domingo, 4 de abril de 2021

 

Encerramento das leituras:

As anotações de leitura de Formação da literatura brasileira apresentadas neste espaço podem ser consultadas apenas como indicação, nem sempre precisa, de algumas linhas gerais da obra. Pretendem, assim, funcionar como um índice remissivo que necessariamente encaminhe o leitor para a clareza, o detalhamento e a riqueza de reflexões do original.

 

 

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"O que se deve exigir do escritor, antes de tudo, é certo sentimento íntimo, que o torne homem do seu tempo e do seu país, ainda quando trate de assuntos remotos no tempo e no espaço."

                                        Machado de Assis, Instinto de nacionalidade

 

 

Essas palavras de Machado de Assis

 

 

"são adequadas, portanto, para encerrar este livro, onde se procurou justamente descrever o processo por meio do qual os brasileiros tomaram consciência da sua existência espiritual e social através da literatura, combinando de modo vário os valores universais com a realidade local e, desta maneira, ganhando o direito de exprimir o seu sonho, a sua dor, o seu júbilo, a sua modesta visão das coisas e do semelhante.”

                                  Antonio Candido, Formação da literatura brasileira

 

 
Jackeline Rebouças Oliveira
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Mácio Alves de Medeiros
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rosiane Mariano
Socorro Guterres de Souza
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais
 
Adriana Vieira de Sena
Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Érika Bezerra Cruz de Macedo
 
 
 
 
 
 
 
Jackeline Rebouças Oliveira [03-04-2021]
 
 
Edição: Itatiaia, 2000, VOL.2:
da      p.  pdf do visor: p. 659   :  “É interessante notar” [...]
até  a p.  pdf do visor: p. 661   :  [...] " e do semelhante. "
 
As Cartas de Távora
 
Candido observa que, nas cartas de Távora, os argumentos são semelhantes aos que “Ig”, Alencar, usou para criticar Magalhães. Do mesmo modo como Alencar fizera com Magalhães, Távora acusa o escritor por não ter cumprido o programa a que se propusera, já que seus romances fogem da realidade nacional. Ou seja, segundo Távora, Alencar não recorre plenamente à realidade brasileira. Nos artigos que escreve sobre Iracema, Távora acusa Alencar de ter abusado da imaginação, tendo incorrido em diversos erros históricos, em fantasias sintáticas e impropriedades etnográficas. Para Távora, Alencar trai a realidade cultural por não ter observado as regiões e os tipos humanos, não sendo, portanto, fiel à visão tradicional de romance da época. Como Alencar também fez com Magalhães, Franklin Távora critica o cearense apoiando-se em autores... estrangeiros, norte-americanos, como Cooper e outros, para propor que se faça uma ficção sem trair a realidade.
 
                  
Segundo Candido, foram os ataques feitos a Alencar o gatilho que o motivou a refletir sobre o sentido da própria obra, e, a partir daí, procurou soluções para não ficar restrito ao valor nacional. Assim, no prefácio a Sonhos d’Ouro, Alencar reconhece que a literatura pitoresca, mesmo sendo a mais característica das condições locais, não é uma única via. Candido nos mostra que nesse prefácio o escritor reafirma que uma obra literária já é em grande parte posterior à experiência e à forma que integram a literatura nacional. Assim, Candido constata que Alencar não traíra o verdadeiro sentido de sua tarefa, mesmo quando, nos seus primórdios, a praticara sem consciência nítida.
 
 
No prefácio a Sonhos d’Ouro, nota-se que Alencar reconhece a importância das pesquisas do romance, que, liberto do pitoresco, traz à tona o humano social e psicológico. Para ele, trata-se de trazer para as obras o aspecto humano que nos toca de perto e nos envolve com sua sensibilidade e com seus problemas. Em consonância com essa concepção, Candido afirma que o escritor deve “descrever e analisar vários aspectos de uma sociedade, no tempo, e no espaço, exprimindo a sua luta pela autodefinição nacional”. Assim, nesse ponto já avançado de sua obra, José de Alencar define três modalidades de tema no romance brasileiro, que correspondem a três momentos de evolução social: a vida do primitivo, a sociedade contemporânea e a vida tradicional das zonas rurais.
 
