sexta-feira, 22 de maio de 2020




Mácio Alves de Medeiros




Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro Saraiva
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rosiane Mariano
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais

Adriana Vieira de Sena
Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima







Mácio Alves de Medeiros [16-05-2020]

Edição: Itatiaia, 2000, VOL.2:
da      p.  pdf do visor: p. 610:  [início de subcapítulo] " A força do inconsciente" [...]
até  a p.  pdf do visor: p. 613:  [final do capítulo] [...]  "no universo do Romantismo".


A força do inconsciente

Na continuidade da apresentação da obra de Taunay, o escrutínio de Antonio Candido parece atenuar o crivo de sua crítica a esse autor, em razão da ênfase dada à força do inconsciente como campo de efusão da criatividade estética do escritor carioca do século XIX. Isso, porém, não impede o crítico de revelar em Taunay certos desvios de conduta estética, como, por exemplo, os “problemas de honra militar e o sentimento nacional”. Em contraponto a tais aspectos, o crítico destaca, de forma positiva, que o escritor, graças a vivências como a que experimentou com a índia Antonia, chega ao resultado estético da construção de uma personagem marcante como Inocência – o que revela na obra a importância das experiências vividas por Taunay longe do meio urbano. Disso resultaria uma boa representação do regionalismo romântico.


Assim, impulsos íntimos, menos conscientes, seriam o segredo do romance Inocência, tão enriquecido pela observação da paisagem: a sua experiência e interação com o sertão mato-grossense. Talvez fosse melhor dizer que a forte vocação de Taunay para o mundanismo seria contraposta pelo mecanismo que permitiria ao autor absorver suas experiências através do inconsciente. De fato, o aspecto do mundanismo é traço marcante no escritor, que, se tivesse se limitado a isso, suas melhores realizações  e intenções não teriam sido concretizadas, restando-lhe apenas o provincianismo revelado pela “banalidade dos adjetivos” ou o “teor rasteiro de um humorismo que tenciona ser fino”, por exemplo.


Além disso, a vocação para o mundanismo ganhou a contraposição de seu pendor para os problemas sociais – o que lhe propiciou uma faceta crítica mais significativa em sua obra. Todavia, para Candido, mesmo esse aspecto precisaria ter uma “elaboração conveniente”, de modo menos difuso. Afinal, fica a impressão de que Taunay não conseguiu ir muito além de Inocência, mas, assim mesmo, marcou seu lugar definitivamente no Romantismo. Foi fundamentalmente um romântico, apesar de espiar com simpatia os estilos adjacentes do realismo.