domingo, 4 de dezembro de 2011

Marcel Lúcio Matias Ribeiro




Marcos Falchero Falleiros
Maria Aparecida da Costa Gonçalves Ferreira
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Andreia Maria Braz da Silva
Andrey Pereira de Oliveira
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara
Bethânia Lima Silva
Cássia de Fátima Matos
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Marcela Ribeiro









Marcel Lúcio Matias Ribeiro [3-12-2011]




Edição: Martins, 1971:

da p. 240: [dois parágrafos antes do subitem “O culto da instrução”] “Aí estão alguns motivos próprios à Ilustração: universalidade” [...]

até a p. 243: [final do capítulo]
[...] “Miguelino, Januário, Sampaio, Roma, Caneca.”




No final do século XVIII, a intelectualidade brasileira promoveu incansável busca pelo conhecimento científico, reflexo direto do período iluminista que ocorria na Europa. Iniciativas para incentivar o saber acadêmico e racional ocorreram em diversos setores da sociedade brasileira: surgimento de escolas, prática do jornalismo “ilustrado”, tentativa de civilizar o índio com o conhecimento erudito.


Porém, tanta reflexão encontrou barreiras e bloqueios no regime colonialista implementado por Portugal no Brasil. Percebeu-se que a liberdade era condição primeira para o exercício do livre pensar, esta concepção gera a semente para o movimento de independência no país.


Cabe notar que neste período “O clero encontrou então um dos poucos momentos em que, fora das suas finalidades específicas, serviu ao país e à cultura”, pois, o clero também adotou e difundiu o pensamento iluminista dentre segmentos da sociedade brasileira.


Então, compreende-se que, mesmo nos setores mais conservadores, havia adesão às ideias progressistas que proporcionavam mudanças em todo o mundo!
E as belas letras?


A literatura, neste momento, estava em segundo plano ou a serviço da causa, como se pode observar nos versos de Antônio Carlos, intelectual baiano que então se encontrava preso e condenado à morte por causa de seus ideais reformistas: “Livre nasci, vivi, e livre espero / Encerrar-me na fria sepultura, / Onde império não tem mando severo”.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Marcela Ribeiro




Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Maria Aparecida da Costa Gonçalves Ferreira
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Andreia Maria Braz da Silva
Andrey Pereira de Oliveira
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara
Bethânia Lima Silva
Cássia de Fátima Matos
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros










Marcela Ribeiro [19-11-2011]

Edição: Martins, 1971:

da p. 238: [início do capítulo 2 “A nossa Aufklärung”] “Dentro desses limites acanhados e com todos os seus percalços” [...]

até a p. 240:
[...] “anéis da cadeia não interrompida dos erros do entendimento, e dos crimes do coração humano’.”


Candido deixa posta a coincidência da nossa Época das Luzes com o período da efetiva abertura colonial, o que desembocou nas lutas pela Independência, objetivo máximo e expressão principal dos ilustrados. Assim, o intelectual artista (muitas vezes folclórico) dá lugar ao intelectual pensador, crítico da sociedade colonial e pragmático da independência.


Também sai de cena o intelectual padre ou bacharel, militantes da Coroa Portuguesa, dando espaço para os rapazes que, tendo estudado na Europa, travaram contato com pensamentos filosóficos e progressistas, abrindo os olhos para a função verdadeira de suas inteligências na sociedade (que não deveria ser apenas de salão) e também para a relação desigual entre Metrópole e Colônia.


Com tudo isso, pretendia-se uma repaginação da sociedade brasileira atrasada, ocorrendo então uma união entre a inteligência e os interesses da classe dominante, assim sendo sancionada pela última.


Fervorosamente patriotas, como Candido os nomeia, esses moços estudantes da Filosofia buscavam em terras brasileiras a aplicação dos seus estudos, uma forma de ser útil à sociedade levando a ela as luzes apreendidas no velho continente, dessa forma inserindo o Brasil no mundo intemporal da razão e da ciência.


Candido classificará esse momento decisivo como fora da literatura, sendo esta colocada em segundo plano, quase como perda de tempo, dando espaço para a escrita científica (a oratória, o jornalismo e o ensaio político-social), prova da razão em detrimento da emoção.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Mácio Alves de Medeiros



Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Maria Aparecida da Costa Gonçalves Ferreira
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Andreia Maria Braz da Silva
Andrey Pereira de Oliveira
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara
Bethânia Lima Silva
Cássia de Fátima Matos
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo






Mácio Alves de Medeiros [5-11-2011]





Edição: Ouro sobre Azul, 2007

Da p. 247: [meados do tópico “A configuração do intelectual”] “Sintoma interessante do que foi dito é a formação, nesse tempo [...]”

Até a p. 248: [final do tópico “A configuração do intelectual”] [...] “onde a fama, quando vinha, podia penetrar no domínio da lenda.”




Encerrando o subcapítulo “As condições do meio”, do Cap. VII – Promoção das Luzes –, é possível perceber na formação intelectual tacanha da nação brasileira o espaço propício para a autovalorização do homem das letras. Neste momento em que o Brasil se configura, (como este comentário em relação ao clamor do coroné), retardatário aderente do “séculos da luzes”, Antonio Candido chama a atenção para dois aspectos, dois temas, inerentes à auréola de simpatia com a qual eram vistos os intelectuais da época.



O “saber universal” é o primeiros dos temas estabelecidos por Candido para fazer referência, nessa fastidiosa louvação, ao autodidatismo em ausência de autocrítica e de concorrência literária, no plano pessoal; à louvação dos confrades e pósteros em detrimento da pouca avaliação crítica da sociedade, que deságua no plano quase folclórico. Nisto, o tema do “saber universal” se mistura ao tema da “Europa curvando-se ao Brasil”. Aqui parece impossível distinguir o suposto nacionalismo exibicionista da alienação intelectualesca reinante, na esguelha da mentalidade de um povo incapaz de distinguir as reais intenções da elite intelectual dominante das exceções de honestidade criativa ou de intencionalidade verdadeiramente literária. Parecia tudo perfeito: a massa elaborando a fama literária com extensões fabulescas (a la locutor de futebol moderno) e o mundo reconhecendo a superioridade do Brasil.



