  [07-11-2015]


Edição: Martins, 1971, VOL.2:
da p. 99 : [PDF +- p. 418]  “Ei-la vai: – generoso sacrifício
                                            Mísera Doida a consumar se apressa”[...]
até a p. 101 : [PDF +- p. 420 ]     [...] “– a noite do sonho literário, onde as estrelas são
                                                       as imagens dos poetas.”



Dando continuidade à exposição acerca dos menores do movimento romântico, Antonio Candido apresenta-nos A Nebulosa, de Joaquim Manuel de Macedo, obra poética que ele qualifica como o melhor poema-romance do Romantismo.



No plano geral, o texto materializa-se na representação do amor impossível, tema caro ao Romantismo; nesse caso, tem-se o amor que não se realiza por uma das partes não o desejar, acarretando o suicídio da outra parte: o Trovador ama a Peregrina sem nunca ter sido correspondido e sem receber nem um fio de esperança de um dia o ser. Assim, ao optar pela morte como caminho, topa com a Doida, com quem morre abraçado, num fim poeticamente trágico.



A Doida, mulher-fada, tem raízes no folclore germânico, como também nos parece ter todo o texto, enredo, personagens e espaços em que se desdobra, um ar europeu que descarta a cor local como mote. Como bem pontua Candido, bafeja a fantasmagoria do mundo romântico poucas vezes alcançado pela pena dos poetas brasileiros.



Ao classificar o texto como poema-romance, Candido pontua outro caráter do movimento romântico: o hibridismo de gênero, modernização do poema feita por Byron, criador de versos que rebrilhavam caracteres de romance. Há influência de vários outros representantes do Romantismo europeu no poema de Macedo, como Leopardi, citado por Candido.



Abundam figuras de linguagem antitéticas que dão conta de marcar as oposições entre claro e escuro, céu e mar, fogo e água, que prefiguram a mágica do poema e a fantasia romântica. No entanto, foi legado a esse poema-romance apenas o esquecimento: obteve sucesso à época, porém teve apenas duas edições, a primeira de 1857 e a segunda de 1870. Seu autor ficou principalmente conhecido pelo seu primeiro romance, A Moreninha, que pouco tem em comum com A Nebulosa, mas é mister notar a presença de heroínas que protagonizam as duas obras.


terça-feira, 27 de outubro de 2015

Lígia Mychelle de Melo





Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Maria Valeska Rocha da Silva
Massimo Pinna
Paulo Caldas Neto
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais

Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Eide Justino Costa
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima






Ligia Mychelle de Melo Silva [24-10-2015]


Edição: Martins, 1971, VOL.2:
da p. 97: [PDF +- p. 416]  [subcapítulo 6. Menores “Em torno de Gonçalves Dias podemos dispor alguns poetas que,”[...]
até a p. 99 : [PDF +- p. 418]  [...] “ao modo que apareceria mais tarde no verso encantado de Raimundo Correia.”



Nesse subcapítulo, Candido aborda os poetas que formavam o segundo plano do decênio de 1850. Os poetas desse decênio, os quais eram estudantes de Direito de São Paulo e de Recife, apresentam uma poesia que gira em órbitas mais ou menos afastadas das características de duas das três linhas básicas da nossa poesia romântica: da linha de Gonçalves Dias, que é marcada pelo nacionalismo e pela meditação e da linha de Álvares de Azevedo, marcada pelo drama interior, humor e satanismo.


Ademais, tais poetas têm em comum várias características, como a pieguice, a loquacidade, o automatismo de imagens, a frouxidão do verso, o desleixo da métrica e da gramática, entre outras. Esse conjunto de características é o que permite classificar esses poetas ditos “menores” como uma corrente à parte das outras corentes já conhecidas da poesia romântica, visto que “o triunfo de uma corrente literária tem por companheira inseparável a banalização dos seus padrões”.


