sábado, 28 de setembro de 2019




Adriana Vieira de Sena









Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Mácio Alves de Medeiros
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro Saraiva
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rosiane Mariano
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais





Adriana Vieira de Sena [28-09-2019]



Edição: Itatiaia, 2000, VOL.2:
da      p.  no visor da obra em pdf: p. 573:  "Esta embriaguez verbal"[...]
até  a p. no visor da obra em pdf: p. 575 :  [...]“tributo cobrado pela oratória”.



[O descompasso poético em alguns versos de Castro Alves]

Antonio Candido faz críticas severas aos poetas brasileiros que descambam para o excesso do uso verbal. Em busca de mais métrica e rima, ou seja, de formalismos, os poetas – entre eles, o poeta romântico Castro Alves, se valem de determinadas expressões apostas como forma de agradar os ouvidos. É o que o crítico vai chamar de “embriaguez verbal”. Tal fenômeno ocorre a fim de gerar um poder excepcional de comunicabilidade, mas alguns poetas erram ao forçar métricas e rimas descabidas para o gênero de poesia, que seriam mais adequadas a paródias como esta:


Óh jardins de Capuleto,
Robespierre, Danton...
A Polinésia é um coreto
Onde o mar toca piston.


Assim, o que nos deveria inebriar resvala para o mau gosto poético. Dessa forma, Antonio Candido aponta os elementos negativos de tal oratória, tais como: hipérboles aos montes e verbalismos sem nexo, que o crítico literário qualifica como “semibestialógico”. Trata-se de crítica a um discurso sem nexo, desatento para a unidade do texto poético, para a construção de figuras de linguagem que pudessem levar o ouvinte e/ou leitor a um arroubo traduzido pela conexão entre forma e conteúdo.


Assim, o abuso de apostos e a superposição de imagens farão com que Castro Alves desabe na qualidade estética em alguns momentos de sua obra. Isso é perceptível, por exemplo, no poema “Tragédias no lar”, quando expõe o drama de uma escrava ao saber que seu filho será vendido. O excesso faz com que o poema fique sem beleza, impedindo que o leitor alcance o efeito de inebriamento tão desejado pelo poeta.