Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro Saraiva
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rosiane Mariano
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais
Adriana Vieira de Sena
Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Bethânia Lima Silva
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Mácio Alves de Medeiros
Manoel Freire Rodrigues [30-05-2020]
Edição: Itatiaia, 2000, VOL.2:
da p. pdf do
visor: p. 615: [Capítulo VIII] "1.
Raízes da Crítica Romântica" [...]
até a p. pdf do visor: p. 619:
[...] "da angústia interior e da vida primitiva".
“Ao descrever os sentimentos e as ideias de um
dado período literário, elaboramos frequentemente um ponto de vista que existe
mais em nós, segundo a perspectiva de nossa época, do que nos indivíduos que o
integram”. É com esta frase que Antonio Candido inicia o primeiro tópico do último
capítulo de sua fundamental Formação da
Literatura Brasileira, em que procura delinear as raízes da crítica
romântica nacional, o que fará ao longo do texto, mas já apresenta, de forma
objetiva e precisa, nas duas primeiras páginas. Ainda no mesmo parágrafo, o
crítico assinala a necessidade de “contrabalançar a deformação excessiva”
decorrente dessa postura, assinalando a necessidade de um esforço para se
compreender a visão que os sujeitos tinham sobre as ideias de sua própria
época. Concluindo o pensamento sintetizado no parágrafo, Candido ressalta que
“se impõe o estudo da crítica do período em apreço”, pois considera ser ela “a
consciência da literatura, o registro ou reflexo das suas diretrizes e pontos
de apoio”.
Estabelecido esse pressuposto, Antonio Candido
procura identificar elementos que levam às origens da crítica literária
brasileira, apontando como primeiros sinais “de certo interesse” na “epístola
de Silva Alvarenga a Basílio da Gama”, além da “Carta marítima de Souza
Caldas”, mencionando ainda as “lições de Frei Caneca”, estas como simples
“compêndio escolar”. Ressalta que a crítica literária no Brasil como “atividade
regular da inteligência” só aparece com a revista Niterói, apontando ainda como
possível sinal anterior a “Sociedade filarmônica”. Após delinear as “bases” de seu
surgimento, Candido afirma que “a crítica literária brasileira se baseia na
teoria do nacionalismo literário”, que paradoxalmente teve como iniciador um
estrangeiro, vindo em segundo plano Almeida Garret, cuja contribuição Antonio
Candido afirma vincular-se mais à “provável ação exerceu sobre os moços de Niterói”.
Mas Antonio Candido vai mais longe ainda para
identificar “as raízes da crítica romântica” nacional, apontando como alicerces
elementos da “então jovem teoria romântica”, nas obras de Schlegel,
Chateaubriand, Madame de Staël e Sismondi, autores que os nossos românticos teriam
“retomado”, seja diretamente ou por meio de comentadores / expositores, segundo
o crítico “ainda não identificados pela pesquisa erudita”. Dentre esses autores,
Candido destaca sobretudo Schlegel, “o mais importante e sistemático, do ponto
de vista da história da crítica”, haja vista sua grande influência como “teórico
e mentor do Romantismo alemão, espírito fino e vasto de erudito e poeta”, que definiu
as características da estética da romântica. Além do teórico e poeta alemão,
Candido ainda assinala a contribuição e Madame de Staël e Chateaubriand.
Feito esse breve resumo, cabe ressaltar aqui,
mais do que a densidade da pequena passagem da obra de Candido objeto deste
comentário, a postura intelectual do crítico, seu compromisso com a
objetividade e a clareza, ou a “paixão pelo concreto”, como alguém já
assinalou, que passa longe das generalizações abstratas. Enfim, o texto revela,
já no enunciado do primeiro parágrafo, esforço da
compreensão dialética e o desejo de pôr as ideias em seus devidos lugares.