Antonio Candido observa que lendo tais obras há a impressão de sermos vítimas de dois tipos de chantagens: a chantagem psicológica, uma vez que eles tentam comover pelo exibicionismo; e a chantagem formal, tendo em vista que eles escondem a deficiência técnica  através do truque fácil do verso cantante.


No ano de 1858, Antonio Joaquim de Macedo Soares organiza uma antologia dos poetas do Norte e do Sul, buscando classificá-los por tendências. Estabeleceu, deste modo, um balanço das tendências predominantes, dentre as quais se destacaram: a descrição da natureza, os costumes regionais, o escravo, o índio e os sentimentos pessoais. A partir, então, dessa antologia, Candido faz uma lista dos que merecem referência, destacando os poetas Aureliano Lessa, Teixeira de Melo, Franklin Dória, Bittencourt Sampaio, Trajano Galvão, Almeida Braga e Sousa Andrade. Dentre os poetas mencionados, Lessa se diferencia dos demais, chegando ao tom de Bernardo Guimarães, descrevendo a natureza e manifestando certo atavismo arcádico, tendo produzido sonetos passáveis e poemas de metro curto, como o poema “Ela”.


Com relação aos demais poetas, Candido observa que apresentam em suas obras as características gerais já mencionadas, praticando o anapesto e o anfíbraco. Além disso, todos cultivavam a musa patriótica. Os poetas Bittencourt Sampaio, Bruno Seabra, Sousa Andrade e Trajano Galvão cantam o negro, lançando, assim, um elemento importante da última linha de poesia romântica, a qual teve Castro Alves como representante principal.




sábado, 10 de outubro de 2015





Laís Rocha de Lima






Lígia Mychelle de Melo
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Maria Valeska Rocha da Silva
Massimo Pinna
Paulo Caldas Neto
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais

Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Eide Justino Costa
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva







Laís Rocha de Lima   [10-10-2015]

Edição: Martins, 1971, VOL.2:
da p. 94: [PDF p. 413] “O entrecho é delineado sem muita clareza: as cenas são longas e     
                                          redundantes;”[...]
até a p. 96 : [PDF p. 416] [final do capítulo] [...] parte inédita teria desaparecido na
                                          tragédia do Ville de Boulogne.
 



Considerado um malogro épico e poético por Antonio Candido, Os Timbiras, de Gonçalves Dias, possuem partes líricas apreciadas por aquele, mas que não eram o foco do escritor, assim interpretadas devido à posição marginal na estrutura.


Um dos trechos mencionados por Candido remete às antíteses utilizadas por Dias, artifício que lembra Victor Hugo.


O pensamento que incessante voa
Vai do som à mudez, da luz às sombras,
E da terra sem flor a céu sem astro.


O autor reforça a não conquista do status de epopeia pela falta de planejamento do todo, sem a narrativa e a clareza necessárias para a finalidade – algo também encontrado em Castro Alves. Ambos perdem as eventuais qualidades na busca pela construção de um épico literário.


Embora destaque a preciosidade lírica nas “brechas largas do mau edifício”, na traição de Gonçalves Dias à vocação real de escrita, há o reconhecimento de algumas cenas no corpo narrativo. As evocações de combate são assemelhadas ao episódio de Ugolino na Divina Comédia; cita-se também a métrica psicológica usada ao narrar o delírio do louco Piaíba, alertando o leitor para a “boa imitação de Basílio da Gama”. Fica ao leitor classificar a relevância do trecho citado – se a boa avaliação se deve à fruição do modelo de Dante Alighieri e Basílio da Gama ou à redução da qualidade dos demais cantos.


No panorama geral, Candido considera outras produções mais ricas (“várias ideias, imagens, movimentos”), averiguando que há uma distinta nutrição entre Os Timbiras e as demais. Essa apreciação provavelmente era compartilhada pelo escritor, já que mesmo nos sete anos seguidos de vida que lhe restavam antes da tragédia no Ville de Boulogne não buscou publicá-la.


sexta-feira, 2 de outubro de 2015




Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva





Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Maria Valeska Rocha da Silva
Massimo Pinna
Paulo Caldas Neto
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais

Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Eide Justino Costa
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães







Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva [26-09-2015]
Edição: Martins, 1971, VOL.2:
da p. 92: [PDF -+-p. 411] “O verso referente ao bogari permanece, mas o seu significado poético”[...]
até a p. 94 : [PDF -+-p. 413]  [...] “confuso, prolixo, inferior ao Caramuru e o Uraguai!”



