sábado, 18 de maio de 2019






Marcos Falchero Falleiros






Maria Aparecida da Costa
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosiane Mariano
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais

Adriana Vieira de Sena
Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Mácio Alves de Medeiros
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro Saraiva
Marcus Vinicius Mazzari









Marcos Falchero Falleiros [18-05-2019]


Edição: Martins, 1971, VOL.2:
da        p. 249    – no visor da obra em pdf: p.  553 : "Poesia participante [subtítulo]”[...]
até  a p. 250  – no visor da obra em pdf: p. 554:   [...] "documento mais alto e duradouro."


Poesia participante

Antonio Candido inicia o subtítulo “Poesia participante” com a riqueza usual de formulações que evidenciam e ensinam perspicácia crítica. Assim, com “rompante da poesia política e humanitária” e “ecúmeno literário”, o autor situa os anos de 1860 como superação de práticas deletérias em que a balbuciante poesia brasileira havia permanecido no período precedente.


A eclosão da poesia participante, que chega à culminância de Castro Alves, não pode, entretanto, ser explicada meramente pelo agitado contexto político do decênio, que viveu dramáticos conflitos diplomáticos com o Império Britântico, guerra no Paraguai, abolicionismo, a fundação do Partido Republicano. Pois no período anterior, desde a Independência, um teor histórico mais denso não produziu politicamente senão inanidades poéticas. Com isso, o crítico adverte para o equívoco de uma leitura mecanicista entre causa histórica e efeito literário. Ou seja: entre 1820 e 1850, apesar dos densos estímulos externos da história brasileira, não havia preparo para uma produção artística mais vigorosa, que ainda estava presa ao neoclassicismo e, quando não, à vibração romântica da história universal ou de nosso passado lendário.


A partir de 1860, porém, o amadurecimento intelectual daqueles aspectos ”internos” [estéticos], também amamentado pelos arrancos democráticos europeus, a que deram expressão obras como a de Victor Hugo, levou a oratória de salão às sacadas, praças e ruas, num tom que desdobrou sua presença até nossos dias, com sua evolução no jornalismo substituindo o pasquim difamador pela veemência política da imprensa de maior porte.


Daí o caldo de cultura que unificou poesia e oratória, poeta e tribuno, jornal e manifesto, aglomerando poetas, demagogos, discurseiras, passeatas, numa “vibração liberal, humanitária e patriótica”, de que Castro Alves foi a maior expressão.