sábado, 10 de outubro de 2020

 


 
 
Thayane de Araújo Morais
 
 
 
 
 
 
 
 
Adriana Vieira de Sena
Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Mácio Alves de Medeiros
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rosiane Mariano
Socorro Guterres de Souza
Terezinha Marta de Paula Peres
 
 
 
 
 
Thayane de Araújo Morais [10-10-2020]
 
 
Edição: Itatiaia, 2000, VOL.2:
da      p.  pdf do visor: p. 641   :  " Um espírito largo " [...]
até  a p.  pdf do visor: p. 643  :  [...] [final do capítulo] " por toda a parte.”
 
 
Em continuação ao subtópico “Crítica retórica”, Candido ressalta as colocações de Lafayette Rodrigues Pereira para evidenciar o que este definiu como ‘atraso cultural’. O conselheiro afirma que a crítica em desenvolvimento não acompanhava o “espírito do século”, uma vez que se pautava nos moldes da escola antiga. Nas palavras de Pereira, “esta escola tacanha, árida e estéril” firmava-se em operações objetivas que desconsideravam as implicações contextuais nas quais se insere a obra literária. O resultado da percepção das Letras numa espécie de vácuo, isolada, gerou uma produção de aspecto contido, um pouco apática, como postula Candido mais à frente, criadora que foi de uma estratégia castradora da imaginação dos jovens escritores do período.
 
 
A ambiguidade apontada por Antonio Candido no início da seção aparece aqui nas palavras de Pereira que, embora de instrução clássica, tinha plena visão das inconsistências causadas pela “concepção de literatura diferente da que nutria o programa das escolas”. As práticas exercidas pelos programas escolares da época, segundo Candido, foram responsáveis pela dissociação entre a literatura e os leitores, sob o signo da “resistência do ensino oficial à literatura viva” (situação que, analisando a conjuntura brasileira atual, podemos dizer, ainda persiste). As normas de uma crítica que remonta às “regras aristotélicas e horacianas” promoveram uma rachadura na consciência do período, dividida entre o temperamento livre dos românticos e a forma dos clássicos, que, sem procedência contextual, padecia de uma rigidez irremediável, como é possível observar na prosa de Álvares de Azevedo.
 
 
O Romantismo, então, segue seu curso ansiando ares renovados, propriamente brasileiros, mas sem realizações estéticas capazes de traduzir o ânimo dessa fase.  O autor explica que os críticos estavam alinhados com o que dizia Hugh Blair em “Lições de Retórica e Belas Letras”. Nesse ponto, pode-se perceber o teórico como o exemplo de um equilíbrio que seria bem-vindo aos românticos: as normas “são necessárias, mas não absolutas”. Antonio Candido afirma que os românticos tinham na leitura de Blair os “germens do progresso”, uma chance de inaugurar algo realmente moderno. No entanto, mergulharam no teor tradicional do teórico escocês, com regras sem procedência no estágio literário em que nos encontrávamos.
 
 
Sobre os livros inspirados em Blair, quatro são citados por Candido. Em resumo, ele diz que “em todos é lamentável a inconsistência total da evolução estilística e métrica”.  Antonio Candido fecha este subtópico com o diagnóstico de que nenhum deles conseguiu retratar as mudanças em andamento, incapazes de discorrer sobre as preferências estéticas, mesmo “depois de anos de orgia melódica, e o ‘I-Juca-Pirama’ cantando por toda parte”.