Eldio
Pinto da Silva
Francisco
Roberto Papaterra Limongi Mariutti
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Kalina
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Antônio
Fernandes de Medeiros Jr
Bethânia
Lima Silva
Edlena
da Silva Pinheiro
Eldio
Pinto da Silva [06-03-2021]
Edição: Itatiaia, 2000, VOL.2:
da p. pdf do visor: p. 655 : “Alencar e Távora ” [...]
até a p. pdf do visor: p. 657 :
[...] " lamentava."
Alencar e Távora
Com
a publicação do poema A confederação dos
Tamoios, de Gonçalves de Magalhães, 1856, viu-se o início de um momento
polêmico e importante no Romantismo, principalmente por incentivo de Dom Pedro
II. O poema teve o custeio do império e serviu como representação da
“literatura oficial”. Eis que daí José de Alencar expressa sua concepção de
literatura e expõe sua posição sobre as correntes nacionalistas. Segundo
Candido, José de Alencar, sob o pseudônimo de Ig, escreve artigos severos contra
Magalhães, com críticas que: “Procuram aumentar os defeitos secundários,
deformam a intenção do poema, manifestam certa estreiteza no apelo a velhas
regras poéticas para comprimir a liberdade criadora”.
As
críticas de Alencar levaram outros poetas à defesa de Gonçalves de Magalhães. Entre
eles, Porto Alegre, usando o pseudônimo “Um amigo do poeta”, e Monte Alverne,
este a pedido de Dom Pedro II, passaram a fazer artigos com a exaltação do
poema de Magalhães, além do próprio imperador, que, num evento possivelmente
inédito na história, publicou seis artigos sob o pseudônimo “Outro amigo do
poeta”, com argumentações consistentes e elegantes que, como qualifica Candido,
“honram o seu amor às letras e estão à altura da boa crítica brasileira do
tempo”.
Entretanto,
o “Ig”, Alencar, não ficou sozinho nas críticas, conforme lembra o crítico: “Um
tal de ‘Ômega’, de maior calibre que os outros, feriu de cheio uma nota
importante ao denunciar o grupo de elogio mútuo chefiado por Magalhães”.
Candido relembra que a polêmica culminou com a decadência do Indianismo no
decênio de 1860 e, sobre o nível de interesse que ainda possa ter, observa:
“Para a história literária, pesadas bem as razões, interessa hoje sobretudo
pela participação de Alencar e a importância que tem para compreender a sua
teoria literária, e o desenvolvimento posterior da obra”.
A
crítica ao poema de Magalhães apresentava como argumento que a realização era
inferior à magnitude do objeto, já que a natureza brasileira, a que Magalhães
dedicou seu fervor, “deveria dar lugar a rasgos sublimes” – “os índios possuíam
uma poesia elevada, que o poeta moderno dever saber interpretar com vigor e
beleza”. E Magalhães não conseguiu, como se devia, exprimir com sagacidade o
Brasil. Magalhães falhou na caracterização dos índios, não ressaltou as
tradições, nem descreveu os lances heroicos, sendo incapaz de elaborar uma
grande epopeia, pois lhe faltou inspiração.
Para
Candido, A confederação dos Tamoios
gerou uma polêmica que serviu de estímulo ao Alencar indianista e à efetivação
de suas concepções e de seu projeto: “É impressionante, no caso, verificar a
fidelidade com que realizou n’O guarani (1857), n’Os filhos de Tupã (1863),
em Iracema (1865) e Ubirajara (1874) o programa traçado nas Cartas”[Ig, Cartas sobre a Confederação dos Tamoios].
Candido
observa que, por um lado, Saint-Pierre e Chateubriand “apontavam para a prosa
poética”; por outro, “a tradição de nosso Indianismo apontava para o verso”.
Alencar uniu as duas coisas, como se vê nos resultados: “no romance d’O guarani, o indianismo em escala mais
moderada, misturando heroísmo, sentimentalismo e realidade histórica; n’Os filhos de Tupã,”- “a epopeia em
grande escala, agigantando os feitos e a natureza, numa réplica minuciosa à Confederação.” Em suas Cartas, O próprio Alencar “diz que o empreendeu
para atender ao apelo que fizera, na Carta
final, em prol do poema indianista cuja ausência lamentava”.