sábado, 6 de abril de 2019







Manoel Freire Rodrigues





Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro Saraiva
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosiane Mariano
Terezinha Marta de Paula Peres

Adriana Vieira de Sena
Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Mácio Alves de Medeiros








Manoel Freire Rodrigues  [06-04-2019]


Edição: Martins, 1971, VOL.2:
da      p. 240    – no visor p. PDF: p. 547: "O “Seminarista” [subtítulo] / O senso regionalista dos costumes”[...]
até  a p. 242   –  no visor p. PDF: p. 548: [...] "encontrando solução literária conveniente. "




O tópico dedicado a O seminarista é um daqueles vários momentos em que Antonio Candido revela sua invejável capacidade de síntese, condensando em pouco mais de uma página sua aguda percepção de elementos fundamentais da composição do romance de Bernardo Guimarães, nos planos formal e temático. O crítico ressalta as qualidades desse romance que, segundo ele, é o mais bem realizado no conjunto da obra do referido autor, destacando como o “senso regionalista dos costumes e da paisagem; a hipertrofia romântica e esquemática dos sentimentos” e a “presença tangível da carne” se ajustam de tal forma na sua prosa narrativa “que ainda hoje podemos ler com atenção e proveito”.


Em sua breve análise, Candido destaca aspectos do romance que de certo modo “redimem” o escritor das fraquezas apontadas no início do capítulo, e que resultaram nos defeitos de outros livros de Bernardo Guimarães. Candido louva a “singeleza” do contador de casos, qualidade que faz com que o autor não caia na armadilha do romance de tese, porém sem deixar de afirmar sua posição em face do delicado conflito que gira em torno da incompatibilidade entre o amor do homem pela mulher (de Eugênio por Margarida) e a vida sacerdotal, sugerindo o contrário, ou seja, que o amor seria “o reforço à sua pureza e eficiência”. O crítico não deixa de ressaltar o êxito do escritor pelo esforço empreendido na configuração do drama interior de Eugênio, no qual verifica a coexistência de “acentuada tendência mística e disposição amorosa não menos viva”, o que torna mais agudo o conflito interior do protagonista, obrigado a escolher entre o amor divino e o amor carnal.


Candido destaca o esforço e a habilidade que o escritor revela em O seminarista para tratar questões delicadas, ressaltando como resultado a superioridade deste romance em face de seus outros livros. Numa passagem central do texto, Antonio Candido faz uma observação importante sobre a atitude de Bernardo Guimarães em face dessa obra, que ao mesmo eleva o romance acima dos demais livros e alça a posição do escritor à condição de romancista, portanto superior ao “contador de casos” habitualmente conhecido: “É quase comovente, no desenrolar do romance, o esforço que vai fazendo para tratar convenientemente problemas tão delicados e acima de suas preocupações habituais” – destaca o crítico, para em seguida concluir: “A circunstância de haver conseguido urdir satisfatoriamente o conflito moral através da narrativa, dando-lhe interesse e consistência literária, mostra que não era o espontâneo absoluto que se costumava ver nele; atrás da pachorra de caipira, havia capacidade de discriminação e organização intelectual”. Daí a sugestiva aproximação com o José de Alencar de “alguns livros”.