Peterson
Martins
Rochele
Kalini
Rosiane
Mariano
Terezinha
Marta de Paula Peres
Thayane de
Araújo Morais
Adriana
Vieira de Sena
Afonso
Henrique Fávero
Alynne
Ketllyn da Silva Morais
Antônio
Fernandes de Medeiros Jr
Bethânia
Lima Silva
Daniel de
Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Eide Justino
Costa
Eldio Pinto
da Silva
Elizabete
Maria Álvares dos Santos
Érika
Bezerra Cruz de Macedo
Francisco
Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de
Marchis
Érika
Bezerra Cruz de Macedo
Jackeline
Rebouças Oliveira
Joana
Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana
Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro
Guimarães
Kalina
Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha
de Lima
Manoel
Freire Rodrigues
Marcela
Ribeiro
Marcel Lúcio
Matias Ribeiro Saraiva
Marcos
Falchero Falleiros
Marcus
Vinicius Mazzari
Maria
Aparecida da Costa
Maria do
Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Maria
Valeska Rocha da Silva
Massimo
Pinna
Paulo Caldas
Neto
Peterson
Martins [24-03-2018]
Edição:
Martins, 1971, VOL.2:
da p.
194: [visor p. PDF: p. 502]
[capítulo 6. O “belo, doce e meigo”: Casimiro de Abreu] “Há nessa geração
um momento” [...]
até a p. 197: [visor p. PDF: p.
504] [...]“É a anestia da razão pelo feitiço da
sensibilidade".
O MORMAÇO DOS POMARES DE CASIMIRO
O Mestre-Açu outra vez nos faz adentrar na atmosfera de uma análise
lírica coerente. Esse intento está bastante claro: Candido pretende nos tirar
da acédia mental e trazer o óbvio que insiste em ficar sob a penumbra da
maioria dos livros didáticos brasileiros de literatura para o Ensino Médio.
Tendo como referencial inicial o insigne ensaio de Mário de Andrade (Amor e Medo), Candido, em análise
arguta, descortina alguns aspectos que desfilia Casimiro de Abreu da estética
do ultrarromantismo. Os primeiros passos dessa observação se estabelecem com a
percepção de que não encontramos, na lírica casimiriana, nem o cronotopo
noturno e sombrio dos ciprestes funérios alvarianos e nem a angústia das
vigílias infindáveis de Junqueira. Pelo contrário, o clima é ameno e diurno em
que o eu-lírico colhe flores no jardim para despetalá-las no leito nupcial.
A natureza não é hostil, mas domesticada em jardins e pomares
burgueses que, na infância, brincava-se com segurança e, nos ares primaveris da
juventude, namora-se ardorosamente em um velado “amor sonso”. Por isso, o
próprio epíteto do título (O ‘belo, doce e meigo’), que atribui ironicamente a
um dos “avatares do egotismo”, passará completamente à margem do aspecto
satânico do ultrarromantismo inglês miltoniano que, depois, foi incorporado por
René de Chateaubriand, [um dos grandes ideólogos franceses que irá inspirar o
ultrarromantismo português e brasileiro, tal como aponta o Prof. André de Sena
Wanderley em sua Tese “Visões do ultrarromantismo: melancolia literária e o
modo ultrarromântico”. Nessa obra, Wanderley corrobora as reflexões de Candido
e avança no sentido de apontar que Casimiro de Abreu tinha uma proposta
estética de um “ultrarromantismo à
brasileira”. Essa verificação foi obtida no prefácio de “As Primaveras” (datado de 20 de agosto
de 1859) em que claramente Casimiro propõe um rompimento com diversos aspectos
melancólicos de Chateaubriand: “O filho dos trópicos deve escrever em uma
linguagem – propriamente sua – lânguida como ele, quente como o sol que o
abrasa, grande e misteriosa como as suas matas seculares; o beijo apaixonado
das Celutas deve inspirar epopeias como a dos – Timbiras – e acordar os Renés
enfastiados do desalento que os mata”. ]
Esse ultrarromantismo à la
brasileira que Casimiro propõe teria, por isso, a máscara da contenção da
carnalização amorosa no que Candido denominou de “amor sonso”, por isso chega a
afirmar que Casimiro talvez tenha sido o “mais feliz na vida dos instintos”
transposto e revelado pela carnalidade do beijo dado na languidez, pureza e
inconsciência de corpos absortos no “mormaço dos trópicos” em meio a
“laranjeiras, mangueiras e regatos”.
Isso se revela na polifonia dialética do elemento flamígero a queimar
os versos de Amor e Medo das
metáforas mais que explícitas:
Vampiro infame, eu sorveria em beijos
Toda a inocência que teu lábio encerra,
E tu serias no lascivo abraço,
Anjo enlodado nos pauis da terra.
Depois… desperta no febril delírio,
– Olhos pisados – como um vão lamento,
Tu perguntaras: que é da minha coroa?…
Eu te diria: desfolhou-a o vento!…
Assim é um ledo engano atribuir a dimensão melancólica a Casimiro,
pois sua lírica está muito mais relacionada à dimensão disfórica da súbita e
provável languidez proporcionada pelas primícias sexuais.