 
Argumentando a favor de Alencar e possivelmente por decorrência de seu prefácio de 1872, Machado de Assis escreve em 1873 o artigo “Instinto de Nacionalidade”, onde aponta o desenvolvimento do tema de Alencar e a superação de suas concepções em artigos anteriores. Assim, Machado de Assis defende que o escritor deve se embasar nos assuntos da própria terra, mas não no sentido de uma norma literal, pois isso empobreceria a literatura: “O que se deve exigir do escritor, antes de tudo, é certo sentimento íntimo, que o torne homem do seu tempo e do seu país, ainda quando trate de assuntos remotos no tempo e no espaço”.
 
 

Por fim, Antonio Candido aponta que as palavras de Machado de Assis exprimem um ponto de maturidade da crítica romântica: a consciência real que o romantismo adquiriu do seu significado histórico. São, portanto, palavras adequadas para encerrar Formação da literatura brasileira, uma vez que o objetivo desta obra foi descrever o processo por meio do qual os brasileiros tomaram consciência da sua existência espiritual e social. Desse modo, foi combinando os valores universais com a realidade local que esses escritores ganharam o direito de exprimir o seu sonho, a sua dor, o seu júbilo, a sua modesta visão das coisas e do semelhante.

quinta-feira, 25 de março de 2021

 

 
 
Érika Bezerra Cruz de Macedo
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Mácio Alves de Medeiros
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rosiane Mariano
Socorro Guterres de Souza
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais
 
Adriana Vieira de Sena
Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
 
 
 
 
 
 
 
Érika Bezerra Cruz de Macedo  [20-03-2021]
 
 
substituída por Marcos Falchero Falleiros
Edição: Itatiaia, 2000, VOL.2:
da      p.  pdf do visor: p. 657   :  “O instinto e a consciência ” [...]
até  a p.  pdf do visor: p. 659   :  [...] " e nisto é bem romântico. "




Consequentemente, como vimos acima, com o inacabado Os filhos de Tupã, fica abandonada a réplica que Alencar pretendia apresentar como correção às falhas de Confederação dos Tamoios, de Gonçalves de Magalhães. Assim, o gesto confessava implicitamente sua incapacidade para a poesia épica ao mesmo tempo que afirmava com Iracema sua vocação para a prosa poética, obra em que o traço heroico é suavizado pelo encanto sentimental. Alencar alcançou mais plenamente seu objetivo em Ubirajara, que cumpriu seu projeto abandonado em 1863. Mas afinal precisou de quatro obras para preencher as lacunas que apontara em Confederação dos Tamoios.
 
 
Ganhou a parada com O guarani, quando finalmente alcançou o estilo plástico que preconizara nas Cartas. Mas, como romântico, não deixou de sentir sempre a insuficiência desbotada das palavras frente à exuberância da natureza, ainda que sua força artística não fraquejasse na disposição de luta para dar conta da beleza inexprimível da terra e da gente rude.
 
 
Entretanto, chegou a sua vez de ser cobrado. Vivendo no Rio, José Feliciano de Castilho, quando atacava o Alencar político através de seu jornal Questões do Dia, aproveitava a deixa para dar botes no literato. O jovem pernambucano Frânklin Távora auxilou-o – o que lhe franqueou as páginas daquele decoroso jornal para atacar seu mestre. Suas Cartas a Cincinato, assinadas por “Semprônio”, armaram a polêmica de várias “cartas”, a que Alencar deu trela com respostas cheias de azedume.
 
 
Sílvio Romero, entretanto, mesmo sendo amigo de Távora, denunciava a cabala financiada pelo governo contra “o maior escritor brasileiro da época”. Mas, para nosso contexto, o aspecto literário é mais importante que o ético: a atualidade de Távora está nas posições que tomou contra certo tipo de literatura, preparando, assim, como pioneiro na reivindicação da observação documentária, o fim do romantismo. Sem recusar a imaginação, mantém-se nos ideais românticos, porém acusa em O gaúcho o artificialismo e a falta de fidelidade de representações típicas do homem de gabinete que escreve sobre o que não conhece. Távora preconiza a mistura do real com o belo inventado e lamenta, na obra daquele que fora seu mestre, exageros grosseiros como a bofetada de Diva, a posta do pé defeituoso de A pata da gazela, a cretinice exacerbada de certas cenas em Til.
 
