sábado, 21 de novembro de 2009

Kalina Naro Guimarães


Ligia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Orlando Brandão Meza Ucella
Peterson Martins
Renan Marques Liparotti
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Aldinida Medeiros Souza
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara
Carmela Carolina Alves de Carvalho
Cássia de Fátima Matos
Edlena da Silva Pinheiro
Edônio Alves Nascimento
Eldio Pinto da Silva
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira





Kalina Naro Guimarães [21-11-2009]



Edição: Itatiaia, 1981:
Da p. 139: [Dentro do Capítulo 4, subtítulo Preocupações teóricas: “Esta disposição de temperamento levá-lo-ia a ressaltar na teoria [...].”
Até p. 142: [Subtítulo Os rondós: [...]“No estribilho as rimas são internas, segundo o esquema:
.............................A
.............A.............B
.............B.............C
............C..............D. ”


Candido aponta em Silva Alvarenga certa disposição melancólica, o que o levou a ressaltar, na teoria, valores da sensibilidade e da emoção, evidenciados formalmente pela expressão adocicada e menos conceitual e pela repulsa do verso feito por mero exercício.


Na Epístola a Termindo Sipílio, surge certa consciência de separação entre a arte e o burguês – perspectiva essa aprofundada no romantismo –, na medida em que o poeta que sofre e pensa contrapõe-se ao burguês, que, por não sofrer, não percebe a arte. Aqui, observamos uma importante pressuposição. Para a arte ser divisada é fundamental certa sintonia entre as experiências e os sentimentos vividos e aqueles expressos no poema, prenunciando, assim, a idéia da correspondência entre a vida e obra, bastante recorrente no romantismo. No caso da Epístola, a insensibilidade do burguês deve-se ao fato de que ele não sofre, e a poesia, associada à emoção, seria justamente a expressão do profundo sentimento.


Candido reafirma que, ao lado do culto pela sinceridade, Alvarenga repulsa a imagem rebuscada, primando, assim, pela moderação formal. Estabelecendo certa coerência entre a teoria neoclássica cultivada e a sua poética, Manuel Inácio “concentra-se afinal nas formas breves, adequadas à pesquisa lírica e à expressão dos estados poéticos”. Essa decisão foi importante por, pelo menos, dois motivos. Primeiro, porque observamos a busca do poeta em pensar teoricamente a literatura, mas fazê-la à maneira como sua consciência e sensibilidade a definiam. Portanto, a teoria correu menos perigo de ser reflexão abstrata ou mero falatório estético. Segundo, porque a musa heróica, tão presente na epopéia, foi arquivada em favor da coroa de folhas de mangueira, símbolo que atribuiu valor ao elemento nacional nos rondós, ajudando a acentuar o gosto pelo espaço e pelas coisas do Brasil.


Candido finaliza apresentando Cláudio Manuel da Costa como o grande artífice, que encerrou “no arcabouço rígido dos sonetos grande parte da veia lírica”; Gonzaga como aquele “que realizou a mais perfeita compenetração da matéria poética com o sentimento natural da vida”; e Silva Alvarenga como o mais sentimental, porém o menos profundo, já que obedeceu mais passivamente ao espontâneo, “revelando ao mesmo tempo capacidade menor para ordenar formalmente a emoção”.