Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosiane Mariano
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais
Adriana Vieira de Sena
Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Bethânia Lima Silva
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Mácio Alves de Medeiros
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro Saraiva
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins [29-06-2019]
Edição: Martins, 1971, VOL.2:
da
p. 257 – no visor da obra em pdf: p. 561: [título]
"2 Transição de Fagundes Varela”[...]
até
a p. 259 – no visor da obra em pdf: p. 563: [...]
"soberano e final de Castro Alves.”
[LIRISMO-SÍNTESE DE FAGUNDES VARELA]
Nesse tópico, continuamos no
desenvolvimento do capítulo “A expansão do lirismo” em que Candido observa os
diversos aspectos da heterogênea lírica romântica que contribuíram,
sobremaneira, com a lírica contemporânea.
Segundo Candido, Fagundes Varela não
teria, a princípio, traços de genialidade, pois retoma algumas fórmulas
(inclusive, no aspecto formal de seus versos e temas) adotados por Gonçalves
Dias, Casimiro de Abreu, Álvares de Azevedo, entre outros. Nesse texto, aponta que a contribuição de
Varela seria mais na transição dos aspectos estéticos do spleen byroniano para
o tom épico social da geração condoreira. No entanto, observa que seria injusto
considerá-lo um poeta menor sem ressaltar a contribuição de uma “equação
pessoal”.
Em outro texto de Candido (Iniciação à Literatura Brasileira), essa
contribuição de Varela se torna mais explícita, pois aponta que o poeta
antecipa a oposição entre o campo e a cidade em seus versos, além de
desenvolver o que Candido denominou de “patriotismo continental” – a
consciência de ser americano e da importância da América. Embora ainda tenhamos
uma forte marca ufanista, é um dos primeiros a apontar a presença da
“escravidão” como um elemento contraditório ao desenvolvimento do continente e
que precisava ser superado.
Já Massaud Moisés é mais ousado: em
sua obra História da Literatura
Brasileira, chega a especificar que “Fagundes Varela é uma espécie de
súmula da nossa poesia romântica: nele se encontra desde o lirismo à Gonçalves
Dias e Casimiro de Abreu até o condoreirismo à Castro Alves, passando pela
poesia religiosa e da natureza, em que foi mestre”. No entanto, aponta (tal como Candido) que não
apresentou êxito em todas as suas composições, refletindo que Varela “às vezes assume cariz de gênio, às vezes se
rebaixa ao nível de mero versejador”. Além
disso, Massaud Moisés aponta que, no lirismo de Varela, temos um
desenvolvimento não-linear (aleatório), tendo a poesia religiosa (ou
metafísica) e da natureza como centrais, enquanto as demais modalidades seriam
“satélites” dessas duas.
Pergunto-me, se essa pecha de “versejador copista” que, por muito tempo
serviu para eclipsar o real valor da lírica de Fagundes Varela não foi
consequência de um determinante estético que outorgava, na época, o valor de um
poeta – pois, no séc. XIX, a qualidade artística estava muito mais relacionada
ao domínio da forma – isso fica claro quando José Veríssimo em sua obra História da Literatura Brasileira aponta
que se preferia mais
a forma, mormente a forma eloquente, oratória, a ênfase, ainda o
“palavrão”, as imagens vistosas, aquelas sobre todas, que por seu exagero, sua
desconformidade, sua materialidade, mais impressionam o nosso espírito, de
nenhum modo ático.
Ainda, nessa mesma obra, Veríssimo
reflete que a “ingenuidade juvenil” do “eu-lírico” desenvolvida inicialmente,
na lírica brasileira, por Fagundes Varela, teria sido uma de suas grandes
contribuições, pois considerava que essa característica seria uma “virtude cardeal
dos maiores poetas anglo-germânicos”.
Assim, percebe-se que, embora Antonio
Candido e Massaud Moises tenham se esforçado em resgatar o valor da lírica de
Fagundes Varela (inclusive, apontando-o como
poeta-síntese da “Lírica Romântica Brasileira”) a má interpretação da crítica
isenta desses autores relegou-o a uma certa “eclipse” da abordagem e análise de
sua obra nos livros didáticos de literatura do Ensino Médio (e,
consequentemente, tornando-o um autor
pouco visto nas aulas de literatura).