 
 
 

 

sábado, 6 de março de 2021

 


Eldio Pinto da Silva
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Mácio Alves de Medeiros
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rosiane Mariano
Socorro Guterres de Souza
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais
 
Adriana Vieira de Sena
Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
Edlena da Silva Pinheiro
 
 
 
 
 
 
 
Eldio Pinto da Silva [06-03-2021]
 
 
Edição: Itatiaia, 2000, VOL.2:
da      p.  pdf do visor: p. 655   :  “Alencar e Távora ” [...]
até  a p.  pdf do visor: p. 657   :  [...] " lamentava."
 
 

Alencar e Távora  
 
Com a publicação do poema A confederação dos Tamoios, de Gonçalves de Magalhães, 1856, viu-se o início de um momento polêmico e importante no Romantismo, principalmente por incentivo de Dom Pedro II. O poema teve o custeio do império e serviu como representação da “literatura oficial”. Eis que daí José de Alencar expressa sua concepção de literatura e expõe sua posição sobre as correntes nacionalistas. Segundo Candido, José de Alencar, sob o pseudônimo de Ig, escreve artigos severos contra Magalhães, com críticas que: “Procuram aumentar os defeitos secundários, deformam a intenção do poema, manifestam certa estreiteza no apelo a velhas regras poéticas para comprimir a liberdade criadora”.
 
 
As críticas de Alencar levaram outros poetas à defesa de Gonçalves de Magalhães. Entre eles, Porto Alegre, usando o pseudônimo “Um amigo do poeta”, e Monte Alverne, este a pedido de Dom Pedro II, passaram a fazer artigos com a exaltação do poema de Magalhães, além do próprio imperador, que, num evento possivelmente inédito na história, publicou seis artigos sob o pseudônimo “Outro amigo do poeta”, com argumentações consistentes e elegantes que, como qualifica Candido, “honram o seu amor às letras e estão à altura da boa crítica brasileira do tempo”.
 
 
Entretanto, o “Ig”, Alencar, não ficou sozinho nas críticas, conforme lembra o crítico: “Um tal de ‘Ômega’, de maior calibre que os outros, feriu de cheio uma nota importante ao denunciar o grupo de elogio mútuo chefiado por Magalhães”. Candido relembra que a polêmica culminou com a decadência do Indianismo no decênio de 1860 e, sobre o nível de interesse que ainda possa ter, observa: “Para a história literária, pesadas bem as razões, interessa hoje sobretudo pela participação de Alencar e a importância que tem para compreender a sua teoria literária, e o desenvolvimento posterior da obra”.
 
 
A crítica ao poema de Magalhães apresentava como argumento que a realização era inferior à magnitude do objeto, já que a natureza brasileira, a que Magalhães dedicou seu fervor, “deveria dar lugar a rasgos sublimes” – “os índios possuíam uma poesia elevada, que o poeta moderno dever saber interpretar com vigor e beleza”. E Magalhães não conseguiu, como se devia, exprimir com sagacidade o Brasil. Magalhães falhou na caracterização dos índios, não ressaltou as tradições, nem descreveu os lances heroicos, sendo incapaz de elaborar uma grande epopeia, pois lhe faltou inspiração.
 
 
Para Candido, A confederação dos Tamoios gerou uma polêmica que serviu de estímulo ao Alencar indianista e à efetivação de suas concepções e de seu projeto: “É impressionante, no caso, verificar a fidelidade com que realizou n’O guarani (1857), n’Os filhos de Tupã (1863), em Iracema (1865) e Ubirajara (1874) o programa traçado nas Cartas”[Ig, Cartas sobre a Confederação dos Tamoios].
 
