sábado, 21 de dezembro de 2019






Érika Bezerra Cruz de Macedo






Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Mácio Alves de Medeiros
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro Saraiva
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rosiane Mariano
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais

Adriana Vieira de Sena
Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis







 Érika Bezerra Cruz de Macedo [21-12-2019]


Edição: Itatiaia, 2000, VOL.2:
da      p.  pdf do visor: p. 594       : [Capítulo VII A corte e a província]
                                                       1. Romance de Passagem" [...]
até  a p.  pdf do visor: p. 595       :  [...]  "mais bonitos do Romantismo".




No início do tópico “Romance de passagem”, Antonio Candido tece sagaz comentário acerca da fluidez que caracteriza as fronteiras da história literária, incapazes de reter, por sua arbitrariedade e insuficiência, elementos categóricos de um período. É nesse sentido que o mestre Candido aponta, como principais integrantes da fase final da ficção romântica brasileira, três escritores cuja produção literária de modo algum implica o encerramento da atividade literária daqueles que o precederam.


Ou seja, se as cores das bem sucedidas linhas de Machado de Assis, Franklin Távora e do Visconde de Taunay passam a despontar no crepúsculo da prosa romântica nacional, elas se mesclam às matizes oriundas das penas de Joaquim Manuel de Macedo, “em plena forma”, de José de Alencar, “na metade de seu trabalho”, e de Bernardo Guimarães, o qual apenas iniciara sua participação no panorama literário nacional.


Essa fase, que tem como marco o ano de 1872, no qual Machado estreia sua carreira de romancista com  Ressurreição, Taunay publica sua obra-prima, Inocência, e Távora lança um volume de suas Cartas a Cincinato, é um período que se destaca por uma postura contrária a elementos típicos do idealismo romântico e a favor da “fidelidade documentária e da orientação social definida”.


Nela, sobretudo, importa a descrição de costumes como forma básica de estudo do homem na ficção e aparecem os rudimentos da análise psicológica, os quais se entrelaçam numa espécie de repositório privilegiado das tradições genuinamente nacionais.


Nessa tradição, inclui-se uma compreensão acerca da arte como imitação, a qual tem, dentre outras atribuições, a finalidade de trazer concomitantemente às páginas do romance não só um senso de beleza, mas também uma noção da complexidade humana. Por conseguinte, escritores como a tríade já citada, embora possuam qualidades literárias distintas, contribuem de modo significativo para encerrar harmoniosamente  o período romântico.



sexta-feira, 6 de dezembro de 2019





Eldio Pinto da Silva







Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Mácio Alves de Medeiros
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro Saraiva
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rosiane Mariano
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais

Adriana Vieira de Sena
Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
Edlena da Silva Pinheiro







Eldio Pinto da Silva [07-12-2019]


Edição: Itatiaia, 2000, VOL.2:
da      p.  pdf do visor: p. 588:  "Lúcio de Mendonça tem outra categoria"[...]
até  a p.  pdf do visor: p. 592 :  [...]“ Afundou-se nas ondas de repente”.



Para Antonio Candido, Lúcio de Mendonça merece ser mencionado como um exemplo dos poetas que ainda merecem ser lidos dentre os de sua geração. Seus versos revelam uma poesia ousada e de forte expressão, numa produção que se aproxima em suas primeiras obras da expressividade de Castro Alves, além de ter sido influenciado por Guerra Junqueiro, tanto no campo das ideias como na forma.


As críticas em relação ao Imperador e à Monarquia são duras, como é comum nas manifestações de repulsa à corrupção de nossos representantes políticos e a suas práticas de poder. No caso, o Imperador brasileiro é incluído nas louvações ao regicídio sofrido por Alexandre II, da Rússia: “É bom que estes velhacos,/ Estufados de orgulho e reis pelo terror, /Vejam que custa pouco a reduzir a cacos/ Um grande imperador.


O humanitarismo cristão de Lúcio de Mendonça, segundo o crítico, desdobra-se em republicanismo, abolicionismo, democracia, às vezes com com uma visão socialista e crítica à propriedade privada, como expressam os versos que dedicou ao filho, à guisa de bênção admonitória: “Ama o povo; abomina a tirania; /Defende o fraco; luta com a maldade/Sem tréguas nem perdão, filho! confia/Na justiça, no Amor e na Verdade. /Chovam-te minhas bênçãos aos milhares! /E se meu coração todo desejas, /Segue-me os passos; - mas se apostatares, /Filho do meu amor, maldito sejas!”                 
[poderíamos aproximar os versos acima da atualidade, em que há cidadãos simpatizantes à ascensão da tirania e à maldade programada por um governo que propõe um Estado de violência:  os versos finais repelem aqueles que querem o mal do povo].


