sábado, 1 de novembro de 2008

Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Kalina Naro Guimarães
Ligia Mychelle de Melo Silva
Mácio Alves de Medeiros
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Massimo Pinna
Peterson Martins
Renan Marques Liparotti
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Aldinida Medeiros Souza
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara
Carmela Carolina Alves de Carvalho
Cássia de Fátima Matos dos Santos
Edlena da Silva Pinheiro
JOANA LEOPOLDINA DE MELO OLIVEIRA – [01-11-2008]


Editora Martins, 1971:
DE: p.46: Capítulo 2 - Razão e imitação
"Não esqueçamos que a idéia-força do Arcadismo português (de..."
A : p.49: "...da poética franco-italiana e intelectualismo mitigado pela fantasia."

No começo do Capítulo 2 – Razão e imitação - Antonio Candido inicia suas reflexões sobre o primeiro conceito-chave desse período. Fala para não esquecermos que a idéia-força do Arcadismo português foi polêmica porque tratava de opor e, por isso, foi um movimento eminentemente crítico. Como conseqüência, prezou-se na poesia alguns valores que eram atribuídos à prosa como ordinários: clareza, ordem lógica, simplicidade e adequação ao pensamento. Segundo Candido, esta reconquista da naturalidade dá feições clássicas ao período, pois é ligada a uma estética em que a palavra deve exprimir a ordem natural do mundo e do espírito.

Antonio Candido fala que o Arcadismo em Portugal integra um movimento amplo de renovação cultural e que homens como Verney e Ribeiro Sanches queriam introduzir na pátria o novo espírito filosófico, impregnado das orientações do racionalismo e pós-racionalismo anglo-francês. Na literatura defendiam uma poesia lógica, sem artifícios nem surpresas marcantes.


A literatura francesa precisava de um movimento exatamente oposto ao racionalismo estético. Já em outras partes, como na Itália e Portugal, esse movimento (que o autor chama de dieta magra) vinha corrigir os excessos de um século destemperado, que criou produtos excelentes, mas depois descaiu na orgia verbal. Por isso, os árcades se empenhavam nas duas penínsulas em retomar o decoro e a dignidade da expressão à prosa.


Estas idéias são o ponto de referência da teoria literária do século XVIII em quase toda a Europa. Embora fosse conhecida em Portugal nos fins do século XVII e início do XVIII, só ganham força em meados do século XVIII com o movimento da Ilustração, comandado por Verney.


Verney


Antonio Candido agora abre um subitem para falar de Verney. No seu livro Verdadeiro Método de Estudar, Verney se encontra muito próximo dos teóricos franceses posteriores a Boileau, que despoetizaram ao máximo a teoria poética, mas alguns deles também insistiram no gosto como critério de apreciação. Extremado racionalista, para ele poetar dependia de conhecer as normas da poesia e quando alguém as abandona e confia na inspiração, desanda.


Verney, como homem do seu tempo, também aceita o progresso na literatura e entende que os contemporâneos estavam mais aparelhados para escrever bem, graças à superação dos antecessores pela assimilação do seu exemplo. Enquanto essencialmente pedagogo, a poesia só lhe interessa como instrumento e exercício mental. Repudiava nela os aspectos mais livres e pessoais, para guardar os que se enquadrassem no preceito didático.


Chegou a criticar o próprio Camões, culpando-o de preciosismo nos sonetos e nos Lusíadas, dizendo sentir lacunas de instrução que enfraquecem a poesia. (Isso é brincadeira, né?!!). Por isso, Candido anota o supremo pedantismo deste homem, assim como o do século que ele exprime, cujo racionalismo tendia a um utilitarismo didático que é a própria negação da arte. Mas o nosso autor não deixa de ver nas reflexões antipoéticas de Verney um elemento justo e fecundo, pois repudiava a mania versejante do tempo, reservando o exercício do verso às vocações verdadeiras, dos que fossem capazes de escrever com lógica, naturalidade e modernidade.


Cândido Lusitano


Noutro subitem o autor fala sobre Cândido Lusitano, pseudônimo árcade usado por Francisco José Freire. Ele reequilibra a situação, defendendo que a poesia não visava o puro deleite, mas que, como as demais produções do espírito, era útil ao progresso moral. No seu livro Arte Poética, empreenderá uma conceituação mais ampla que redignifica a poesia, inserindo-a, simultaneamente, nas aspirações do tempo e na tradição clássica. Candido afirma que o seu tratado pode ser considerado pedra fundamental da poesia arcádica portuguesa, pelo seu caráter de superação do cultismo, a imitação da poética franco-italiana e o intelectualismo suavizado pela fantasia.

domingo, 26 de outubro de 2008

Edlena da Silva Pinheiro
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Kalina Naro Guimarães
Ligia Mychelle de Melo Silva
Mácio Alves de Medeiros
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Massimo Pinna
Peterson Martins
Renan Marques Liparotti
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Aldinida Medeiros Souza
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara
Carmela Carolina Alves de Carvalho
Cássia de Fátima Matos dos Santos
Edlena da Silva Pinheiro – [25-10-2008]



