Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Mácio Alves de Medeiros
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro Saraiva
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rosiane Mariano
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais
Adriana Vieira de Sena
Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Bethânia Lima Silva
Edlena da Silva Pinheiro [23-11-2019]
Edição: Itatiaia, 2000, VOL.2:
da p. pdf do
visor: p. 586: [início de capítulo] "4. A morte da águia"[...]
até a p. pdf do visor: p. 588 :
[...]“discernimento poético”.
A morte
da águia
Na parte 4 do capítulo VI - A expansão do lirismo, Antonio Candido nos prepara para o início de
um final, ou seja, as últimas manifestações do Romantismo através de alguns
poetas, durante o decênio de 1870. Esse fim iminente está no fato de que a
poesia assumiu uma tendência marcada de exposição de ideias e argumentação, com
temáticas sociais e científicas, cujo percurso Sílvio Romero, um deles, nomeou como
o dos “coveiros do Romantismo”.
Assim, suas ideias modernas, naturalistas, evolucionistas,
republicanas e socialistas ensejam uma batalha às ideias românticas, na qual
Candido observa uma perversão ou hipertrofia dos valores normais, chegando a
considerá-los “condoreiros atrasados”,
já que sua poesia se reduzira a uma continuação exacerbada da retórica humanitária
e revolucionária - um processo iniciado já na terceira fase romântica. Sendo
assim, declarando-se antirromântica e contrária
a qualquer ideologia espiritualista, essa nova poesia, que representa
uma fase de declínio, é situada pelo crítico no contexto de uma geração
poeticamente perdida, visto que seus autores, contrários a uma ideia, não contrapropuseram
a ela uma definição realmente concreta.
Alguns poetas se superaram e alcançaram
plasticidade de expressão, como Luís Delfino e Múcio Teixeira, enquanto outros
continuaram o percurso poético remanescente, ignorando as tendências do próprio
tempo. Dentre eles, o crítico aponta Sílvio Romero, Martins Júnior, Matias
Carvalho e Lúcio Mendonça. O primeiro, considerado o fundador do
“cientificismo”, deixa em sua poesia, entretanto, a marca de um acentuado ponto
de vista pessoal e lírico, que Candido considera um romantismo sem grandes novidades e até mesmo grotesco.
Por outro lado, o caráter de poesia social e política,
característico da 3ª. fase do Romantismo, continuará presente nos decênios de
70 e 80. Poetas como Lúcio Mendonça, Matias Carvalho e Martins Júnior são
evidentemente inspirados no humanitarismo e na indignação política dos poetas
Pedro Luís , Castro Alves e Guerra Junqueiro, porém com uma eloquência muito mais
exaltada. Como exemplo, o crítico apresenta a poesia de Matias Carvalho, “A
linha reta”, que agride duramente a monarquia de Pedro II, com apologia ao
terrorismo anarquista e à reação popular. Outro exemplo significativo é o poema
“Imposto do Vintém”, no qual o autor
chama ladrões aos ministros e sugere inclusive que os levem à guilhotina.
As fantasias de Castro Alves, como em “Bandido
Negro”, parecem floreios frente ao modo direto e impetuoso do “destemido e simpático”
Matias Carvalho, que apela à força do “machado” e aos métodos niilistas. Candido
finaliza suas considerações classificando-o como um péssimo poeta, pois, sem
discernimento poético não apresenta sentido além do próprio fluxo verbal e se
perde na incoerência de uma oratória limitada.