sábado, 30 de maio de 2009

Afonso Henrique Fávero



Aldinida Medeiros Souza
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara
Carmela Carolina Alves de Carvalho
Cássia de Fátima Matos dos Santos
Edlena da Silva Pinheiro
Edônio Alves Nascimento
Eldio Pinto da Silva
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Kalina Naro Guimarães
Ligia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Orlando Brandão Meza Ucella
Peterson Martins
Renan Marques Liparotti
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Valeska Limeira Azevedo Gomes







Afonso Henrique Fávero [30-5-2009]


Edusp/Itatiaia, 1975:
de p. 101: " Convém notar que em certos poemas pouco citados, e aliás pouco numerosos, os
quatro "romances", "...
até p. 105: ... "Terás a glória de ter dado o berço
A quem te fez girar pelo universo."



Antonio Candido, após lembrar à página 93 que nos sonetos é que se encontra o nível mais alto da poesia de Cláudio Manuel, refere um tipo de produção considerado por ele, Candido, como também elevado. Trata-se de uma simplicidade alcançada pela aproximação em tom erudito ao plano da poesia popular tradicional, por meio do cantante verso, na métrica e no ritmo, que é a redondilha (“influência visível dos processos métricos caros aos espanhóis”, p. 101).


Em seguida aborda outra modalidade praticada pelo poeta, agora em decassílabos (necessidade de expansão discursiva, por certo), voltada para o teor encomiástico, num propósito de elogiar figuras cujas biografias pautaram-se por valores como “a Virtude, a Justiça, a Pátria”. Assim é com Gomes Freire, o 1° Conde de Bobadela, título instituído pelo rei de Portugal na segunda metade do século XVIII. Mas esse tipo de obra que em geral descamba para o puxa-saquismo inócuo, em Cláudio repousava menos nas personagens que nos valores aludidos e que elas representavam de modo exemplar. E é com base em tais valores que o futuro inconfidente embute em seu poema uma investida contra a iníqua relação entre colônia e metrópole, longe do equilíbrio racional que deveria marcar toda ordenação de governo.


“Vila Rica”. Poema construído num misto de imaginação e documentação, em que se evidenciam – pelo próprio poeta – os limites de uma e outra esfera. Ou seja, o leitor é informado em “ensaio prévio” e em “notas explicativas” a respeito do que seja invenção ou fato histórico. Perguntar não ofende: tal postura não seria um dos aspectos responsáveis pela má figura da obra? Penso, por exemplo, em Infância, do Graciliano, cuja mescla indistinta entre ficção e confissão é algo que confere beleza ao relato. O sergipano João Ribeiro apontou as influências de peso recebidas por Cláudio, temática e estrutural, de Voltaire e Basílio da Gama. Nem assim!