O tema da “obra-prima perdida” é o outro aspecto destacado por Antonio Candido para denunciar, no incipiente progresso do país, desconsiderando assim mesmo a realidade do tema anterior, as dificuldades em publicar e conservar as produções. Dos exemplos de extravios e indícios de existência de textos dos autores citados por Antonio Candido pode inferir outro título para o tema: Em busca das obras perdidas. Desse modo, restou a suspeição, em ausência de provas, no espaço de determinação do real valor das obras não encontradas. Presentes, de fato, elas atestariam o valor do escritor e eliminariam em definitivo o mito da grandeza literária. Contudo, fica a constatação de que contra toda intenção criativa estavam um meio culturalmente pobre e espectadores limitados e parcos. Por isso, em meio a uma provável efervescência do componente folclórico na cultura popular permanecia a imagem de uma nação inculta ao ponto da obra e do intelectual das letras, criados na cultura escrita, serem configurados no terreno da lenda.

sábado, 22 de outubro de 2011

Lígia Mychelle de Melo


Mácio Alves de Medeiros
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Maria Aparecida da Costa Gonçalves Ferreira
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Andreia Maria Braz da Silva
Andrey Pereira de Oliveira
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara
Bethânia Lima Silva
Cássia de Fátima Matos
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Laís Rocha de Lima



Lígia Mychelle de Melo [22-10-2011]


Edição: Itatiaia, 2000:
Da p. 221: [início do tópico “A configuração do intelectual”] “Além do sermão, da preleção e do livro, deve-se anotar” [...]

Até a p. 222: [...] “do escritor relativamente acatado no Brasil, mesmo quando as suas obras não eram lidas.

Ainda traçando um panorama do “século das luzes” no Brasil, que corresponde ao início do século XIX, momento do crescimento financeiro e, consequentemente, do desenvolvimento e formação da cultura intelectual e artística no nosso país, Antonio Candido aponta o início do século XIX, também, como o momento em que vigora a maçonaria, multiplicando lojas e inspirando a formação de grupos interessados em difundir o saber e no culto da libertação. Tais grupos contribuíram para desempenhar as funções atribuídas, atualmente, aos grupos partidários, ao jornalismo e às sociedades profissionais. Contribuíram ainda para definir o papel do intelectual brasileiro.


Candido cita o grupo de intelectuais de Pernambuco (“ilustrados pernambucanos”) – pertencente às várias sociedades nomeadas de “complexo de Itambé”, derivado diretamente do Areópago e fundado pelo padre Arruda Câmara em 1801– como o mais característico de difusão e de instrução das ideias liberais. O grupo conhecido como “Academia Suassuna” sucede os “ilustrados pernambucanos”.


Foi nesse momento, para Candido, decisivo, que configurou-se no Brasil uma vida intelectual. O crítico ressalta que “[...] as condições descritas convergem para dar ao escritor de então algumas características que hão de persistir até quase os nossos dias” (2000, p.222).


Fatores como a escassez de livros, a raridade e a dificuldade da instrução e o destaque brusco dado aos intelectuais contribuíram para dar-lhes um relevo inesperado. A esses fatores, Candido acrescenta a tendência associativa que vinculava os intelectuais uns aos outros, fechando-os dentro de um sistema de solidariedade e reconhecimento mútuo das sociedades político-sociais e atribuindo-lhes um tom de exceção; além disso, havia um “fator complementar decisivo”, que era a ignorância do povo e a mediocridade passiva dos públicos disponíveis, o que teve como consequencia o aumento do distanciamento entre a massa e a elite, reforçando a autovalorização desta.

sábado, 8 de outubro de 2011

Laís Rocha de Lima



Lígia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Maria Aparecida da Costa Gonçalves Ferreira
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Andreia Maria Braz da Silva
Andrey Pereira de Oliveira
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara
Bethânia Lima Silva
Cássia de Fátima Matos
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães




Laís Rocha de Lima [8-10-2011]

Ed. Martins, 1971:
da p. 231: [início do subitem “Livros”] “Vejamos de mais perto a questão dos livros, dos quais” [...]

até a p. 233: [final do subitem “Livros”] [...] “freguês um Saltério hebraico com tradução latina”.



No papel de refúgio à corte portuguesa, o Brasil vivenciava as possibilidades de crescimento econômico com a abertura dos portos - a ilegalidade no fornecimento de livros para a colônia, prática comum, já não tinha razão para existir. Apesar da facilitação do comércio, os preços deles continuavam exorbitantes, impossibilitando grande mudança quanto à aquisição ou à circulação nos primeiros anos da chegada da família real.


Logicamente a situação das livrarias e bibliotecas não seria diferente. Candido exemplifica com a situação das lojas de livros no Rio de Janeiro: uma grande metrópole onde esse comércio se resumia a oito lojas com um pequeno e desatualizado (“‘velhas traduções do inglês e do francês’” de uma testemunha, p. 243) estoque – vendiam livros, mas serviam também de papelaria e bazar.


Quanto às bibliotecas, Candido faz referência às particulares, onde se acredita que chegassem mais livros de empréstimo do que comprados, e às dos conventos (as primeiras a serem criadas no Brasil). A Biblioteca Real do Rio de Janeiro foi aberta ao público apenas em 1814, alcançando sessenta mil exemplares por volta de 1820. Apresentava, porém, um acervo em situação semelhante aos das livrarias: “inatual, pouco variada, e sem ordem, embora confortável a sala de leitura” (p. 244).


