domingo, 19 de outubro de 2008

Cássia de Fátima Matos dos Santos
Edlena da Silva Pinheiro
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Kalina Naro Guimarães
Ligia Mychelle de Melo Silva
Mácio Alves de Medeiros
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Massimo Pinna
Peterson Martins
Renan Marques Liparotti
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Aldinida Medeiros Souza
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara
Carmela Carolina Alves de Carvalho
Cássia de Fátima Matos dos Santos – [18-10-2008]

Editora Ouro sobre Azul, 2006. p.35-38

Item 5 e início do item 6 - Introdução:
DE: p. 35: "Quando nos colocamos ante uma obra, ou uma sucessão de..."
A: p. 38: "... sugestões fugazes), que por vezes sobrelevam as mais evidentes."


Item 5: Os elementos de compreensão


Candido inicia este item expondo os vários níveis de que dispomos para a compreensão de uma obra. 1º) os fatores externos – vinculam a obra ao tempo, são portanto os sociais; 2º) O fator individual – o autor; 3º) O texto. Segundo Candido, para que um livro de história literária escape à parcialidade ou à fragmentação, o autor precisa referir-se a esses três aspectos/fatores ao mesmo tempo. Entretanto, ele não descarta a possibilidade de se estudar uma obra escolhendo apenas um dos ângulos referidos, mas atenta para o fato de que aí não se estará sendo crítico, e sim sociólogo, psicólogo, lingüista etc. Vejam aí que o arsenal necessário para ser crítico não é pouca coisa, tendo em vista as exigências da tarefa.

Tendo claros esses elementos, a discussão de todo este item será em torno dos argumentos que sustentam a tese, qual seja, a de que ao se analisar uma obra, o crítico deve considerar que ela é “uma realidade autônoma” e os elementos extraliterários devem sim ser observados na medida em que auxiliam na sua interpretação. Todavia, o estudioso de literatura deve ter claro que, não sendo história, a obra literária é, antes de tudo, forma. Assim, importa descobrir como um autor encontra uma fórmula estética para plasmar a realidade. No fundo, Candido está debatendo e marcando uma posição, por um lado, em relação ao formalismo (preocupados com a estrutura interna e os aspectos lingüísticos), sem negar a sua contribuição e validade; por outro, com o sociologismo ou psicologismo (que transformam a obra literária em documentos históricos ou compêndios psicanalíticos) sem também dispensar a sua importância; em síntese, ele integra tudo com o objetivo de desvendar como se organiza a particularidade formal/estética da obra. (Eu particularmente acho isso a coisa mais difícil de se fazer. Por isso acho que muitas vezes Antonio Candido não é entendido de jeito nenhum e, contraditoriamente ao que ele advoga, ainda é tachado de fazer crítica sociológica. Eu mesma no começo achava que era isso. Depois fui ler direito e vi que era outra coisa).

Reiterando, Candido elege para o seu livro o seguinte critério: “a literatura é um conjunto de obras, não de fatores nem de autores”. Porém, a obra não se faz sem a integração destes dois últimos. O crítico demonstra ainda alguns exemplos da própria literatura brasileira para reforçar os seus argumentos e finaliza dizendo que utilizará as técnicas que considerar conveniente, “no momento exato e na medida suficiente” a fim de alcançar o entendimento da obra, que é o seu alvo principal.


Item 6: Conceitos, p. 38:


Neste item Candido irá discutir os conceitos que utilizará no livro: período, fase, momento; geração, grupo, corrente; escola, teoria, tema; fonte, influência.

O que fica claro logo numa primeira leitura desta parte é o cuidado do crítico em modalizar, se é que assim posso me expressar, os conceitos. Ou seja, ele quer escapar da rigidez que os termos por vezes evidenciam. Reconhece que usará a noção de período de forma incidental, porque quer sugerir mais certa idéia de “movimento, passagem e comunicação entre as fases, grupos e obras”; o crítico quer mostrar com isso que entre arcadismo e romantismo irá se caracterizar certa continuidade e, portanto, a noção meio separada de período quebraria em parte o seu objetivo.

Já no que se refere a gerações, considera que este termo evoca certa idéia mecânica, o que atrapalharia a perspectiva de seu estudo, que é antes de tudo longitudinal. Para isso sobrepôs ao conceito de geração o de tema, procurando observar a sua retomada através das gerações. Vê-se aí como Candido tinha claro o sistema literário, ou melhor, como o arsenal teórico-conceitual é escolhido com lupa para tecer a idéia de sistema.

Com isso se chega ao conceito de influência, que afinal vincula os escritores uns aos outros e contribui para a formação do momento literário. Trata-se, segundo Candido, de um conceito de complexo e delicado manejo para toda a crítica, isto porque é difícil distinguir coincidência, influência e plágio, sem falar que não temos como identificar se houve deliberação ou inconsciência do autor no uso da fonte de outrem.