[título da participante:] GONÇALVES DIAS EM TRÊS MOMENTOS

Filiado à tradição medieval das cantigas de amigo, o poema Leito de Folhas Verdes permanece no foco analítico de Candido. Dessa vez, o crítico destacará dois momentos muito bem demarcados nas estrofes 3 e 8. O elemento da natureza em comum é uma flor que brota do tamarindo, bogari, com significados poéticos diferentes: inicialmente, ela está associada ao anoitecer; depois, ao amanhecer.


Nesse intervalo de tempo, Candido mostra como a tessitura do poema colabora para mostrar o sentimento de fuga: a) as escolhas dos verbos que indicam movimento imprimem no texto a informação de que as horas correm cronologicamente e não há como mudar esse tempo transcorrido; b) as aliterações que cumprem o papel de recurso expressivo demarcam um tempo que tarda para aquele que experimenta o sofrimento/angústia da espera.


Contrastando com o poema Leito de Folhas Verdes, lexicalmente lapidado, a seguir, somos apresentados a um outro lado poético de Gonçalves Dias. Candido mostrará dois exemplos de prosa rimada, trabalhados com simplicidade, em contraponto com o que fora discutido: a peça Amor Delírio – Engano, dos Primeiros Cantos – segundo ele, sem a expressividade vista nas estrofes já comentadas; a peça Desejo, que apresenta trechos poetizados, em virtude dos arranjos lexicais.


Mais adiante, é citada a obra Os timbiras, epopeia brasileira em quatro cantos, que narra a migração dos timbiras para a Amazônia, após serem derrotados pelos gamelas no século XVII. Sobre essa obra, Candido é mais incisivo, destacando um narrador sem um rumo específico, em vista de problemas na estruturação da narrativa que, para ele, nos três primeiros cantos, se mostra dispersiva e que, no quarto e último canto – a chance de dar unidade ao enredo – não há uma resolução narrativa convincente para a tensão instalada no terceiro canto que apresenta a cena da guerra.


A justificativa para essa aparente falta de estrutura acontece quando o crítico revela que Gonçalves Dias pretendia escrever 16 cantos. Assim, entende-se que Caramuru e O Uruguai são superiores à obra Os timbiras por uma razão: o leitor está diante de uma obra inacabada, uma vez que o poeta naufragou em 1864, levando consigo as ideias embrionárias que poderiam ter contribuído para a sagração de sua obra.



sábado, 12 de setembro de 2015





Kalina Naro Guimarães






Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Maria Valeska Rocha da Silva
Massimo Pinna
Paulo Caldas Neto
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais

Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Eide Justino Costa
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas







Kalina Naro Guimarães [12-09-2015]



Edição: Martins, 1971, VOL.2:
da p. 90: [PDF-+-p. 409] “O mais belo é, porém, ‘O Mar’, onde o movimento das vagas      
                                              é afinal ”[...]
até a p. 92 : [PDF-+-p. 411]  [...] “Também meu coração, como estas flores
                                                      Melhor perfume ao pé da noite exala!”



Seguindo na apreciação da obra de Gonçalves Dias, Antonio Candido comenta o poema “O mar”, exemplo exitoso da expressão que alça a natureza à condição de espaço onde a vida interior do sujeito lírico pode ser pressentida e revelada. Conforme o crítico, o mar, inicialmente apresentado por imagens que denotam sua força e fúria, é, afinal, domado pela  morte, lugar que, abrigando o transcendente, reveste o morto de uma força que supera a grandeza das águas. Tais sugestões, como acentua Candido, são poeticamente organizadas por meio de uma plasticidade e musicalidade coerente à representação de mundo construída.