Candido afirma a supremacia das obras francesas frente às demais, sem excluir a valorização dos outros autores. Ele conclui o subtópico ‘Livros’ destacando uma notícia de Luccock (p. 245) sobre um leilão de livros: poucas obras, provavelmente, chegaram a mãos brasileiras. Os livros em inglês e latim foram bem vendidos, embora a grande procura fosse pelos livros franceses.

domingo, 25 de setembro de 2011

Kalina Naro Guimarães





Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Maria Aparecida da Costa Gonçalves Ferreira
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Andreia Maria Braz da Silva
Andrey Pereira de Oliveira
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara
Bethânia Lima Silva
Cássia de Fátima Matos
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas





Kalina Naro Guimarães [24-9-2011]


Editora: Martins, 1971


da p. 229: “Bem mais discretos são os versos de José Bonifácio: a Ode belicosa de 1820 ” [...]

até a p. 231: [...] “conversada pelo sacerdote, o mosteiro, o seminário, formadores de caracteres e dispensadores de instrução” [final do subitem, antes do subitem “Livros”]




Para Candido, a onda adulatória que tanto caracterizava os versos no reinado americano de D. João VI foi suavizada com o trabalho de José Bonifácio, pois seus versos apresentam as vantagens do governo, ao mesmo tempo em que já alertam para os problemas da terra. Se por um lado, os brasileiros mais provincianos cultuavam com entusiasmo a transferência da família real para o Brasil, por outro, aqueles mais viajados tendiam a ler tal acontecimento de modo mais crítico. Assim, Candido sugere a distância como importante aliado para a apreensão da estatura própria da realidade, apontando que, em termos de cultura, a autoctonia, ao invés de levar o sujeito à posse plena de sua terra, faz com que ele, geralmente, se perca em imagens cuja invenção menos diz sobre a realidade.

Em contraponto à corrente bajulatória, Hipólito da Costa, no Correio Brasiliense, tratava de atribuir as benfeitorias da Coroa às suas necessidades de funcionamento administrativo, desmascarando a mediocridade dessas medidas por serem muito aquém das ações realmente necessárias para o desenvolvimento pleno da pátria. Todavia o fato é que a euforia advinda com o estabelecimento da corte no Brasil fermentou um clima de entusiasmo e de confiança sem o qual talvez não fosse possível o despertar de uma consciência empenhada em desenhar a identidade nacional, sendo a literatura parte fundamental desse intento.

Por fim, Candido aponta a organização do pensamento livre, fora dos conventos que até então possuíam hegemonia intelectual. No entanto, continua a haver a fiscalização das publicações, tendo o autor, muitas vezes, que cortar ou acomodar sua obra às exigências do governo, tal como ocorreu com Silvestre Pinheiro Ferreira, em 1813. O autor ainda destaca a fundação dos primeiros cursos técnicos e superiores, bem como os novos meios de divulgação do saber – a Imprensa Régia, bibliotecas públicas, livrarias – que, embora insuficientes, representavam um começo do florescimento da vida cultural brasileira.

sábado, 17 de setembro de 2011

Juliana Fernandes Ribeiro Dantas




Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Kalina Naro Guimarães
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Maria Aparecida da Costa Gonçalves Ferreira
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Andreia Maria Braz da Silva
Andrey Pereira de Oliveira
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara
Bethânia Lima Silva
Cássia de Fátima Matos
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Jackeline Rebouças Oliveira







Juliana Fernandes Ribeiro Dantas [10-9-2011]




Ed. Martins, 1971
Inaugurando o Capítulo VII – Promoção das Luzes:
da p. 227: [início do subitem 1. As condições do meio] “Muitas das aspirações mais caras aos intelectuais brasileiros da segunda metade do século XVIII” [...]

até a p. 229: [...] “Sistema Econômico, que destruísse os anti-sociais efeitos do Sistema do Continente’ (pág. 67) . ”



Dando início ao capítulo VII Promoção das luzes, Antonio Candido afirma que as ideias caras aos intelectuais brasileiros do século XVIII tornaram-se concretas em inícios do XIX pelas mãos do mesmo governo que as combateram anteriormente. Citando Anatole France, Candido fala em ideias ‘subversivas antes de serem tutelares.’


Ele coloca as melhorias intelectuais feitas na colônia por D João VI como a ‘promoção das luzes’ em terras do Brasil Colônia; entretanto, deixando claro ser essa a única possibilidade de El rei reinar lá e cá sobre suas instituições, estando fisicamente longe da Metrópole.


Todavia, não há como negar a benfeitoria feita às artes em geral, colocadas como realização dos sonhos dos homens cultos da Colônia. No tocante à literatura, fala-se em aparecimento de público consumidor, delineação do mesmo e fixação de hábitos de leitura. A gratidão dos brasileiros ditos cultos era tão grande que as manifestações perdiam-se entre adulação e sinceridade.


Dando início, assim, a uma literatura de apoio à Corte Portuguesa, na tentativa de inverter a situação vergonhosa da Família Real fugitiva, transformando-a em corajosa, por força de um servidorismo público literário. Candido cita primeiramente dois poemas épicos portugueses representantes deste embuste: Brasilíada, de Tomás Antônio dos Santos e Silva e Afonsíada, de Antônio José Osório de Pina Leitão.


Antonio Candido cita também alguns ‘solícitos’ brasileiros que renderam loas à vinda da Família Real para o Brasil: o Alferes Lisboa, Bernardo Avelino Ferreira e Sousa, Estanislau Vieira Cardoso e José da Silva Lisboa.


Todos incumbidos de difícil missão: transformar El rei medroso em herói destemido e corajoso. Todos eles com o mesmo objetivo, procuraram tirar El rei da aparente decadência em que se encontrava, banido de sua própria terra, abrigado numa Colônia e obrigado a equipará-la a Reino.