Quanto a Martins Júnior, ao retratar seu condoreirismo, Candido ressalta sua inspiração e desenvoltura verbal, que merecem referência como expressão de um tipo especial de romantismo, resultante da articulação do lirismo épico e da divulgação do saber. Assim, tendo por modelos Victor Hugo, Castro Alves e Guerra Junqueiro, não deixa, entretanto, de desancar os românticos. Por outro lado, numa fusão de condoreirismo e positivismo, entra pela poesia científica em Visões de Hoje, onde chega à glorificação de Augusto Comte.


Nesse contexto, conscientes da precariedade estética de sua poesia, os epígonos da geração de 70 acendem “o rastilho da explosão que será Augusto dos Anjos”, fugindo dos metros melodiosos menores frente à necessidade dos versos longos que sua oratória abundante impõe.


Para Candido, os versos finais de “A morte da águia”, de Luís Guimarães Júnior simbolizam as diversas fases da aventura condoreira, que marcam o fim do Romantismo poético no Brasil. São os versos que figuram a águia em busca da liberdade de um novo mundo: pairando exausta sobre um navio negreiro, cercada de vento, sol e céu, a ave afunda-se nas ondas.










sábado, 23 de novembro de 2019





Edlena da Silva Pinheiro







Eldio Pinto da Silva
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Mácio Alves de Medeiros
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro Saraiva
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rosiane Mariano
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais

Adriana Vieira de Sena
Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva






Edlena da Silva Pinheiro [23-11-2019]


Edição: Itatiaia, 2000, VOL.2:
da      p.  pdf do visor: p. 586:  [início de capítulo] "4. A morte da águia"[...]
até  a p.  pdf do visor: p. 588 :  [...]“discernimento poético”.


A morte da águia


Na parte 4 do capítulo VI - A expansão do lirismo, Antonio Candido nos prepara para o início de um final, ou seja, as últimas manifestações do Romantismo através de alguns poetas, durante o decênio de 1870. Esse fim iminente está no fato de que a poesia assumiu uma tendência marcada de exposição de ideias e argumentação, com temáticas sociais e científicas, cujo percurso Sílvio Romero, um deles, nomeou como o dos “coveiros do Romantismo”.


Assim, suas ideias modernas, naturalistas, evolucionistas, republicanas e socialistas ensejam uma batalha às ideias românticas, na qual Candido observa uma perversão ou hipertrofia dos valores normais, chegando a considerá-los “condoreiros atrasados”, já que sua poesia se reduzira a uma continuação exacerbada da retórica humanitária e revolucionária - um processo iniciado já na terceira fase romântica. Sendo assim, declarando-se antirromântica e contrária  a qualquer ideologia espiritualista, essa nova poesia, que representa uma fase de declínio, é situada pelo crítico no contexto de uma geração poeticamente perdida, visto que seus autores, contrários a uma ideia, não contrapropuseram a ela uma definição realmente concreta.


Alguns poetas se superaram e alcançaram plasticidade de expressão, como Luís Delfino e Múcio Teixeira, enquanto outros continuaram o percurso poético remanescente, ignorando as tendências do próprio tempo. Dentre eles, o crítico aponta Sílvio Romero, Martins Júnior, Matias Carvalho e Lúcio Mendonça. O primeiro, considerado o fundador do “cientificismo”, deixa em sua poesia, entretanto, a marca de um acentuado ponto de vista pessoal e lírico, que Candido considera um romantismo  sem grandes novidades e até mesmo grotesco.


Por outro lado, o caráter de poesia social e política, característico da 3ª. fase do Romantismo, continuará presente nos decênios de 70 e 80. Poetas como Lúcio Mendonça, Matias Carvalho e Martins Júnior são evidentemente inspirados no humanitarismo e na indignação política dos poetas Pedro Luís , Castro Alves e Guerra Junqueiro, porém com uma eloquência muito mais exaltada. Como exemplo, o crítico apresenta a poesia de Matias Carvalho,  “A linha reta”, que agride duramente a monarquia de Pedro II, com apologia ao terrorismo anarquista e à reação popular. Outro exemplo significativo é o poema “Imposto do Vintém”, no qual o autor chama ladrões aos ministros e sugere inclusive que os levem à guilhotina.


