sexta-feira, 30 de agosto de 2019



Terezinha Marta de Paula Peres






Thayane de Araújo Morais

Adriana Vieira de Sena
Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Mácio Alves de Medeiros
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro Saraiva
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rosiane Mariano





Terezinha Marta de Paula Peres [31-08-2019]



Edição: Martins, 1971, VOL.2:
da      p. 265 – no visor da obra em pdf: p. 568:  “Além do lirismo bucólico, Varela" [...]
até  a p. 267– no visor da obra em pdf: p. 570 :  [...]“o drama que pretendeu traçar”. [final do capítulo]






Beber, poetar, vaguear e desvairar-se. Teria Fagundes Varela confirmado a “impressão” mencionada por Antonio Candido no início do capítulo “Transição de Fagundes Varela”? Mereceria Varela ser menosprezado pelo modo como buscou inspiração para compor sua obra?


Seu valor artístico revela-se pela influência recebida de nomes como Casimiro de Abreu, Gonçalves Dias, Álvares de Azevedo, entre outros, porém, carregado de uma característica literária única que lhe confere uma voz que o difere de seus predecessores e dos demais, desde seu surgimento, por volta de 1860, até os dias atuais.


Obras como Noturnos (1861), Vozes da América (1864), Contos e fantasias (1865), entre outras, marcam sua vocação poética que atingira o ápice no verso branco do Cântico do Calvário (1863), considerado por Antonio Candido como “uma das mais puras emoções da nossa literatura”, por irradiar o “milagre poético”, ao demonstrar a superação de Varela na evocação da dor humana em versos que unem pai e poeta pela morte, dando a esta a inexplicável leveza da poesia, como se a literatura acolhesse as dores do homem e a estas concedesse “a leveza como reação ao peso de viver” – (observação que antecipa as de Italo Calvino em Seis propostas para o próximo milênio, de 1988).


O surgimento do “idílio campestre” traz a natureza como aquela que acolhe o poeta que, em versos, mostra sua difícil relação com a norma social “encarnada nas relações da vida urbana”. Terra e poeta se encantam, se mesclam e, da união homem natureza, acontece o reencontro com a poesia religiosa, como um reflexo do retorno a si mesmo.


Retornar a si mesmo implica olhar-se e reconhecer-se frágil, de espírito abatido, acompanhado a um sentimento de falência e, como se jogado ao acaso, sem horizonte, buscasse apoio na poesia, como forma de reencontrar-se. Daí o surgimento de O evangelho nas selvas “como longo esforço para preservar-se, afirmando a própria dignidade”.


O novo trabalho não traz o “milagre poético” de Cântico do Calvário. Antonio Candido o descreve como “um poema monótono e sem interesse, desprovido de fibra criadora”, seguido da obra derradeira, O diário de Lázaro, ambas sem a impressão da “alta poesia”. Aquela, marcada por “uma linda descrição da natureza”, esta, pelo “verso prosaico” mesclado a uma ausência de “variedade psicológica” que sinaliza o “drama que pretendeu traçar”.