sexta-feira, 23 de outubro de 2020

 
 
Adriana Vieira de Sena
 
 
 
 
 
 
 
Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Mácio Alves de Medeiros
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rosiane Mariano
Socorro Guterres de Souza
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais
 
 
 
 
 
 
 
Adriana Vieira de Sena  [24-10-2020]
 
 
Edição: Itatiaia, 2000, VOL.2:
da      p.  pdf do visor: p. 644   :   "4 FORMAÇÃO DO CÂNONE  LITERÁRIO" [...]                    até  a p.  pdf do visor: p. 646  :  [...] "História da Conjuração Mineira."
 
 
 
É sabido que a história perpassa – via elemento temporal – todos os espíritos, inclusive, os literários. Na busca de se compreender a necessidade de um levantamento crítico dos autores, obras e biografias brasileiras, observa-se, literariamente, como é salutar a formação de um cânon literário.
 
O vocábulo “cânone” significa algo “uno e consensual” (MOISES, 2000, p. 340), algo que atravessou o tempo de forma quase inatacável. O romantismo, contribuindo para o não engessamento da crítica presente e futura, usa a expressão crítica experimental (vale-se dos textos como ponto de referência, trazendo à baila reflexões profundas, iluminando, assim, os escombros de uma razão superficial) em contraposição à crítica formal (crítica realizada sem o uso dos textos literários, privilegiando uma visão unilateral do objeto literário).
 
Prezar pela formação de um cânone não é apenas “elaborar uma história literária”, lembra Candido, mas também alicerçar, em termos críticos e historiográficos, uma galeria das origens da herdade literária nacional. No caso brasileiro, figuram nela, de maneira irrecusável, os escritores românticos, tais como: José de Alencar, Gonçalves de Magalhães e Gonçalves Dias  – apenas para citar alguns.
 
A crítica literária brasileira começou incipiente, pois os escritores deixavam-se levar mais pela paixão do que por um labor sistemático (MOISES, 2001, p. 333) das obras de consciência literária. Para tanto, recorriam aos folhetins publicados no Brasil Imperial, como, por exemplo: Revista da Sociedade Fênix Literária, Niterói e Suspiros Poéticos e Saudades. Sobre aquela, é preciso afirmar que:
 
Tendo por lema a epígrafe ‘Tudo pelo Brasil e para o Brasil’, a revista caracterizava-se pelo patriotismo, de que o artigo de Magalhães (‘Ensaio sobre a História da Literatura do Brasil’), saído no primeiro número, pode ser a síntese crítica: repudiando a colonização portuguesa, dispunha-se a mostrar os traços originais da nossa literatura, a partir do tema indianista (MOISES, 2001, p. 328).
 
Muitas outras revistas foram criadas no Brasil de D. Pedro II, como a de Álvares de Azevedo – Revista Mensal do Ensaio Filosófico Paulistano (1852-1864). Mas é nos livros que a crítica e a historiografia brasileiras irão despontar eloquentemente. Alguns autores dessa época são: Adolfo de Varnhagem (Épicos Brasileiros, 1843, Florilégio da Poesia Brasileira, 3 vols., 1850-1853); Francisco Sotero dos Reis (Curso de Literatura Portuguesa e Literatura, 5 vols, 1866-1873); J.C. Fernandes Pinheiro (Curso Elementar de Literatura Nacional, 1862; Resumo de História Literária, 1872; Postilas de Retórica e Poética, 1865). Assim, com edições e reedições, o cânone literário brasileiro foi construído. 
 
O gênero da crítica e da historiografia literárias ganhou espaço devido aos novos ares românticos que atravessaram os mares, tal como o fez a Corte Portuguesa ao vir para o Brasil Colônia em 1808. Todo esse contexto sócio-histórico-econômico faz com que, mais adiante, surja um Joaquim Norberto de Sousa e Silva, lembrado por não deixar cair em esquecimento as memórias e as obras literárias dos árcades brasileiros, como Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antonio Gonzaga, Silva Alvarenga Peixoto e Basílio da Gama. Contribuiu, portanto, para a consolidação de um apurado julgamento estético que levou à construção do cânone, “algo de sagrado e consagrado” (MOISÉS, 2000, p. 341), em defesa mais da palavra “responsabilidade” que da pomposidade que se vê hodiernamente.
 
 
Referências
MOISES, Leyla Perrone-. Inútil Poesia e outros ensaios breves. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. 
MOISES, Massaud.  História da Literatura Brasileira: das origens ao Romantismo. Vol. 1. São Paulo: Cultrix, 2001.