Jackeline
Rebouças Oliveira
Joana
Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana
Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina
Naro Guimarães
Kalina
Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha
de Lima
Manoel
Freire Rodrigues
Marcela
Ribeiro
Marcel Lúcio
Matias Ribeiro Saraiva
Marcos
Falchero Falleiros
Marcus
Vinicius Mazzari
Maria
Aparecida da Costa
Maria do
Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo
Pinna
Peterson
Martins
Rochele
Kalini
Rosiane
Mariano
Terezinha
Marta de Paula Peres
Adriana
Vieira de Sena
Afonso
Henrique Fávero
Antônio
Fernandes de Medeiros Jr
Bethânia
Lima Silva
Edlena da
Silva Pinheiro
Eldio
Pinto da Silva
Francisco
Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de
Marchis
Érika
Bezerra Cruz de Macedo
Jackeline
Rebouças Oliveira [27-10-2018]
Edição:
Martins, 1971, VOL.2:
da p.
230 – no visor p. PDF: p. 539: [subtítulo]
"Desarmonias"
até a p.
232 – no visor p. PDF: p. 540 [...] "nosso pequeno
Balzac."
Desarmonias
Partindo da perspectiva esboçada pela
colega anterior, percebe-se claramente que durante o romantismo no Brasil havia
uma preocupação dos escritores em retratar a realidade nacional brasileira.
Essa atitude é decorrente de o romantismo promover uma grande mudança na forma
de pensar e no campo estético, ou seja, romper com a tendência anterior,
criando uma literatura diferente da neoclássica. Tanto que do ponto de vista
estético, destaca-se uma oposição ao estilo neoclássico, com o apego às
expressões mais pessoais, naturais e subjetivas, além de valorizar o popular e
o nacional. No Brasil, o Romantismo surge como uma manifestação artística que
tinha uma necessidade de valorizar a pátria, exaltando os valores essenciais da
cultura brasileira. José de Alencar se destaca, porque, em sua vasta produção
ficcional, procurou aliar os conceitos de ordem nacional com o
universalismo. E um dos aspectos mais
significativos na intriga romanesca de Alencar – e fácil de notar – , é a
presença das desarmonias ou contrastes, que é o choque entre o bem e o mal.
Dentre muitos exemplos destacados por Antonio Candido sobre a presença
de desarmonias nos romances de Alencar, podemos ver que em o Guarani a desarmonia se dá a partir do comportamento
perverso de Loredano, pois sem esse comportamento não haveria drama. O mesmo
acontece nas Minas de prata, onde o
drama gira em torno das atitudes do padre Gusmão. Em Lucíola, por sua vez, Antonio
Candido esclarece que a luxúria do velho Couto e a prática do vício mudam o comportamento
da moça. Já em Diva há uma luta
interior da moça, que parte do orgulho, que estimula o sadismo e ao mesmo tempo
a castiga. Sobre o romance A pata da
gazela, Antonio Candido chama a atenção para o fetichismo sexual de
Horácio. Na visão do crítico, esse romance é o que mais marca as desarmonias
presentes nas obras de Alencar, pois a narrativa gira em torno do fetiche
sexual de Horácio por um pé, ou seja, o sentimento não é mais por uma pessoa,
mas apenas por parte de um corpo. Por fim, em Senhora, há a grande reviravolta dada por uma moça pobre e
humilhada, que, ao tornar-se rica, compra o ex-noivo. Para o crítico, esse foi
um truque habilidoso do romancista, o que faz do romance uma obra
psicologicamente profunda.
A força do romancista
Para
Antonio Candido, a força de Alencar pode ser sentida sob vários aspectos, uns
convencionais, outros mais raros; uns mais aparentes, outros virtuais. De
acordo com o crítico, em Alencar a percepção complexa do mal, do anormal ou do
recalque aparece como obstáculo à perfeição, bem como é definidora da conduta
humana. Trata-se de uma dialética do bem e do mal que percorre toda a ficção
romântica, inclusive a nossa. O que não é visível de modo nenhum em Manuel de
Almeida, como também em Bernardo Guimarães, porque nele esse aspecto se atenua
em forma de otimismo natural e sadio. Já em Teixeira e Sousa e em Macedo,
aparece como uma luta convencional de contrários, para atingir, em Alencar, um
refinamento que pressagia Machado de Assis. A galeria dos tipos alencarianos é
vária e ampla. Antonio Candido divide-os em três categorias: os inteiriços (D.Antonio
de Mariz, Peri, Loredano, Arnaldo) sempre os mesmos, no bem e no mal; os
rotativos (João Fera, Diva) que passam do bem para o mal ou do mal para o bem; e os simultâneos (Lucia
e Paulo, de Lucíola; Amélia e
Fernando Seixas, de Senhora) que são
os mais complexos: o bem e o mal, nestes, perdem a conotação simples que
aparece nos demais.
Por fim, Candido destaca que José de Alencar foi
capaz de fazer uma literatura de boa qualidade tanto em relação ao esquematismo
psicológico quanto ao senso de realidade humana. Pois foi da poesia ao realismo
cotidiano, da visão heroica à observação da sociedade, o que fez dele o nosso pequeno
Balzac. Tudo isso faz com que Alencar ocupe um lugar de destaque em todo o
processo de renovação literária nacional.