Vale salientar que tais escritos elogiativos eram feitos por ordem Del rei, impressos na Tipografia Real e distribuídos gratuitamente. Modalidade de folhetos políticos revestidos por afinco literário. Com tudo isso, vê-se que a contradição é quase lugar-comum em terras brasileiras e que hipocrisia e “servidorismo” público já vêm de longa data.

domingo, 28 de agosto de 2011

Joana Leopoldina de Melo Oliveira





Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Maria Aparecida da Costa Gonçalves Ferreira
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Aldinida Medeiros Souza
Andreia Maria Braz da Silva
Andrey Pereira de Oliveira
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara
Bethânia Lima Silva
Cássia de Fátima Matos
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Jackeline Rebouças Oliveira





Joana Leopoldina de Melo Oliveira [27-8-2011]


Editora: Martins, 1971
da p. 222: [...]“exclama mediocremente na ‘Ode sobre a existência de Deus’. E mesmo peças frias e amaneiradas como a cantata ‘A criação”[...]
[em meio ao parágrafo após o último verso No íntimo de nós altivo mora]

até a p. 224: [...] “e ao mesmo tempo o levam a tomar-se como medida e ponto de referência.” [final do capítulo VI]


Concluindo o capítulo 6, no tópico intitulado religião profunda, Antonio Candido destaca os versos de Sousa Caldas que revelam inspiração e prenunciam traços futuros. Sousa, ao contrário dos outros poetas, não mostra a religião como uma submissão, ela é mais uma pesquisa interior de perguntas e respostas aos próprios “ásperos conflitos”.


Ao avaliar os versos do poeta, Candido afirma que são raras as vezes que há beleza na correção permanente dos seus versos. E se também não encontramos uma plenitude expressional é por causa do seu drama espiritual, observando, como foi dito acima, que a religião nos versos de Sousa Caldas foi estado de alma e debate interior.


No entanto, o autor fala que a versão de quase toda a primeira parte dos Salmos são as melhores realizações do poeta. “A tradução dos salmos foi oportunidade de realizar uma obra animada, ao mesmo tempo, de sentido poético e valor religioso”. Mas, de acordo com Candido, a sua obra foi prejudicada pelos vícios formais do Neoclassicismo decadente.


Antonio Candido finaliza o capítulo afirmando que Sousa Caldas foi o único a influenciar os primeiros Românticos, Magalhães e Gonçalves Dias, pelas qualidades nobres do verso e a dignidade da inspiração.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Jackeline Rebouças Oliveira




Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Maria Aparecida da Costa Gonçalves Ferreira
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Aldinida Medeiros Souza
Andreia Maria Braz da Silva
Andrey Pereira de Oliveira
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara
Bethânia Lima Silva
Cássia de Fátima Matos
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos









Jackeline Rebouças Oliveira [25-6-2011]


Edição: Itatiaia, 1975
da p. 220: [subitem: A inflexão de Ottoni] ”Ao contrário dessa piedade fácil, diríamos mesmo automática”...
até p. 222: ... “No íntimo de nós altivo mora,
exclama mediocremente na “Ode sobre a existência de Deus”.


Continuando o nosso estudo sobre literatura religiosa, analisaremos a seguir dois tópicos denominados por Candido de: a inflexão de Ottoni e a religião profunda. Candido inicia seu texto sobre a inflexão de Ottoni afirmando que Elói Ottoni passou a escrever poesias religiosas depois de uma crise pessoal. Essa crise deve-se ao fato de não ter sido nomeado como esperava por D. João VI quando chegou ao Brasil, o que levou, segundo o autor, ao refúgio de Ottoni na religião, mais precisamente, na leitura da Bíblia.

No entanto, fazendo uma leitura mais atenta do texto, podemos perceber que Sousa Caldas também contribui para que Ottoni tomasse gosto pela literatura religiosa. Tanto que a viravolta que marcaria a vida de Elói Ottoni se deu aproximadamente em 1808, e, segundo Candido, existia uma possibilidade de Elói Ottoni ter se destacado na a literatura religiosa tanto quanto Sousa Caldas no esplendor da carreira de orador sacro, empenhado em verter salmos.

Nessa perspectiva, o crítico afirma que, embora não conheça relações entre Ottoni e Sousa Caldas, pode entrevê-las, uma vez que entre tantos sacerdotes letrados coube em 1814, ao poeta mineiro ter composto o epitáfio do confrade. Desse modo, estaria justificado o interesse de Ottoni pelo Velho Testamento. O autor ressalta, ainda, que os textos de Ottoni revelam interesse puramente moral.

No que diz respeito a Sousa Caldas, Candido comenta que diferentemente dos outros dois poetas (São Carlos e Elói Ottoni), Sousa revela inspiração e prenúncio de certos traços do futuro, e a tendência ética e devocional do poeta combina com seu espírito forte e inquieto. Assim, a religião aparece nas poesias de Sousa Caldas como uma forma de expressar um ponto de vista, servindo para exprimir os sentimentos pessoais, dando elementos para uma concepção do homem e mundo.

Dentro dessa perspectiva, o autor compara duas obras do poeta de períodos diferentes: a peça mestra da fase Rousseau, a ode ao homem selvagem, e a peça mestra da fase religiosa, a ode à existência de Deus. O objetivo dessa comparação é mostrar que mesmo as obras estando em fases distintas, nota-se um paralelismo entre elas, como o próprio Candido afirma, é uma filosofia de vida que substitui outra.