As fantasias de Castro Alves, como  em “Bandido Negro”, parecem floreios frente ao modo  direto e impetuoso do “destemido e simpático” Matias Carvalho, que apela à força do “machado” e aos métodos niilistas. Candido finaliza suas considerações classificando-o como um péssimo poeta, pois, sem discernimento poético não apresenta sentido além do próprio fluxo verbal e se perde na incoerência de uma oratória limitada.  



sábado, 9 de novembro de 2019






Bethânia Lima Silva






Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Mácio Alves de Medeiros
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro Saraiva
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rosiane Mariano
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais

Adriana Vieira de Sena
Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 





 Bethânia Lima Silva  [09-11-2019]


Edição: Itatiaia, 2000, VOL.2:
da      p.  pdf do visor: p. 581:  " Neste sentido "[...]
até  a p.  pdf do visor: p. 585 :  [...][final do capítulo]“original do seu talento ”.



Dando continuidade à leitura do tópico A paixão na poesia, Antonio Candido vai apresentando a poesia de Castro Alves e aborda o sentimento de Olímpio, uma referência ao personagem autobiográfico de Victor Hugo, cuja presença se faz sentir também na obra do poeta Castro Alves. Seria algo como “uma certa tirania”, uma desmaterialização existente entre personagem e ambiente, que resultaria em um sistema subjetivo e reorganizado cheio de signos. Algo como uma fusão de “experiência e ambiente”. E um trecho caracterizado por esse sentimento, seria o verso inicial de “O Tonel das Danaides”: “Na torrente caudal dos teus cabelos negros/Alegre eu embarquei da vida a rubra flor”.


O poeta é adepto da humanização dos elementos poéticos e consegue com o seu lirismo cósmico e o seu olhar voltado para a natureza, criar relações de embelezamento e ainda de ampliação de sentido para a sua produção poética. Esse lirismo cósmico também influencia e dá ao poeta uma “visão pendular”, que na verdade acaba se transformando em algo de extremos, representado pelo uso das antíteses e sendo facilmente identificado.


Ao iniciar a leitura do ponto O grande artista, percebe-se que Candido enaltece Castro Alves por possuir “discernimento poético”, por ser capaz de criar ricas composições e sugerir movimentos à sua criação. Candido ainda reforça o “quanto ensinou ao nosso verso no tocante à plástica e à metáfora”.

sábado, 26 de outubro de 2019





Antônio Fernandes de Medeiros Jr 






Bethânia Lima Silva
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Mácio Alves de Medeiros
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro Saraiva
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rosiane Mariano
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais

Adriana Vieira de Sena
Afonso Henrique Fávero





Antônio Fernandes de Medeiros Jr  [26-10-2019]


Edição: Itatiaia, 2000, VOL.2:
da      p.  pdf do visor: p. 578:  "Em Bernardo Guimarães"[...]
até  a p.  pdf do visor: p. 581 :  [...]“rompendo-se a barreira entre ambos”.”



No desdobramento da análise, Antonio Candido reproduz um fragmento ficcional de Bernardo Guimarães útil para anunciar percepção significativa: o conteúdo literário abolicionista consequente na obra deste poeta, aqui romancista, se faz possível “depois da incorporação definitiva do negro à literatura, por Castro Alves”, efeito de conquista por inclusão e reconhecimento do homem negro integrado ao branco e ao índio na composição do tipo humano e de expressão da cultura brasileira.


A abertura ao subitem do capítulo em análise, ‘A paixão na poesia’, é reveladora da grande novidade instaurada pela presença poético-humanista de Castro Alves no contexto da literatura brasileira.


Para Antonio Candido, o poeta baiano inseriu, trouxe à linguagem literária a dimensão de vitalidade e pujança inexistentes, estabeleceu nexo entre a “vida íntima e pública” a ponto de o crítico sobressaltar a paixão do poeta por Eugênia Câmara, “enfim uma mulher de carne e osso, localizada e datada”, musa/mulher, vida e obra.


Nesse intervalo curto de seguimento analítico, ocorrem destaques com finalidade de interpretações sutis de alcance lírico. Antonio Candido faz menções breves às idealizações (problemáticas) ora às musas, ora aos procedimentos (poéticos) de Gonçalves Dias, Casimiro de Abreu, Álvares de Azevedo, Junqueira Freire em contraste, quando menos, articulando crítica em relação à obra de Castro Alves.


