sexta-feira, 7 de agosto de 2020




Socorro Guterres de Souza      
 
 
 
 
 
 
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rosiane Mariano
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais
 
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Giorgio de Marchis
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Laís Rocha de Lima
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Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
 
 
 
 

Socorro Guterres de Souza [08-08-2020]

 

 

Edição: Itatiaia, 2000, VOL.2:

da      p.  pdf do visor: p. 629   :  " Note-se que aparece aí" [...]

até  a p.  pdf do visor: p. 633   :  [...]  " deformações clássicas...  ".

 

 

 

Candido observa que, “embora sob o ângulo restritivo do Indianismo”, é neste período em estudo que aparece a primeira indicação completa dos elementos do ‘nacionalismo’, fundado não só no pitoresco e na religião, mas também nas crenças e costumes, dando espaço a uma literatura popular ancorada no ‘espírito do povo’ e na descrição dos seus tipos de vida e concepções.

 

Ressalta ainda que Porto-Alegre, crítico e historiador de arte, considerava a necessidade de cautela em relação às divagações sobre a poesia dos nossos índios, desencorajando, com isto, “os eventuais Macphersons”, possivelmente com o objetivo de “pôr certo cobro ao Indianismo de homens como Gavet e Boucher”.

 

Segundo Candido, é Pereira da Silva quem estabelece a distinção entre poesia dos índios e poesia sobre os índios, ainda que aceite o tema indianista: “o índio utilizado pelo homem culto como objeto de arte”. O tema nacional “era uma espécie de dever patriótico; não cultivá-lo, gerava no escritor um senso de traição que angustiava a consciência”. Desse modo, prossegue Candido, “na genealogia literária com que os românticos desejavam justificar a sua empresa e dar dignidade às nossas letras eram sempre destacados três escritores – Santa Rita Durão, Basílio da Gama e Sousa Caldas, clássicos no espírito e na fama, mas, em razão de seus temas, próximos dos românticos, “como irmãos mais velhos”.

 

Pondera ainda que Joaquim Norberto e Santiago Nunes Ribeiro vieram reforçar a teoria inicial do nacionalismo literário. Joaquim Norberto “assinala a capacidade poética dos índios e chega a considerá-los iniciadores de nossa literatura”. Ao tratar do Indianismo, Norberto “dá balanço nos aspectos políticos da cultura tupi, reputando-a tão capaz de inspirar os poetas quanto a medieval, em que se perdia a imaginação dos românticos”.  Segundo Candido, tal teoria representava

 

Um povo heroico que merece ser cantado, cuja coragem, aniquilada pelos europeus, fora pelos europeus admirada, e que talvez com ela tivesse submetido os povos que o conquistaram, se seus antigos ódios não ostentassem a junção de tanto milhar de tribos, que poderiam como um muro de bronze opor enérgica resistência à escravidão europeia.

 

Textos como esses, de acordo com Candido, refletem aspectos extremos do nacionalismo romântico, cujo ideal seria um Brasil desenvolvido pela evolução própria dos povos primitivos, “sem colonização portuguesa” – o que forneceria rico acervo de tradições e poesias heroicas, autenticamente brasileiras, “livre das deformações clássicas...”.