Podemos perceber que nos versos compostos por Sousa Caldas a religião não aparece como “indiscutível” fidelidade à verdade revelada. Sendo assim, ela é fruto de uma pesquisa interior em que se corporificam respostas. Seguindo essa perspectiva o crítico faz outra comparação, agora entre as peças frias e amaneiradas, e as pesadas e monótonas. Nessas análises fica constatado que Sousa Caldas via a religião em seus aspectos psicológicos e filosóficos, pois nessas peças há um sentimento de vazio interior, a poesia neste caso, seria mais para transmissão de valores.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Elizabete Maria Álvares dos Santos




Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Maria Aparecida da Costa Gonçalves Ferreira
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Aldinida Medeiros Souza
Andreia Maria Braz da Silva
Andrey Pereira de Oliveira
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara
Bethânia Lima Silva
Cássia de Fátima Matos
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva






Elizabete Maria Álvares dos Santos [11-6-2011]





Dando prosseguimento ao capítulo 6 – RELIGIÃO, passaremos a analisar o trecho intitulado por Candido, Devoção Convencional. O autor inicia ressaltando a necessidade de se “analisar a literatura religiosa do período estudado, no que ela tem de novo e, deste modo, mais próximo dos desenvolvimentos subseqüentes”. No entanto, após leitura do trecho, percebe-se que nada de novo vibra, não há inquietude, segundo as palavras do próprio Candido, mas sim um permanente diálogo com a tradição religiosa, com a igreja personificada.


Para essa análise, Candido compara a poesia ou prosa dos escritores dos séculos XVI, XVII e XVIII, na literatura comum, inspiradas em Cristo, nos santos e nos dogmas da religião, com a literatura escrita na passagem para o século XIX, a qual se interessava pelo Velho Testamento, tendo, embora, havido uma predominância pelos livros morais e devocionais (Jô, Provérbios, Salmos).


Com a chegada do romantismo, o aspecto lendário romanesco predominou, tendo sido escolhido pelo autor, como exemplo, A Hebréia, de Castro Alves e A Iria de Saul, de Fagundes Varela. Vê-se, portanto, nesse período, a presença do hibridismo cultural e ideológico.


Diante do que Candido chamou de “esquema”, não houve outra maneira senão a de separar, do ponto de vista estético, O Frei Francisco de São Carlos (1768 – 1829), de Padre Antônio Pereira de Sousa Caldas (1762 – 1814) e de José Elói Ottoni (1764 – 1851), visto que o frei ainda estava completamente preso à devoção religiosa, enquanto que estes, já com um pé dialogando com a tradição, demonstram uma certa curiosidade pela Bíblia, sendo essa curiosidade um dos aspectos da religiosidade romântica.


Nesse ponto, Candido comenta alguns trechos do poema épico-lírico A Assunção da Virgem, de São Carlos, no qual a glorificação da Virgem Maria é retratada, com uma forte ligação à tradição camoniana, tendo sido considerado, ainda para Candido, um poema que “é dirigido por dois sentimentos igualmente intensos, devoção e nativismo” – e a esta acrescenta a observação de José Aderaldo Castello: “certo que por influência de seu espírito religioso, se apresenta ligado ao estilo mitológico, renega-o ao mesmo tempo, à semelhança de Gonçalves de Magalhães, prenunciando uma atitude romântica, embora sem a consciência crítica dela".


Ainda com relação ao poema em destaque, Candido afirma que há uma forte personificação da igreja católica em seus versos, talvez inspirada em Jerusalém Libertada, de Torquato Tasso (igreja como devoção). É, portanto, com essa comparação entre o poema Assunção e o Jerusalém Libertada que Candido encerra o tópico Devoção Convencional, mostrando a fraqueza do poema de Tasso, inicialmente anunciada pelo critico, em relação ao desprovimento de novidade com a seguinte avaliação: “decepcionante o poema que o autor supunha de brilhante novidade. Desprovido de qualquer inquietude, as coisas nele se preestabelecem conforme a tradição e o dogma, resultando, por exemplo, em frouxo conflito de um inferno de catecismo com arcanjos de procissão...”

sábado, 28 de maio de 2011

Eldio Pinto da Silva




Elizabete Maria Álvares dos Santos
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Maria Aparecida da Costa Gonçalves Ferreira
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Aldinida Medeiros Souza
Andreia Maria Braz da Silva
Andrey Pereira de Oliveira
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara
Bethânia Lima Silva
Cássia de Fátima Matos
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Edlena da Silva Pinheiro






Eldio Pinto da Silva [28-5-2011]

Ed: Martins, 1971
da p. 216 [início do subcapítulo 6 – Religião] : “A literatura religiosa ocupa, nessa e na
próxima geração,” ...
até a p. 217: ...”fundada na idéia de
Aumento da pequena cristandade.”


A religiosidade está sempre presente na temática literária em várias gerações de poetas, principalmente entre o período do reinado de D. João VI no Brasil e os primeiros anos do reinado de D. Pedro I. Candido salienta que a produção religiosa na época foi uma das mais volumosas, entre os autores estão São Carlos, Sousa Caldas, Elói Ottoni e Francisco Ferreira Barreto.


Um momento marcante do Romantismo é o espiritualismo, para Candido “Tanto mais quando os primeiros românticos costumavam apontar São Carlos e Sousa Caldas como precursores, que tinham abandonado a imitação greco-latina a troco de temas e sentimentos que os deslumbravam no Gênio do cristianismo e nos Mártires, de Chateaubriand, nas Meditações e Harmonias, de Lamartine.”


É importante ressaltar o quanto os autores são influenciados na formação do Romantismo, no entanto Candido observa que “não foi propriamente a literatura religiosa do fim deste período condicionou a religiosidade romântica; esta, devida a motivos de ordem histórico-social (renascimento da fé depois da Revolução Francesa (1789) em países que nos inspirariam literalmente: França, Itália) e literária (moda nos mesmos países), foi buscar nos antecessores elementos que reforçassem a sua escolha.” O interessante é que após a Revolução Francesa, os poetas se inspiram na religião para criar uma ideia de satisfação espiritual, assim o apoio de textos de poetas religiosos do início do século XIX influenciaram o que havia por vir no Romantismo.


Outro fator que inspirou a religiosidade nos textos românticos foi o fato do rei D. João VI gostar de sermões, daí Candido afirma que “a coincidência de serem muitos poetas do tempo, eminentes ou não: São Carlos, Sousa Caldas, Januario, Caneca, Ferreira Barreto, Bastos Baraúna etc.