Duas constatações oriundas do fragmento lido, apontadas pelo crítico, dois valores. Um, se não inaugural, caro à formação da literatura brasileira: Castro Alves “unifica incessantemente a paixão amorosa e o sentimento da natureza”; outro, descortinado no âmbito da criação literária, o realce meritório na obra completa, “talvez, ‘A Cachoeira de Paulo Afonso’ seja o ponto central, o eixo da sua obra”, capítulo aberto importante à leitura e ao estudo continuados para um entendimento libertário de brasilidade.






sábado, 12 de outubro de 2019




Afonso Henrique Fávero







Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Mácio Alves de Medeiros
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro Saraiva
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rosiane Mariano
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais

Adriana Vieira de Sena






Afonso Henrique Fávero [12-10-2019]


Edição: Itatiaia, 2000, VOL.2:
da      p.  pdf do visor: p. 575:  [subtítulo] "A força da inspiração"[...]
até  a p.  pdf do visor: p. 578 :  [...]“traíam do sangue longínqua fusão”.


Na sequência, o crítico volta aos pontos altos de Castro Alves, “quiçá o maior do Romantismo” para buscar compreender seus “voos tão belos e descaídas tão frequentes”. E o faz com a habitual agudeza. Não obstante ter demonstrado os elementos negativos a marcarem a obra do poeta nas páginas anteriores, passa agora a enxergar na mesma eloquência um fator de potência poética quando tal eloquência volta-se para uma arte compromissada com a realidade objetiva do mundo.

As reflexões mais importantes no trecho em questão – assim me parece – surgem ao tratar-se da presença do negro na literatura do período. Atendo-me às páginas determinadas, pois a temática avança pelas seguintes, chamo a atenção para o paralelo comparativo que Candido estabelece em relação à presença em nossa literatura das figuras do índio e do negro. O primeiro estava praticamente desaparecido da vida social, e essa distância favorecia uma idealização ávida de orgulho nacionalista e desejosa por compensar a diminuta história pátria. Já a escravidão tornava evidente a posição de inferioridade do negro dentro de uma sociedade de castas. Como dimensioná-lo enquanto herói num mundo organizado para seu massacre? O sentimento e a generosidade humanitários de escritores como Castro Alves e outros mais lançam “sobre ele o manto redentor da poesia”, mas não conseguem elidir a resistência preconceituosa dos que sempre ocuparam as posições de mando.


sábado, 28 de setembro de 2019




Adriana Vieira de Sena









Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Mácio Alves de Medeiros
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro Saraiva
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rosiane Mariano
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais





Adriana Vieira de Sena [28-09-2019]



Edição: Itatiaia, 2000, VOL.2:
da      p.  no visor da obra em pdf: p. 573:  "Esta embriaguez verbal"[...]
até  a p. no visor da obra em pdf: p. 575 :  [...]“tributo cobrado pela oratória”.



[O descompasso poético em alguns versos de Castro Alves]

Antonio Candido faz críticas severas aos poetas brasileiros que descambam para o excesso do uso verbal. Em busca de mais métrica e rima, ou seja, de formalismos, os poetas – entre eles, o poeta romântico Castro Alves, se valem de determinadas expressões apostas como forma de agradar os ouvidos. É o que o crítico vai chamar de “embriaguez verbal”. Tal fenômeno ocorre a fim de gerar um poder excepcional de comunicabilidade, mas alguns poetas erram ao forçar métricas e rimas descabidas para o gênero de poesia, que seriam mais adequadas a paródias como esta:


Óh jardins de Capuleto,
Robespierre, Danton...
A Polinésia é um coreto
Onde o mar toca piston.


Assim, o que nos deveria inebriar resvala para o mau gosto poético. Dessa forma, Antonio Candido aponta os elementos negativos de tal oratória, tais como: hipérboles aos montes e verbalismos sem nexo, que o crítico literário qualifica como “semibestialógico”. Trata-se de crítica a um discurso sem nexo, desatento para a unidade do texto poético, para a construção de figuras de linguagem que pudessem levar o ouvinte e/ou leitor a um arroubo traduzido pela conexão entre forma e conteúdo.


Assim, o abuso de apostos e a superposição de imagens farão com que Castro Alves desabe na qualidade estética em alguns momentos de sua obra. Isso é perceptível, por exemplo, no poema “Tragédias no lar”, quando expõe o drama de uma escrava ao saber que seu filho será vendido. O excesso faz com que o poema fique sem beleza, impedindo que o leitor alcance o efeito de inebriamento tão desejado pelo poeta.