 
Candido observa que, por um lado, Saint-Pierre e Chateubriand “apontavam para a prosa poética”; por outro, “a tradição de nosso Indianismo apontava para o verso”. Alencar uniu as duas coisas, como se vê nos resultados: “no romance d’O guarani, o indianismo em escala mais moderada, misturando heroísmo, sentimentalismo e realidade histórica; n’Os filhos de Tupã,”- “a epopeia em grande escala, agigantando os feitos e a natureza, numa réplica minuciosa à Confederação.” Em suas Cartas, O próprio Alencar “diz que o empreendeu para atender ao apelo que fizera, na Carta final, em prol do poema indianista cuja ausência lamentava”.

 


segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

 

 
Edlena da Silva Pinheiro
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Eldio Pinto da Silva
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Mácio Alves de Medeiros
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rosiane Mariano
Socorro Guterres de Souza
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais
 
Adriana Vieira de Sena
Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
 
 
 
 
 
 
Edlena da Silva Pinheiro [19-12-2020]
 
 
Edição: Itatiaia, 2000, VOL.2:
da      p.  pdf do visor: p. 653  :     “Como vemos” [...]
até  a p.  pdf do visor: p. 655  :  [...] " contrastes que a animam."
 
 
Para Álvares de Azevedo as imagens são sempre relacionadas a situações concretas descritas no texto, ou seja, o poeta estabelece dois aspectos necessários à integridade do conceito – uma realidade mais subjetiva e, outra, uma realidade exterior.  Assim, numa concepção flutuante, o belo se alterna e depende da natureza das imagens ou das emoções experimentadas. É uma experiência de ânsia de beleza total que supera limites e conveniências, porque uma obra pode ser moral ou imoral, mas o importante é que seja bela, pois a finalidade da poesia é a beleza.
 
 
Candido analisa o estudo crítico de Álvares de Azevedo sobre “Jacques Rolla” , de Musset, em que Azevedo é o único brasileiro claramente unido à teoria dos contrastes, pois todo o estudo se desenvolve nesse plano, devassidão e pureza do personagem, fé e descrença, tradição e mudança a partir da metáfora inicial das duas faces da medalha.  Nesse estudo aparecem as qualidades e os defeitos de Álvares de Azevedo como crítico, uma vez que sua análise é descritiva, com longas transcrições. O seu método é o da comparação, apostos, antíteses, aproximações e digressões. Candido vê qualidade no texto de Azevedo, embora observe que tudo vá meio jogado de cambulhada.
 
 
Assim, o ensaio é a definição de poesia romântica, como estudo do poeta romântico psicologicamente dividido e moralmente contraditório. O texto  tem de tudo um pouco, partindo do  tema central à análise do poema, e isso resulta num ensaio rico, capaz de evidenciar a capacidade crítica de Azevedo e confirmar o seu pensamento essencialmente romântico. Situando o conceito da beleza na fusão dos diferentes aspectos da realidade, exprime as contradições do mundo, onde cabe ao artista, de acordo com a sua complexidade interior, relacionar os contrastes que motivam a sua obra.

 


sábado, 5 de dezembro de 2020

 
 
Bethânia Lima Silva
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Mácio Alves de Medeiros
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rosiane Mariano
Socorro Guterres de Souza
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais
 
Adriana Vieira de Sena
Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
 
 
 
 
 
 
Bethânia Lima Silva  [05-12-2020]
 
 
Edição: Itatiaia, 2000, VOL.2:
da      p.  pdf do visor: p. 651  : [título] "5. A crítica viva”[...]
até  a p.  pdf do visor: p. 653  :  [...] " ‘nós a mais bela’ (pág.423)."
 
 
O capítulo 5, com o título “A crítica viva”, tem início com o destaque para o nome de Macedo Soares, crítico que realizou uma análise literária mais exigente, mas que logo desviou seu olhar apurado para o Direito. Mesmo apaixonado pelo nacionalismo literário, ele soube avaliar os rumos poéticos da produção nacional, algo que conseguiu ser observado nos estudos em que dedicou a Bernardo Guimarães e Junqueira Freire.  
 
