Adriana
Vieira de Sena
Afonso
Henrique Fávero
Antônio
Fernandes de Medeiros Jr
Bethânia
Lima Silva
Edlena
da Silva Pinheiro
Eldio
Pinto da Silva
Francisco
Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio
de Marchis
Érika
Bezerra Cruz de Macedo
Jackeline
Rebouças Oliveira
Joana
Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana
Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina
Naro Guimarães
Kalina
Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís
Rocha de Lima
Mácio
Alves de Medeiros
Manoel
Freire Rodrigues
Marcela
Ribeiro
Marcel
Lúcio Matias Ribeiro
Marcos
Falchero Falleiros
Marcus
Vinicius Mazzari
Maria
Aparecida da Costa
Massimo
Pinna
Peterson
Martins
Rosiane
Mariano
Socorro
Guterres de Souza
Terezinha
Marta de Paula Peres
Thayane
de Araújo Morais
Adriana
Vieira de Sena [24-10-2020]
Edição:
Itatiaia, 2000, VOL.2:
da
p. pdf do visor: p. 644 : "4
FORMAÇÃO DO CÂNONE LITERÁRIO"
[...] até
a p. pdf do visor: p. 646 : [...] "História da
Conjuração Mineira."
É
sabido que a história perpassa – via elemento temporal – todos os espíritos,
inclusive, os literários. Na busca de se compreender a necessidade de um
levantamento crítico dos autores, obras e biografias brasileiras, observa-se,
literariamente, como é salutar a formação de um cânon literário.
O
vocábulo “cânone” significa algo “uno e consensual” (MOISES, 2000, p. 340),
algo que atravessou o tempo de forma quase inatacável. O romantismo,
contribuindo para o não engessamento da crítica presente e futura, usa a
expressão crítica experimental (vale-se dos textos como ponto de referência,
trazendo à baila reflexões profundas, iluminando, assim, os escombros de uma
razão superficial) em contraposição à crítica formal (crítica realizada sem o
uso dos textos literários, privilegiando uma visão unilateral do objeto
literário).
Prezar
pela formação de um cânone não é apenas “elaborar uma história literária”,
lembra Candido, mas também alicerçar, em termos críticos e historiográficos,
uma galeria das origens da herdade literária nacional. No caso brasileiro,
figuram nela, de maneira irrecusável, os escritores românticos, tais como: José
de Alencar, Gonçalves de Magalhães e Gonçalves Dias – apenas para citar alguns.
A
crítica literária brasileira começou incipiente, pois os escritores deixavam-se
levar mais pela paixão do que por um labor sistemático (MOISES, 2001, p. 333)
das obras de consciência literária. Para tanto, recorriam aos folhetins
publicados no Brasil Imperial, como, por exemplo: Revista da Sociedade Fênix
Literária, Niterói e Suspiros Poéticos e Saudades. Sobre aquela, é preciso
afirmar que:
Tendo por lema a epígrafe ‘Tudo pelo Brasil e para o Brasil’, a revista caracterizava-se pelo patriotismo, de que o artigo de Magalhães (‘Ensaio sobre a História da Literatura do Brasil’), saído no primeiro número, pode ser a síntese crítica: repudiando a colonização portuguesa, dispunha-se a mostrar os traços originais da nossa literatura, a partir do tema indianista (MOISES, 2001, p. 328).
Muitas
outras revistas foram criadas no Brasil de D. Pedro II, como a de Álvares de
Azevedo – Revista Mensal do Ensaio
Filosófico Paulistano (1852-1864). Mas é nos livros que a crítica e a
historiografia brasileiras irão despontar eloquentemente. Alguns autores dessa
época são: Adolfo de Varnhagem (Épicos
Brasileiros, 1843, Florilégio da Poesia Brasileira, 3 vols., 1850-1853);
Francisco Sotero dos Reis (Curso de Literatura Portuguesa e Literatura, 5 vols,
1866-1873); J.C. Fernandes Pinheiro (Curso Elementar de Literatura Nacional,
1862; Resumo de História Literária, 1872; Postilas de Retórica e Poética,
1865). Assim, com edições e reedições, o cânone literário brasileiro foi
construído.
O
gênero da crítica e da historiografia literárias ganhou espaço devido aos novos
ares românticos que atravessaram os mares, tal como o fez a Corte Portuguesa ao
vir para o Brasil Colônia em 1808. Todo esse contexto sócio-histórico-econômico
faz com que, mais adiante, surja um Joaquim Norberto de Sousa e Silva, lembrado
por não deixar cair em esquecimento as memórias e as obras literárias dos
árcades brasileiros, como Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antonio Gonzaga, Silva
Alvarenga Peixoto e Basílio da Gama. Contribuiu, portanto, para a consolidação
de um apurado julgamento estético que levou à construção do cânone, “algo de
sagrado e consagrado” (MOISÉS, 2000, p. 341), em defesa mais da palavra
“responsabilidade” que da pomposidade que se vê hodiernamente.
Referências
MOISES,
Leyla Perrone-. Inútil Poesia e outros
ensaios breves. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
MOISES,
Massaud. História da Literatura
Brasileira: das origens ao Romantismo. Vol. 1. São Paulo: Cultrix, 2001.