domingo, 20 de maio de 2012




Rosanne Bezerra de Araujo




Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Terezinha Marta de Paula Peres
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Andreia Maria Braz da Silva
Andrey Pereira de Oliveira
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara
Bethânia Lima Silva
Cássia de Fátima Matos
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Edlena da Silva Pinheiro
Eide Justino Costa
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Paiva
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa Gonçalves Ferreira
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Mona Lisa Bezerra Teixeira
Peterson Martins
Rochele Kalini




Rosanne Bezerra de Araujo [19-5-2012]


Edição: Martins, 1971:   
da p. 254:  “A sua verdadeira medida é revelada nas dez Cartas de Pítia a Damião”[...]

até a p. 256:
[...] “absolutos  do império, indomável às forças externas (...)” (9a. Carta, 395).“


[Frei Caneca: uma lição de ética]
Frei Caneca tornou-se um ícone da luta pela liberdade e igualdade entre os homens. Inspirado pelos ideais da Revolução Francesa, Caneca encontrava-se em oposição à centralização do poder – a monarquia. Através de críticas nos jornais Sentinela da Liberdade e Tifis Pernambucano combateu contra as ideias do imperador. Tais jornais denunciavam o autoritarismo e convocavam a população a agir.


Frei Joaquim do Amor Divino levava a alcunha de Caneca por querer honrar a origem humilde sua e de seu pai. Vendedor de “canecas” pelas ruas do Recife, o garoto mal conhecia o futuro que o aguardava. A educação recebida no Seminário o tornou um intelectual preocupado com as injustiças e a opressão de um regime ditador, fazendo-o por em ação suas ideias liberais, defendendo seus ideais por um mundo claro e justo.


Conhecido como "escritor de papéis incendiários", Caneca foi condenado à forca, mas terminou sendo fuzilado, pois os carrascos se negavam a enforcá-lo. Como bem afirma Antonio Candido, Caneca “soube morrer com dignidade tranquila”.


A maestria de sua escrita revela ideias claras e firmes, isentas de ambiguidade ou dúvida. Para o frei, a “neutralidade” era considerada a pior conduta, como está dito na Carta 299. Era preciso assumir uma posição, um caráter e uma moral diante dos problemas e nunca silenciar diante deles. Assim, a neutralidade e a omissão são consideradas os piores elementos da sociedade. Nas palavras do frei, “nada se encontra mais pernicioso na sociedade do que o homem sem caráter”. É preciso escapar da volubilidade e superficialidade e manter-se coerente nas suas atitudes.


O amor por Pernambuco, o amor por suas filhas e toda a sua paixão pela vida e pela liberdade estão registrados nas Cartas que escreveu enquanto cumpria os quatro anos de prisão na Bahia.


A figura de Caneca permanece como um exemplo de anticonformismo, empenhado em transformar a realidade ao seu redor. Sua extrema curiosidade em relação ao mundo e sua abertura para o confronto mostraram que ele não era um intelectual fechado em si, mas sim voltado para as coisas que o cercavam. Situação diversa ocorre na nossa época atual, em que as pessoas ao invés de buscarem respostas e se solidarizarem com a situação do outro preferem o isolamento, permanecendo fechadas em si. Nesse sentido, a maior barbárie de nossa época é a alienação, a recusa de se engajar nos conflitos e problemas que nos cercam.


A lição de Frei Caneca é a de abertura para o mundo e a insatisfação com os problemas. O frei viveu em constante busca de uma nova forma de pensar e agir no mundo, com o desejo de melhorar a existência de cada um de nós.