sexta-feira, 6 de dezembro de 2019





Eldio Pinto da Silva







Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Mácio Alves de Medeiros
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro Saraiva
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rosiane Mariano
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais

Adriana Vieira de Sena
Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
Edlena da Silva Pinheiro







Eldio Pinto da Silva [07-12-2019]


Edição: Itatiaia, 2000, VOL.2:
da      p.  pdf do visor: p. 588:  "Lúcio de Mendonça tem outra categoria"[...]
até  a p.  pdf do visor: p. 592 :  [...]“ Afundou-se nas ondas de repente”.



Para Antonio Candido, Lúcio de Mendonça merece ser mencionado como um exemplo dos poetas que ainda merecem ser lidos dentre os de sua geração. Seus versos revelam uma poesia ousada e de forte expressão, numa produção que se aproxima em suas primeiras obras da expressividade de Castro Alves, além de ter sido influenciado por Guerra Junqueiro, tanto no campo das ideias como na forma.


As críticas em relação ao Imperador e à Monarquia são duras, como é comum nas manifestações de repulsa à corrupção de nossos representantes políticos e a suas práticas de poder. No caso, o Imperador brasileiro é incluído nas louvações ao regicídio sofrido por Alexandre II, da Rússia: “É bom que estes velhacos,/ Estufados de orgulho e reis pelo terror, /Vejam que custa pouco a reduzir a cacos/ Um grande imperador.


O humanitarismo cristão de Lúcio de Mendonça, segundo o crítico, desdobra-se em republicanismo, abolicionismo, democracia, às vezes com com uma visão socialista e crítica à propriedade privada, como expressam os versos que dedicou ao filho, à guisa de bênção admonitória: “Ama o povo; abomina a tirania; /Defende o fraco; luta com a maldade/Sem tréguas nem perdão, filho! confia/Na justiça, no Amor e na Verdade. /Chovam-te minhas bênçãos aos milhares! /E se meu coração todo desejas, /Segue-me os passos; - mas se apostatares, /Filho do meu amor, maldito sejas!”                 
[poderíamos aproximar os versos acima da atualidade, em que há cidadãos simpatizantes à ascensão da tirania e à maldade programada por um governo que propõe um Estado de violência:  os versos finais repelem aqueles que querem o mal do povo].


Quanto a Martins Júnior, ao retratar seu condoreirismo, Candido ressalta sua inspiração e desenvoltura verbal, que merecem referência como expressão de um tipo especial de romantismo, resultante da articulação do lirismo épico e da divulgação do saber. Assim, tendo por modelos Victor Hugo, Castro Alves e Guerra Junqueiro, não deixa, entretanto, de desancar os românticos. Por outro lado, numa fusão de condoreirismo e positivismo, entra pela poesia científica em Visões de Hoje, onde chega à glorificação de Augusto Comte.


Nesse contexto, conscientes da precariedade estética de sua poesia, os epígonos da geração de 70 acendem “o rastilho da explosão que será Augusto dos Anjos”, fugindo dos metros melodiosos menores frente à necessidade dos versos longos que sua oratória abundante impõe.


Para Candido, os versos finais de “A morte da águia”, de Luís Guimarães Júnior simbolizam as diversas fases da aventura condoreira, que marcam o fim do Romantismo poético no Brasil. São os versos que figuram a águia em busca da liberdade de um novo mundo: pairando exausta sobre um navio negreiro, cercada de vento, sol e céu, a ave afunda-se nas ondas.