sábado, 30 de abril de 2011

Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro


Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Maria Aparecida da Costa Gonçalves Ferreira
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Aldinida Medeiros Souza
Andreia Maria Braz da Silva
Andrey Pereira de Oliveira
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara
Bethânia Lima Silva
Cássia de Fátima Matos




Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro [30-4-2011]



Edição: Itatiaia, 2000 (9ª ed.).
Capítulo 5 – Pitoresco e nativismo

-da p. 200: “Esta determinação da paisagem, aproximando-a da sensibilidade pessoal”
-até a p. 202: “Surrar-lhes bem os traseiros
-- Queriam os companheiros
Do vigário do Mandu.
(Deliberações provisórias)”.



Retomando as questões da “paisagem” e da “sensibilidade pessoal” apresentadas no capítulo anterior, Candido nos mostra que rumam para a tendência de celebração nativista. O início do capítulo 5 é justamente um apanhado desses “exemplos pitorescos” e os julgamentos do crítico (certas vezes, deliciosamente irônico):
“[...] n’A Assunção, onde o ingênuo Frei Francisco promove a natureza brasileira a alturas inéditas, ornando o Paraíso de ipês, jaqueiras, bananeiras, cajueiros, abacaxis, e pedindo inspiração à mangueira, em perífrase de saborosa comicidade involuntária” [nossos grifos] (p. 200).



O segundo exemplo recebe destaque no julgamento de Candido (“celebração verdadeiramente apoteótica”) por ter atingido “o bairrismo da veia popular”. Trata-se de 154 quadras, das quais apenas 4 são utilizadas na FLB e basicamente apresentam uma enumeração “infinita”, em redondilha maior, dos “dons da terra”:
Nós temos a gabiroba,
O araticum, a mangaba,
A boa jabuticaba,
O saboroso araçá.



Também pela veia popular, mas com irreverência que retoma Gregório de Matos, Joaquim José da Silva teria cultivado o bestialógico, influenciando, entre outros, Bernardo Guimarães. Tal gênero se constrói no grotesco, obsceno e absurdo, visando, segundo Myriam Ávila, reação entre “o riso e a perplexidade”1.



Candido ainda cita outros poetas na Bahia que seriam “excelentes” em “versos burlescos”, como Gualbertos dos Reis, e passa para o Padre Silvério do Pareopeba, em Minas, que relembra Gregório de Matos pelo teor político “ácido” de suas décimas:
Os moços sem mais demora
Com as negras se casarem;
Todos somente trajarem
Bambacholas de urucu,
Jaleco, e mais corpo nu;
Surrar-lhes bem os traseiros,
– Queriam os companheiros
Do vigário do Mandu
(Deliberações provisórias)”.


Referências:
1. Apud (sem referência da obra de Ávila) do artigo de “Malvamauvais” presente em: http://pt-br.paperblog.com/no-pais-das-maravilhas-domadas-52926/. Acesso em 30/04/2011.