As ideologias francesas dividiam os intelectuais e religiosos. No Brasil, a Revolução Francesa culminou com a Inconfidência. Para Candido, “A Revolução Francesa acentuou essa tendência, assimilando de uma vez por todas os tímidos voltairaenaos cristãos da literatura comum ao ‘inimigos do Trono e do Altar”, expressão que animará toda a idologia reacionária dos países católicos europeus no primeiro terço do século, repercutindo, é claro, nas suas colônias e ex-colônias.”

Na relação entre intelectuais e a beatice, eis que a força religiosa agiu, imprimiu seus ideais e “serviu de amparo às suas dúvidas e à vacilação angustiosa entre as suas idéias e a sociedade retrógrada.” Essa vitória da beatice não encontrou muita reação, dourando até a Independência. Candido acrescenta que “A pesada atmosfera de beatério, contra a qual reagiram poucos (inclusive o nosso Hipólito da Costa), só se descarregaria com o movimento da Independência, quando os sacerdotes patriotas encontraram no civismo um novo meio de manifestar a sua vitalidade.”


É necessário destacar que a tradição literária brasileira se apoiava, mesmo com a forte influência francesa, em gêneros e temas da literatura portuguesa. Candido comenta que “nunca deixou de ser fortemente impregnada na religião. Mesmo o século XVIII, permeado de filosofismo e rebeldias virtuais, foi na literatura comum bastante religioso.” Para Candido, o Caramuru já vimos, é obra essencialmente religiosa, fundada na idéia de “Aumento da pequena cristandade”.

sábado, 14 de maio de 2011

Edlena da Silva Pinheiro



Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Maria Aparecida da Costa Gonçalves Ferreira
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Aldinida Medeiros Souza
Andreia Maria Braz da Silva
Andrey Pereira de Oliveira
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara
Bethânia Lima Silva
Cássia de Fátima Matos
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro








Edlena da Silva Pinheiro [14-5-2011]



Editora: Martins, 1975
de: p. 202 : "É possível que tais manifestações de ingênuo nativismo e veia popularesca" ...
até: p. 204 : [final do capítulo]... "-- Frei Sampaio, Januário da Cunha Barbosa, Frei Caneca -- a enveredar
pelo discurso e a ação política."



Antonio Candido continua o capítulo explicando que o nativismo popular e ingênuo desenvolve-se principalmente com sentimentos de brasileirismo e aspiração de futuro melhor à pátria. Então, além do envolvimento político da poesia do Padre Silvério, o crítico cita Sousa Caldas, Francisco de São Carlos e José Bonifácio como representantes desse momento de maturação do nativismo.

No trecho do poema As Aves, Noite Filosófica, de Sousa Caldas, a invocação à natureza com reflexão social e científica, o poeta com ousadia lamenta a submissão do Brasil a Portugal, visto como retrógrado e prepotente. Candido sinaliza os versos do poema que foram modificados por Francisco Borja Garção Stockler, testamenteiro literário de Sousa Caldas, para não se comprometer com a Corte Portuguesa. No trecho do poema que o crítico citou, observamos o nativismo mais erudito, dizendo que as Musas poderiam fazer surgir em nossa pátria outro Hipocrene, outro Parnaso senão fossem os grilhões da Metrópole. E continua “ Riquezas mil, que o Lusitano avaro / Ou mal contém ou mal aproveitando, / Esconde com ciúme do mundo inteiro”.

O outro poeta citado por Candido, Francisco de São Carlos, manifesta um nativismo mais próximo ao que se desenvolveu por todo o século XIX, “que exalta belezas e riquezas, já agora ordenadas por província, num sentido de integração, desconhecido ao localismo de Rocha Pita, Itaparica ou Cláudio Manuel” (p. 203), ou seja, um Brasil que começa a se definir como unidade consciente, exemplificado através do poema Assunção, de São Carlos, referindo-se à pátria como: “Mãe de nobres colônias”, “matrona ilustre, grave e anosa”, “prolífica em frutos gloriosa” (...) “ cem filhos dos seus filhos desposados, / Esgalhos de um só tronco derivados”. Celebrando a subida da Virgem Maria aos céus, o poeta enaltece as belezas e riquezas do país por meio da visão do arcanjo Miguel.
Assim, tanto Sousa Caldas quanto São Carlos utilizam a temática religiosa para demonstrar o amor à pátria, o que pode ter influenciado a escrita de outros pregadores, como Frei Sampaio, Januário da Cunha Barbosa e Frei Caneca, bem como suas ativas participações políticas no país.

sábado, 30 de abril de 2011

Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro


Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Maria Aparecida da Costa Gonçalves Ferreira
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Aldinida Medeiros Souza
Andreia Maria Braz da Silva
Andrey Pereira de Oliveira
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara
Bethânia Lima Silva
Cássia de Fátima Matos




Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro [30-4-2011]



Edição: Itatiaia, 2000 (9ª ed.).
Capítulo 5 – Pitoresco e nativismo

-da p. 200: “Esta determinação da paisagem, aproximando-a da sensibilidade pessoal”
-até a p. 202: “Surrar-lhes bem os traseiros
-- Queriam os companheiros
Do vigário do Mandu.
(Deliberações provisórias)”.



Retomando as questões da “paisagem” e da “sensibilidade pessoal” apresentadas no capítulo anterior, Candido nos mostra que rumam para a tendência de celebração nativista. O início do capítulo 5 é justamente um apanhado desses “exemplos pitorescos” e os julgamentos do crítico (certas vezes, deliciosamente irônico):
“[...] n’A Assunção, onde o ingênuo Frei Francisco promove a natureza brasileira a alturas inéditas, ornando o Paraíso de ipês, jaqueiras, bananeiras, cajueiros, abacaxis, e pedindo inspiração à mangueira, em perífrase de saborosa comicidade involuntária” [nossos grifos] (p. 200).