Tal capacidade poética manifesta-se na minoria de sua obra. Nesta, inscreve-se uma obra-prima, “Leito de folhas verdes”, poema que, a partir de detalhes e sugestões do ambiente, materializa a angústia da espera e a decepção da mulher indígena, que aguarda, inutilmente, a presença do amado.  O crítico ressalta a relação entre a aflição da índia e o imperceptível fluir do tempo, no qual se materializa a expectativa que, no final do poema, será frustrada. A passagem da euforia com a possibilidade do encontro amoroso à dor de constatar o abandono, da espera desejada à decepção final, pode ser acompanhada, segundo Candido, pela transformação do quadro natural, que muda com o passar das horas, adquirindo uma feição diferente daquela que foi situada no início do poema.

Na visão de Candido, o poema é composto por duplo movimento: a coerência, no universo poético, entre os detalhes da natureza e a expressão psicológica; e a combinação com o discurso amoroso, integrado à figuração de imagens naturais.

Por fim, é comparado o sentido do termo “folhas”, em três momentos do poema (primeira, segunda e nona estrofes). A partir disso, Candido constata a variação semântica deste termo, concluindo que sua ocorrência acompanha a subjetividade da personagem, revelando-a. Tal movimento pode ser aferido observando outros vocábulos do poema: tamarindo, bogari, flor, exalar. Portanto, a partir da observação da linguagem, do modo como o poeta organiza e nomeia a experiência, Candido nos traz elementos para compreender o universo interior da índia, cujo corpo se faz palpável na expressão gonçalvina.





terça-feira, 1 de setembro de 2015



Juliana Fernandes Ribeiro Dantas








Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Maria Valeska Rocha da Silva
Massimo Pinna
Paulo Caldas Neto
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais

Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Eide Justino Costa
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira









Juliana Fernandes Ribeiro Dantas  [29-08-2015]

Edição: Martins, 1971, VOL.2:
da p. 87: [PDF-+-p. 407] “Outros temas. Esta dualidade é o próprio símbolo de toda a sua obra   – na ”[...]
até a p. 90: [PDF-+-p. 409]  [...] “ quando a queremos como correlativo e sinal da vida interior.”



Refutando as ideias anteriores, percebemos que apesar de o indianismo gonçalvino ter sido muito criticado pela imagem do índio mesclada ao ideal de herói europeu, constatamos por meio das palavras de Antonio Candido que este foi um grande passo para a produção de uma literatura nacional.


A dualidade presente na obra de Gonçalves Dias se apresenta justamente por englobar um aspecto universal e ao mesmo tempo um caráter individual, próprio, peculiar. Os versos gonçalvinos apresentam uma aptidão para o dinamismo, uma articulação poética essencialmente evidente e forte.


Agora, qual sempre usava
Divagava
Em seu pensar embebido;
Tinha no seio uma rosa
Melindrosa,
De verde musgo vestida.


A percepção plástica é evidente no poema “Rosa no mar” (trecho supracitado), mesclam-se a aspectos da natureza e à imagem criada pelo eu poético da donzela descrita, revelando esse caráter romântico que mistura diversas características harmônicas, nas quais são latentes o sentimentalismo, o bucolismo, a figura feminina idealizada, a ingenuidade, que resultam nessa poesia tipicamente romântica brasileira e não limitada apenas a mero reflexo de Portugal, como acreditam alguns.


Antonio Candido deixa claro em sua explanação que em Gonçalves Dias “O que há de neoclássico é fruto de uma impregnação”, ou seja, uma herança cultural enraizada nos poetas brasileiros através das influências naturais portuguesas, mas estas influências não impediram o traço peculiar de apelo nacional por parte dos autores brasileiros, neste caso específico: na poesia de Gonçalves Dias.