 
Outra referência foi Dutra e Melo, mesmo com apenas dois trabalhos. Ele demonstrou simpatia ao romance histórico, lamentando não o ver produzido aqui, mas rendeu elogios ao “ameno realismo de Macedo”.Entre seus trabalhos está o ensaio “A Moreninha, de Macedo”. Esta obra serviu a Sílvio Romero como uma importante referência para o seu História da Literatura. Para Dutra e Melo, A Moreninha era um começo, uma “linha central da nossa ficção romântica”. Segundo Candido, “poucas vezes se veria em nossa literatura compreensão tão imediata, no plano crítico, do significado de uma obra para o desenvolvimento do gênero a que pertence”.  
 
 
Um outro crítico citado no capítulo foi o Junqueira Freire, que, no prefácio a Inspirações do Claustro, soube apresentar com discernimento um problema da estética romântica, a poesia sustentada nos valores da palavra, para uma outra que tenta explorar aos limites as potencialidades musicais. Era considerado um crítico em potencial e possuía trabalhos secundários, como: Eloquência Nacional.   
 
 
Álvares de Azevedo também é lembrado por seus ensaios “Jacques Rolla” e “Literatura e civilização em Portugal”. O poeta ainda escreveu “Lucano”, “Carta sobre a atualidade do teatro entre nós”, entre outros, expressando, assim, seu pensamento crítico e trabalhando bastante a concepção e o conceito do belo – com foco nas características da natureza, da beleza poética e de sua intensidade. O belo é tido como algo distinto entre uma beleza mais doce e meiga e uma beleza mais sublime. É, segundo pondera, a intensidade das emoções que ajuda a construir e diferenciar essa ideia para o “belo”. Conforme Candido, “num plano recessivo e inexpressivo da consciência crítica de Álvares de Azevedo, sentimos que a classificação depende por vezes do nível de apreensão: sensação (belo material); emoção (belo sentimental); representação (belo ideal)”. 

 


sábado, 21 de novembro de 2020

 
 
 
 
 
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bethânia Lima Silva
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Mácio Alves de Medeiros
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rosiane Mariano
Socorro Guterres de Souza
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais
 
Adriana Vieira de Sena
Afonso Henrique Fávero
 
 
 
 
 
 
Antônio Fernandes de Medeiros Jr   [21-11-2020]
 
 
Edição: Itatiaia, 2000, VOL.2:
da      p.  pdf do visor: p. 648   : [subtítulo] " A história literária  " [...]
até  a p.  pdf do visor: p. 650  :  [...] " lhe tem sido dado." [final do capítulo]
 
 
 
A sequência final, ‘A história literária’, desdobra a atividade crítica, mantém o rigor avaliativo da obra como um todo, específico neste capítulo ‘Formação do cânon literário’. Para tanto, enumera e qualifica dois predecessores de Sílvio Romero, anteriormente destacado por “esforço de meio século que tornou possível a sua ‘História da Literatura Brasileira’, no decênio de 1880”.
 
 
O primeiro deles, Fernando Pinheiro, autor de “O curso elementar de literatura nacional” (1862) e de “Resumo de história literária (prefácio datado de 1872)”. Em relação ao texto de 1862, Antonio Candido destaca a percepção de Wilson Martins para quem é livro pioneiro “(...) a primeira obra de brasileiro sobre o conjunto de nossa história literária”.
 
 
De maneira ampla, Antonio Candido considera o conjunto destas obras, o de 1862 e de 1872, “livros didáticos muito banais”, especialmente, “com pouco senso histórico”, embora identifique mérito de ser “o louvável esforço de sistematizar uma realidade contemporânea”, no Brasil, “(única reputada independente da de Portugal)”.
 
 
O segundo predecessor de Sílvio Romero – “o mais considerável empreendimento no gênero, antes de Sílvio Romero “ – é o trabalho de Sotero dos Reis, autor de o ‘Curso de literatura brasileira e portuguesa (1866-1873)”, agrupamento formado por cinco volumes, os três primeiros dedicados à literatura portuguesa e os demais à brasileira.
 
