sábado, 6 de março de 2021

 


Eldio Pinto da Silva
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Mácio Alves de Medeiros
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rosiane Mariano
Socorro Guterres de Souza
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais
 
Adriana Vieira de Sena
Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
Edlena da Silva Pinheiro
 
 
 
 
 
 
 
Eldio Pinto da Silva [06-03-2021]
 
 
Edição: Itatiaia, 2000, VOL.2:
da      p.  pdf do visor: p. 655   :  “Alencar e Távora ” [...]
até  a p.  pdf do visor: p. 657   :  [...] " lamentava."
 
 

Alencar e Távora  
 
Com a publicação do poema A confederação dos Tamoios, de Gonçalves de Magalhães, 1856, viu-se o início de um momento polêmico e importante no Romantismo, principalmente por incentivo de Dom Pedro II. O poema teve o custeio do império e serviu como representação da “literatura oficial”. Eis que daí José de Alencar expressa sua concepção de literatura e expõe sua posição sobre as correntes nacionalistas. Segundo Candido, José de Alencar, sob o pseudônimo de Ig, escreve artigos severos contra Magalhães, com críticas que: “Procuram aumentar os defeitos secundários, deformam a intenção do poema, manifestam certa estreiteza no apelo a velhas regras poéticas para comprimir a liberdade criadora”.
 
 
As críticas de Alencar levaram outros poetas à defesa de Gonçalves de Magalhães. Entre eles, Porto Alegre, usando o pseudônimo “Um amigo do poeta”, e Monte Alverne, este a pedido de Dom Pedro II, passaram a fazer artigos com a exaltação do poema de Magalhães, além do próprio imperador, que, num evento possivelmente inédito na história, publicou seis artigos sob o pseudônimo “Outro amigo do poeta”, com argumentações consistentes e elegantes que, como qualifica Candido, “honram o seu amor às letras e estão à altura da boa crítica brasileira do tempo”.
 
 
Entretanto, o “Ig”, Alencar, não ficou sozinho nas críticas, conforme lembra o crítico: “Um tal de ‘Ômega’, de maior calibre que os outros, feriu de cheio uma nota importante ao denunciar o grupo de elogio mútuo chefiado por Magalhães”. Candido relembra que a polêmica culminou com a decadência do Indianismo no decênio de 1860 e, sobre o nível de interesse que ainda possa ter, observa: “Para a história literária, pesadas bem as razões, interessa hoje sobretudo pela participação de Alencar e a importância que tem para compreender a sua teoria literária, e o desenvolvimento posterior da obra”.
 
 
A crítica ao poema de Magalhães apresentava como argumento que a realização era inferior à magnitude do objeto, já que a natureza brasileira, a que Magalhães dedicou seu fervor, “deveria dar lugar a rasgos sublimes” – “os índios possuíam uma poesia elevada, que o poeta moderno dever saber interpretar com vigor e beleza”. E Magalhães não conseguiu, como se devia, exprimir com sagacidade o Brasil. Magalhães falhou na caracterização dos índios, não ressaltou as tradições, nem descreveu os lances heroicos, sendo incapaz de elaborar uma grande epopeia, pois lhe faltou inspiração.
 
 
Para Candido, A confederação dos Tamoios gerou uma polêmica que serviu de estímulo ao Alencar indianista e à efetivação de suas concepções e de seu projeto: “É impressionante, no caso, verificar a fidelidade com que realizou n’O guarani (1857), n’Os filhos de Tupã (1863), em Iracema (1865) e Ubirajara (1874) o programa traçado nas Cartas”[Ig, Cartas sobre a Confederação dos Tamoios].
 
 
Candido observa que, por um lado, Saint-Pierre e Chateubriand “apontavam para a prosa poética”; por outro, “a tradição de nosso Indianismo apontava para o verso”. Alencar uniu as duas coisas, como se vê nos resultados: “no romance d’O guarani, o indianismo em escala mais moderada, misturando heroísmo, sentimentalismo e realidade histórica; n’Os filhos de Tupã,”- “a epopeia em grande escala, agigantando os feitos e a natureza, numa réplica minuciosa à Confederação.” Em suas Cartas, O próprio Alencar “diz que o empreendeu para atender ao apelo que fizera, na Carta final, em prol do poema indianista cuja ausência lamentava”.