O segundo exemplo recebe destaque no julgamento de Candido (“celebração verdadeiramente apoteótica”) por ter atingido “o bairrismo da veia popular”. Trata-se de 154 quadras, das quais apenas 4 são utilizadas na FLB e basicamente apresentam uma enumeração “infinita”, em redondilha maior, dos “dons da terra”:
Nós temos a gabiroba,
O araticum, a mangaba,
A boa jabuticaba,
O saboroso araçá.



Também pela veia popular, mas com irreverência que retoma Gregório de Matos, Joaquim José da Silva teria cultivado o bestialógico, influenciando, entre outros, Bernardo Guimarães. Tal gênero se constrói no grotesco, obsceno e absurdo, visando, segundo Myriam Ávila, reação entre “o riso e a perplexidade”1.



Candido ainda cita outros poetas na Bahia que seriam “excelentes” em “versos burlescos”, como Gualbertos dos Reis, e passa para o Padre Silvério do Pareopeba, em Minas, que relembra Gregório de Matos pelo teor político “ácido” de suas décimas:
Os moços sem mais demora
Com as negras se casarem;
Todos somente trajarem
Bambacholas de urucu,
Jaleco, e mais corpo nu;
Surrar-lhes bem os traseiros,
– Queriam os companheiros
Do vigário do Mandu
(Deliberações provisórias)”.


Referências:
1. Apud (sem referência da obra de Ávila) do artigo de “Malvamauvais” presente em: http://pt-br.paperblog.com/no-pais-das-maravilhas-domadas-52926/. Acesso em 30/04/2011.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Cássia de Fátima Matos


Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Maria Aparecida da Costa Gonçalves Ferreira
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Aldinida Medeiros Souza
Andreia Maria Braz da Silva
Andrey Pereira de Oliveira
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara
Bethânia Lima Silva






Cássia de Fátima Matos [16-4-2011]



Edição: Ouro sobre azul, 2006.
Capítulo 4 – Sensualidade e naturismo

-da p. 219: “Do amigo do cruíssimo Bocage, junta-se aqui o provável leitor de Parny...”
-até o final do capítulo, p. 221: “como realidade localizada, não construção abstrata, e como presença, não quadro”.

Da parte que Marcos vinha lendo, e que continua aqui nessa que me coube, vale acrescentar o destaque que Antonio Candido dá para o aspecto da ousadia. Candido avalia que Portugal não tinha, digamos assim nas palavras de hoje, as liberalidades que outros países europeus já permitiam. Essa ousadia se reflete nesses arroubos de desejo dos poetas estudados e, como já foi dito, expressos, não raro, sob imagens de gosto duvidoso.

Entretanto, além do que já foi apontado por Marcos e o que corroborei no meu comentário, o que mais interessa aqui nesse capítulo, sob o olhar crítico de Candido, é essa formação do particular. Esse elemento é muito importante, pois será retomado depois pelos românticos de forma mais específica. Essa retomada de elementos pelos românticos me parece um dado fundamental do Formação. É mesmo uma questão de método e sustentação da própria tese do livro, essa relação indo e vindo arcadismo-romantismo.

Esse particular se expressa de forma “definida, datada”, superando a tendência generalizante do neoclassicismo. Para ilustrar, Candido toma um poema de Bonifácio – Uma tarde – , o qual sugere ser “talvez o seu melhor poema” (p. 220) (salvando assim o pobre do patriarca, que já tem sido motivos de tantos risos por causa dos arroubos eróticos voltados à sua Eulina). Elencando outros poemas de Bonifácio e ainda outros de Borges de Barros, o crítico demonstra como eles são pontualmente datados e situados, em lugar específico. Isso demonstra que o poeta começa a fugir da abstração generalizante que buscava “um padrão estético universalmente válido” (p.221). Ou seja, esse sentimento da natureza como “realidade localizada” e como “presença” serão sinais importantes (nativistas) a serem retomados pelos românticos a fim de validar o nacionalismo.

sábado, 9 de abril de 2011

Marcos Falchero Falleiros




Cássia de Fátima Matos
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Maria Aparecida da Costa Gonçalves Ferreira
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Aldinida Medeiros Souza
Andreia Maria Braz da Silva
Andrey Pereira de Oliveira
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara
Bethânia Lima Silva







Marcos Falchero Falleiros [2-4-2011]

Edição: Martins, 1971:
de: p. 206 : [início do capítulo 4 "Sensualidade e Naturismo"] "Registrados os traços devidos ao empobrecimento de normas e" ...
até: p. 208 : "Qu'indo ao prado colher flores,
A flor que tinha, perdeu...
("Ode") "

Em “Sensualidade e naturismo”, Antonio Candido demonstra que depois da contenção relacionada ao empobrecimento de normas e concepções, houve a hipertrofia que rompeu véus e negaceios eróticos por uma viva sexualidade, quando a paixão das manifestações anteriores é substituída pela expressão do desejo puro e simples.

Como não podia deixar de ser, reaparece, entre os exemplos, o José Bonifácio que vimos alucinado pelas nítidas maminhas vacilantes de Eulina. Ainda com Eulina, ele continua o mesmo, o “sangue ferve”, e Candido qualifica como “passo brutal”, a meio caminho entre as brejeirices pastorais e as descrições obscenas de Bocage, os versos em que o poetastro confessa ficar molhadinho: “Se te vejo, as entranhas se me embebem/ De insólito alvoroço”.