 
Antonio Candido avalia como significativo o fato de Sotero dos Reis se associar à visão moderna de Bonald, para quem “a literatura é a expressão de sociedade”, compressão distendida “a chave teórica do livro” de Sotero dos Reis: literatura “é a expressão do belo por meio da palavra escrita”.
 
 
O método de trabalho adotado parte do geral em demanda do particular:  “uma apreciação geral, apoiada na indicação do momento histórico, passa à exposição da vida, para chegar finalmente às obras, classificadas por gêneros e largamente exemplificadas” etapas que antecedem “entremeadas ou seguidas da análise, que se reduz as mais das vezes a chamar a atenção para a beleza, justeza, habilidade”.
 
 
Por fim, Antonio Candido pondera a respeito “do tom convencional, pouca originalidade e mediania que vai de página a página” do livro, entretanto, que é obra importante entre nós, “o primeiro livro coerente e pensado de história literária” e seu autor digno de maior valor “do que lhe tem sido dado”.
 
 
 

 

sábado, 7 de novembro de 2020

 

Afonso Henrique Fávero
 
 
 
 
 
 
 
 
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Mácio Alves de Medeiros
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rosiane Mariano
Socorro Guterres de Souza
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais
Adriana Vieira de Sena
 
 
 
 
 
 
Afonso Henrique Fávero  [07-11-2020]
 
 
Edição: Itatiaia, 2000, VOL.2:
da      p.  pdf do visor: p. 646   :   " Só estes dois  " [...]                                                                               
até  a p.  pdf do visor: p. 648  :  [...] " Joaquim Manuel de Macedo."
 
 
 
Os dois beneméritos a que Candido se refere são Varnhagen e Joaquim Norberto, que impulsionaram com suas obras a construção de nosso cânon (Norberto, inclusive, é visto como precursor de Sílvio Romero). O primeiro com mais erudição, o segundo com mais verve crítica, levaram eles os estudos literários a novo patamar pela capacidade em superar “a fase da antologia-texto”, divulgando em escala bem maior o conjunto de obras de figuras literárias importantes, constituindo assim “um corpus pela publicação de textos”.
 
 
Sendo naquele período as biografias essenciais para a construção da história literária, note-se no subcapítulo “A investigação biográfica” o humor fino com que Candido comenta os exageros de estudiosos que, no anseio de elevar a vida de nossos escritores, apelam à imaginação sem pregas. Isto é feito em três passagens com a utilização das reticências (e utilizadas somente nelas, como que a sinalizar tais arroubos pitorescos). Um exemplo: Joaquim Norberto fora designado pelo Instituto Histórico a reconhecer os restos mortais de Sousa Caldas em meio a várias ossadas no Convento de Santo Antônio (RJ). E pediu auxílio a Araújo Porto Alegre, partidário da frenologia (uma pseudociência, na verdade; acreditava ser o tamanho do crânio proporcional à inteligência), que “andou medindo e comparando para localizar, pelas bossas do gênio, o crânio ilustre...”
 
 
A propósito de pesquisas como essa, é preciso considerar que vivemos numa época, digamos, mais amena. Nossa tarefa é ir somente a bibliotecas, arquivos, centros de estudos etc. para elaborarmos nossos artigos, dissertações e teses...
 
 
Por fim, com vistas à formação do cânon, temos no período obras que tratam, em forma de “galeria”, de homens ilustres do passado cultural e literário. Em ordem crescente de valor: Antônio Joaquim de Melo, com Biografias de Alguns Poetas e Homens Ilustres da Província de Pernambuco; J. M. Pereira da Silva, com Plutarco Brasileiro, depois refundido em Varões Ilustres do Brasil durante os Tempos Coloniais; e Panteon Maranhense, de Antônio Henriques Leal.  
 
 
 

 


sexta-feira, 23 de outubro de 2020

 
 
Adriana Vieira de Sena
 
 
 
 
 
 
 
Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Mácio Alves de Medeiros
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rosiane Mariano
Socorro Guterres de Souza
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais
 
 
 
 
 
 
 
Adriana Vieira de Sena  [24-10-2020]
 
 
Edição: Itatiaia, 2000, VOL.2:
da      p.  pdf do visor: p. 644   :   "4 FORMAÇÃO DO CÂNONE  LITERÁRIO" [...]                    até  a p.  pdf do visor: p. 646  :  [...] "História da Conjuração Mineira."
 
