sexta-feira, 19 de abril de 2019








Marcela Ribeiro







Marcel Lúcio Matias Ribeiro Saraiva
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosiane Mariano
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais

Adriana Vieira de Sena
Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Mácio Alves de Medeiros
Manoel Freire Rodrigues








Marcela Ribeiro  [20-04-2019]


Edição: Martins, 1971, VOL.2:
da     p. 242  –   no visor da obra em pdf: p. 548: "A escrava Isaura” [subtítulo] / Outro
                                                                                      grave  problema”[...]
até  a p. 244   – no visor da obra em pdf:  p. 549  [...] "relegou para a sombra. "



Como último subtítulo do capítulo dedicado a Bernardo Guimarães, Candido explana sobre os dois livros desse autor que abordam o tema abolicionista: A escrava Isaura e Rosaura, a enjeitada. O crítico afirma ser A escrava Isaura o mais popular de seus livros, porém não seria sua obra-prima, pois nele o autor foge ao estilo conversa de rancho, cunhado em suas obras anteriores.


Apontando Guimarães como fraco de imaginação, porém rico em observação, Candido nomeia-o como contador de casos, aquele responsável por dar a conhecer o que viu e ouviu e registrar as histórias de um povo em suas obras, produzindo romances fortes no regionalismo e no naturismo, descrevendo as paisagens do Brasil central, ao sul de Goiás e norte de Minas Gerais.


No entanto, ao enveredar por um tema social, o escritor saiu de sua zona de conforto, expondo seus defeitos e fraquezas. O tema abolicionista, quase panfletário, é o responsável por alçar o livro à posição de obra consagrada do autor e o insere como importante representante do estilo de sua época.


No entanto, a força da tese, que deu ao livro tal poder para comoção popular, também é apontada por Candido como causa de sua falha, pois seria ele responsável por enfraquecer a história e torná-la apenas pretexto em redor da causa social.


Geograficamente, Guimarães também se distanciou de seu universo comum: saiu do Brasil central (Goiás e Minas) para se aventurar em São Paulo e Recife, enfraquecendo seu poder de descrição da natureza, primordial para o Romantismo e inigualável em suas obras anteriores. O rancho dá vez a cidade, e o contador de casos ao escritor engajado socialmente, mesmo que deficitário.


Para Candido, na obra Rosaura, a enjeitada, o autor consegue alinhar seu estilo rancheiro ao tema social da abolição, porém, não alcança a dramaticidade d’A escrava Isaura, já gravada no imaginário popular.


Assim, pode-se dizer que a aventura empreendida pelo caipira em trajes de cerimônia tornou-se bem sucedida, pois firmou o nome de Bernardo Guimarães na história literária brasileira, relevando suas notáveis falhas em nome da força da aclamação popular pelo tema social abordado com dramaticidade irrevogável.