Editora Hucitec, 1997:
DE: p. 38: "Ainda mais sério é o caso da influência poder assumir sentidos..."
[ainda no item 6 - Conceitos, segunda página]
A: p. 45: "... três grandes conceitos-chave mencionados: razão, natureza, verdade."
[ já entramos aqui no capítulo I, o item I, Traços gerais, inteiro, até o final]

6 - Conceitos, segunda página
Continuando com o conceito de influência, Antonio Candido explica que ela deve ser estudada de acordo com as várias formas que pode exercer numa obra. Ela pode ser apenas uma transferência que não foi trabalhada no texto e que para a crítica deve ter um valor secundário. Porém, pode ser de tal forma incorporada que passa a ser um elemento próprio e independente no texto atual, deixando de ser mero empréstimo. Nesse caso, não convém ser analisada como influência, ao contrário, deve ser vista como parte importante de um conjunto.

Esses conceitos servem para mostrar a sua base crítica no livro, que consiste em interpretar as produções literárias, buscando as coerências interna (de uma obra) e externa (de uma fase, grupo ou corrente). O termo coerência refere-se à integração de um conjunto de fatores (meio, vida, idéias, temas, imagens etc.), formando uma diretriz tomada pelo escritor, cabendo ao crítico a tentativa de descobrir e explicar essa combinação, ou seja, essa fórmula.

Com relação ao autor, a coêrencia é vista através da “personalidade literária”, que não é o perfil psicológico e pessoal, mas são as marcas afetivas, intelectuais e morais que decorrem da análise da obra, e que podem ter correspondência ou não com a vida do escritor. Em relação à fase, a coerência se manifesta através da sintonia e complementariedade entre as obras, originando o estilo. Antonio Candido, então, lembra que por isso não foi rigoroso com as determinações históricas, mas preferiu a análise temporal, sintetizando as condições de interdependência entre as obras literárias.

O crítico ainda salienta que a coerência em parte pode ser inventada pelo crítico, pois de acordo com suas preferências pessoais de intuição e investigação pode salientar um outro eixo explicativo. Daí, então, a possibilidade de vários percursos críticos - se a obra é verdadeiramente grande. Sendo assim, cada geração percebe de um modo um autor, como, por exemplo, em nossa literatura existem tantos textos críticos sobre Guimarães Rosa, Machado de Assis, Graciliano Ramos etc., que não esgotam a análise de suas obras.


Essa parte conclui que a crítica, em busca da coerência, percorre um caminho pleno de escolhas, pois sendo o texto literário múltiplo em significados, é necessário definir um percurso em que se pode relevar características e deixar outras de lado. Assim, num período, o crítico escolhe os autores que vê como mais representativos, nesses autores as obras mais significativas e que se enquadram ao seu ponto de vista e também os temas que prefere ressaltar.


Capítulo 1- Razão, natureza, verdade
1- Traços gerais

Na primeira parte do primeiro capítulo, Candido afirma que as manifestações literárias no Brasil adquirem forma de sistema através de três correntes de pensamento: Neoclassicismo, Ilustração, Arcadismo. A união dessas formas marca o período e o crítico explica que utilizará os três termos quando ressaltar determinado aspecto e que Arcadismo será o mais usado, ficando subentendido que se refere ao conjunto.

O termo Neoclassicismo pode ser utilizado em nossa literatura, pois o movimento da Arcádia Lusitana, influenciada pelas idéias de Verney, tinha por objetivo combater o Barroco e restabelecer padrões clássicos na literatura, através da imitação dos textos gregos e romanos. Antonio Candido prefere o termo Ilustração para evitar confusão com o Iluminismo místico, entendendo-se Ilustração por um conjunto de idéias do século XVIII, de origem inglesa e francesa, como exaltação da natureza, divulgação do saber, confiança no governo de possibilitar o bem comum. Também engloba as idéias filosóficas de racionalismo e empirismo e, além disso, na literatura apresenta as tendências didática e ética.

Já o termo Arcadismo é influência dos italianos que utilizavam as Arcádias, agremiações literárias contra o maneirismo. Esse termo designa melhor as características de renovação do período e engloba os outros dois aspectos, se não for limitado apenas a representação da vida pastoral. Antonio Candido afirma que um período com textos como os de Silva Alvarenga, com influência do maneirismo, não pode ser chamado Neoclássico, daí a preferência para o Arcadismo.

O século XVIII ficou desarticulado de sua tradição nos estudos literários modernos devido à revalorização do Barroco e suas reminiscências do maneirismo, deixando o aspecto clássico em segundo plano. Também devido ao conceito de pré-romantismo que realçou as origens da literatura do século XIX. Além disso, a falta de grandes nomes não deu a devida relevância ao seu estudo e que Antonio Candido propõe dar-lhe no livro.

De um modo geral, a fórmula representativa do período seria: Arcadismo = Classicismo francês + herança greco-latina + tendências setecentistas. Apesar de variar em cada país, de uma forma geral correspondem ao culto da sensibilidade, ao racionalismo e ao interesse por problemas sociais. Assim, de acordo com os estudos tradicionais, a literatura seria uma expressão racional da natureza para manifestar a verdade. A partir disso, o crítico tomará como ponto de partida os conceitos-chave razão, natureza e verdade, para continuar a investigação desse período.