Por fim, pensando sobre este aspecto dualístico entre o pessoal e o coletivo, constatamos que Gonçalves Dias mantém as duas vertentes, tratando de uma maneira pessoal questões que são comuns a todos, tal qual o sentimento de solidão que é frequente em seus versos, frequente também de modo geral  no período romântico. Encerramos esta breve explanação com a voz do poeta:

Cantor da solidão, vim assentar-me
Junto ao verde céspede do vale,
E a paz de Deus no mundo me consola.



sábado, 15 de agosto de 2015



Joana Leopoldina de Melo Oliveira






Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Maria Valeska Rocha da Silva
Massimo Pinna
Paulo Caldas Neto
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais

Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Eide Justino Costa
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Jackeline Rebouças Oliveira











Joana Leopoldina de Melo Oliveira [15-08-2015]

Edição: Martins, 1971, VOL.2:
da p. 85: [PDF-+-p. 405] “Para o leitor habituado à tradição europeia, é no efeito poético da surpresa”[...]
até a p. 87 : [PDF-+-p. 407]  [...] “ Afrouxam-se as prisões, a embira cede,
                                                       A custo, sim; mas cede: o estranho é salvo.”




Em continuidade ao segmento anterior, Antonio Candido apresenta agora  a poesia indianista de Gonçalves Dias, I-JUCA PIRAMA. Para ele, o indianismo dos escritores brasileiros, sempre muito criticado pela europeização da figura indígena, “longe de ficar desmerecido pela imprecisão etnográfica, vale justamente pelo caráter convencional; pela possibilidade de enriquecer processos literários europeus com um temário e imagens exóticas, incorporados desse modo à nossa sensibilidade”. Por isso, Candido considera I-JUCA PIRAMA como obra-prima da poesia indianista brasileira –  não por ser mais autêntico do que os índios dos outros poetas, mas por ser mais poético.

A obra de Gonçalves Dias se incorporou ao orgulho nacional e à representação da pátria, assim como o grito do Ipiranga e as cores verde e amarela. Há na obra um deslumbramento que, para Antonio Candido, tem “um poder quase mágico de enfeixar, em admirável malabarismo de ritmos, aqueles sentimentos padronizados que definem a concepção comum de heroísmo e generosidade”. Além disso, o poeta apresenta o lamento do guerreiro, caso único na literatura indianista e que, por ser um recurso inesperado, o crítico considerou excelente, pois rompeu com a tensão monótona da bravura tupi.


O escritor destaca ainda a concepção, o tema e o arcabouço bem romântico da obra, além da configuração plástica e musical que a aproxima do bailado, com cenário, partitura e riquíssima coreografia:

Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo tupi.

Para finalizar, lembra que a importância estética da obra está na variedade de movimentos que integram a sua estrutura.


sábado, 13 de junho de 2015





Jackeline Rebouças Oliveira



Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Maria Valeska Rocha da Silva
Massimo Pinna
Paulo Caldas Neto
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais

Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Eide Justino Costa
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis





Jackeline Rebouças Oliveira [13-06-2015]

Edição: Martins, 1971, VOL.2:
da p. 83: [PDF-+-p. 403] “Mas já nesse tempo, o povo tinha adotado o poeta, repetindo                           
                                              e cantando”[...]
até a p. 85: [PDF-+-p. 405]  [...] “ Nem outras mãos, Jatir, que não as tuas,
                                                           A arasóia na cinta me apertaram”



Na página anterior, Antonio Candido apresenta Gonçalves Dias como o verdadeiro criador da literatura nacional que consolidou o Romantismo pelas qualidades superiores de inspiração e por possuir uma consciência artística acima de seus antecessores. Foi admirado e seguido por diversos poetas e serviu de exemplo para os seus sucessores. Com os Primeiros Cantos o poeta causou uma revolução nacional, “a ponto de todos acordarem ao mesmo tempo, e o autor se ver exaltado muito acima do seu merecimento”, diz Candido.