 
 
É sabido que a história perpassa – via elemento temporal – todos os espíritos, inclusive, os literários. Na busca de se compreender a necessidade de um levantamento crítico dos autores, obras e biografias brasileiras, observa-se, literariamente, como é salutar a formação de um cânon literário.
 
O vocábulo “cânone” significa algo “uno e consensual” (MOISES, 2000, p. 340), algo que atravessou o tempo de forma quase inatacável. O romantismo, contribuindo para o não engessamento da crítica presente e futura, usa a expressão crítica experimental (vale-se dos textos como ponto de referência, trazendo à baila reflexões profundas, iluminando, assim, os escombros de uma razão superficial) em contraposição à crítica formal (crítica realizada sem o uso dos textos literários, privilegiando uma visão unilateral do objeto literário).
 
Prezar pela formação de um cânone não é apenas “elaborar uma história literária”, lembra Candido, mas também alicerçar, em termos críticos e historiográficos, uma galeria das origens da herdade literária nacional. No caso brasileiro, figuram nela, de maneira irrecusável, os escritores românticos, tais como: José de Alencar, Gonçalves de Magalhães e Gonçalves Dias  – apenas para citar alguns.
 
A crítica literária brasileira começou incipiente, pois os escritores deixavam-se levar mais pela paixão do que por um labor sistemático (MOISES, 2001, p. 333) das obras de consciência literária. Para tanto, recorriam aos folhetins publicados no Brasil Imperial, como, por exemplo: Revista da Sociedade Fênix Literária, Niterói e Suspiros Poéticos e Saudades. Sobre aquela, é preciso afirmar que:
 
Tendo por lema a epígrafe ‘Tudo pelo Brasil e para o Brasil’, a revista caracterizava-se pelo patriotismo, de que o artigo de Magalhães (‘Ensaio sobre a História da Literatura do Brasil’), saído no primeiro número, pode ser a síntese crítica: repudiando a colonização portuguesa, dispunha-se a mostrar os traços originais da nossa literatura, a partir do tema indianista (MOISES, 2001, p. 328).
 
Muitas outras revistas foram criadas no Brasil de D. Pedro II, como a de Álvares de Azevedo – Revista Mensal do Ensaio Filosófico Paulistano (1852-1864). Mas é nos livros que a crítica e a historiografia brasileiras irão despontar eloquentemente. Alguns autores dessa época são: Adolfo de Varnhagem (Épicos Brasileiros, 1843, Florilégio da Poesia Brasileira, 3 vols., 1850-1853); Francisco Sotero dos Reis (Curso de Literatura Portuguesa e Literatura, 5 vols, 1866-1873); J.C. Fernandes Pinheiro (Curso Elementar de Literatura Nacional, 1862; Resumo de História Literária, 1872; Postilas de Retórica e Poética, 1865). Assim, com edições e reedições, o cânone literário brasileiro foi construído. 
 
O gênero da crítica e da historiografia literárias ganhou espaço devido aos novos ares românticos que atravessaram os mares, tal como o fez a Corte Portuguesa ao vir para o Brasil Colônia em 1808. Todo esse contexto sócio-histórico-econômico faz com que, mais adiante, surja um Joaquim Norberto de Sousa e Silva, lembrado por não deixar cair em esquecimento as memórias e as obras literárias dos árcades brasileiros, como Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antonio Gonzaga, Silva Alvarenga Peixoto e Basílio da Gama. Contribuiu, portanto, para a consolidação de um apurado julgamento estético que levou à construção do cânone, “algo de sagrado e consagrado” (MOISÉS, 2000, p. 341), em defesa mais da palavra “responsabilidade” que da pomposidade que se vê hodiernamente.
 
 
Referências
MOISES, Leyla Perrone-. Inútil Poesia e outros ensaios breves. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. 
MOISES, Massaud.  História da Literatura Brasileira: das origens ao Romantismo. Vol. 1. São Paulo: Cultrix, 2001.