Essa obra serviu de experiência para os demais escritores que tomaram como referência e aprenderam com ele os padrões do Romantismo. Contudo, no que se refere à poesia nacional, os seus sucessores, apesar de terem dado um grande destaque ao índio, jamais conseguiram dar, como ele,  a mesma dimensão poética em relação ao tema.  A esse respeito, o crítico afirma que o indianismo em Gonçalves Dias vai muito além do modo de ver a natureza em profundidade, pois retrata junto à realidade o sentido heroico da vida.


O indianismo


Esse tópico versa sobre as poesias americanas de Gonçalves Dias. Para Antonio Candido, essas poesias se aproximam do medievalismo coimbrão. Isso se dá porque Gonçalves Dias incorporou em suas poesias temas do passado. O índio tem por modelo o cavaleiro medieval, herói, nobre e guerreiro fiel aos deveres tribais. Por isso, Sextilhas de frei Antão, O soldado espanhol, O trovador, (poemas medievais), possuem uma certa simetria com os Timbiras, i-Juca Pirama, a Canção do Guerreiro, que reduzem o índio aos padrões de cavalaria.


Ainda seguindo essa perspectiva, o crítico destaca que Gonçalves Dias como poeta dá uma visão geral do índio, pois retrata as cenas e feitos de um índio qualquer, não se preocupando em identificá-lo, já que a identidade serve  apenas para dar um padrão. Essa forma de caracterizar o índio o torna bem diferente do que faz o romancista Alencar, que particulariza o seu personagem, criando uma identidade e, por isso, acaba “tornando-o mais próximo à sensibilidade do leitor.”



Não há como negar que a forma peculiar de Gonçalves Dias expressar-se em suas poesias com uma grande riqueza temática e multiplicidade de assuntos fez dele um poeta extraordinário. O prisioneiro de Juca Pirama e o tamoio  da Canção dão um bom exemplo da grandiosidade desse escritor. Apesar de serem ”vazias de personalidade”, a “riqueza simbólica” é  incomparável, por isso, são consagrados na literatura brasileira.


É relevante notar que Gonçalves Dias trouxe para a literatura brasileira muitos temas que servirão de modelos para os demais escritores. Sobre isso, Antonio Candido afirma que o poeta soube incorporar em seus versos o detalhe pitoresco da vida americana sob um ângulo romântico e europeu, onde mistura medievalismo, idealismo e etnografia, tendo como resultado uma  escrita nova, que nos faz sentir os velhos temas da poesia ocidental.



A esse respeito, o crítico cita como exemplo a figura da marabá. Mulher de dois sangues, por ter mãe índia e pai europeu, a marabá, apesar de ter uma beleza incomparável, sofre por ser rejeitada por sua tribo, pois possui característica de uma europeia. Para o crítico, a marabá é um desses “monstros românticos” cuja fatalidade é ficar aquém da plenitude afetiva:


Meus olhos são garços, são cor das safiras,
Têm luz das estrelas, têm meigo brilhar;
Imitam as nuvens de um céu anilado,  
As cores imitam das vagas do mar!

Se algum dos guerreiros não foge a meus passos:
- “Teus olhos são garços”,
Responde enojado, "Mas és Marabá:
“Quero antes uns olhos bem pretos, luzentes,
“Uns olhos fulgentes,
“Bem pretos, retintos, não cor d'anajá!”




Por fim, Antonio Candido analisa uma estrofe do poema o Leito de Folhas Verdes. Segundo o autor, esse poema é uma obra-prima do exótico, pois Gonçalves Dias utiliza o ambiente para expressar um tipo de emoção que na verdade independe do ambiente. É a combinação de detalhes feita na lírica que causa toda a emoção, tanto que uma simples referência à arazoia (tanga de penas) “faz a emoção vibrar numa totalidade desusada, que refresca e torna a mais expressiva a declaração de amor”:


Meus olhos outros olhos nunca viram,
Não sentiram meus lábios outros lábios, 
Nem outras mãos, Jatir, que não as tuas 
A arazóia na cinta me apertaram.