O crítico lembra que essa franqueza de sensualidade pressagia Teófilo Dias e Carvalho Júnior [ride às bandeiras despregadas com “Os primeiros baudelairianos”, um dos ensaios de Antonio Candido em “A educação pela noite”: ali aparece citada uma das delicadezas [1879] de Carvalho Júnior:
“Mulher! ao ver-te nua, as formas opulentas
Indecisas luzindo à noite sobre o leito,
Como um bando voraz de lúbricas jumentas” [...] ]

Observa ainda que a paráfrase de “Cânticos dos cânticos” do robusto Patriarca substitui as “tradicionais abelhas de Anacreonte”, transformando as bichinhas diligentes em “férvidos desejos”, que pulam do coração para sugar com beijos vorazes a rosa-boca - e então, saciado... : “A língua sitibunda/ De néctar divinal todo me inunda”. {"sitibunda" no bom sentido significa "sedenta"]

Seguem outros “lindos casos” [como diria Simão Bacamarte em “O alienista”, M. de Assis]: Vilela Barbosa contém-se um pouco mais na “euforia glandular”, mas continua muito saidinho: “pelas veias escumando airoso/ Vai de tropel o petulante sangue/ Proclamando justiça” [!!!]

Elói Ottoni: mantém-se longe dos gritos do sexo, mas não retoma o decoro dos primeiros árcades, como por exemplo quando traduz ou parafraseia um poema espanhol: a estorinha é a seguinte: Dorila, mimosa, alegre como Maio, mais formosa que as graças, foi no mato colher flores, mas voltou confusa, afligida e chorosa. Tudo indica que: “indo ao prado colher flores, a flor que tinha perdeu...”

sábado, 19 de março de 2011

Bethânia Lima Silva



Carmela Carolina Alves de Carvalho
Cássia de Fátima Matos
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Maria Aparecida da Costa Gonçalves Ferreira
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Aldinida Medeiros Souza
Andreia Maria Braz da Silva
Andrey Pereira de Oliveira
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara





Bethânia Lima Silva [19-03-2011]



Edição: Ouro sobre Azul/Fapesp, 2009

da p.212: “Mau gosto e prosaísmo se manifestam ainda no uso inferior da mitologia e,” [...]
até a p. 216: [terminando o subcapítulo 3. Mau Gosto][...] “mas de eventual concentração da poesia em torno de outros temas”.


Dando continuidade ao estudo do subcapítulo “Mau Gosto”, após Antonio Candido explicar a “fraqueza” dos recursos utilizados pelos literatos do período final do arcadismo (um exemplo seria a pobreza nos neologismos), o pesquisador apresenta ainda a decadência na aplicação da mitologia por parte dos poetas, em suas produções literárias. Segundo Candido é como se os poetas não conseguissem mais promover o encontro da mitologia com a tradição clássica, provocando então um desencontro entre a emoção e o pensamento.


Para exemplificar o “ressecamento” mitológico é feita a comparação de Tomás Antônio Gonzaga e a sua Lira 11 da 2ª parte, com José Joaquim Lisboa nas Liras de Josino, pastor do Serro (1807):


Lira 11 – 2ª parte

Se acaso não estou no fundo Averno,
padece, ó minha Bela, sim padece
o peito amante, e terno,
as aflições tiranas, que aos Precitos
arbitra Radamanto em justa pena
dos bárbaros delitos.

As Fúrias infernais, rangendo os dentes,
com a mão escarnada não me aplicam
as raivosas serpentes;
mas cercam-me outros monstros mais irados:
mordem-se sem cessar as bravas serpes
de mil, e mil cuidados.

Eu não gasto, Marília, a vida toda
em lançar o penedo da montanha;
ou em mover a roda;
mas tenho ainda mais cruel tormento:
por coisas que me afligem, roda, e gira
cansado pensamento.

Com retorcidas unhas agarrado
as tépidas entranhas não me come
um abutre esfaimado;
mas sinto de outro monstro a crueldade:
devora o coração, que mal palpita,
o abutre da saudade.

Não vejo os pomos, nem as águas vejo,
que de mim se retiram quando busco
fartar o meu desejo;
mas quer, Marília, o meu destino ingrato
que lograr-te não possa, estando vendo
nesta alma o teu retrato.

Estou no Inferno, estou, Marília bela;
e numa coisa só é mais humana
a minha dura estrela:
uns não podem mover do Inferno os passos;
eu pretendo voar, e voar cedo
à glória dos teus braços.
Tomás Antônio Gonzaga

Liras de Jonino, pastor do Serro

Íxion co’a roda parou,
Não sobe Sísifo ao monte,
Descansa o velho Caronte,
O abutre a Tício deixou;
Tântalo d’água provou,
Que a seu pesar lhe é vedada,
Foi a pena comutada
Por divina, alta clemência,
Por lhes servir de indulgência
Os anos da nossa Amada.

José Joaquim Lisboa


Nos versos de Lisboa, “a inovação mitológica perde o caráter de correlativo da emoção para tornar-se mero recurso verbal”, considera Antonio Candido. Já em Gonzaga, existe a combinação alegórica com a expressão sentimental.

O que pode ser observado é o abandono e o “repúdio à moda greco-romana”. Sousa Caldas, em 1790, na Carta Marítima, já apresenta “rejeição” ao “sistema greco-romano”:
“Como é louco e bárbaro o sistema de educação que os europeus têm adotado! Tomaram dos gregos e dos romanos o que estes tinham de pior; aprenderam a fazer-se pedantes e esqueceram-se de fazer homens. A adolescência, idade preciosa, gasta-se em granjear vícios e decorar coisas muitas vezes inúteis. [...]”

Antonio Candido encerra o subcapítulo abordando a ruptura com a idealização clássica, e mostra que a liberdade expressional em torno de uma maior diversidade temática na poesia e na prosa é o que vai ocorrer.

sábado, 5 de março de 2011

Arandi Robson Martins Câmara



Bethânia Lima Silva
Carmela Carolina Alves de Carvalho
Cássia de Fátima Matos
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Maria Aparecida da Costa Gonçalves Ferreira
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Aldinida Medeiros Souza
Andreia Maria Braz da Silva
Andrey Pereira de Oliveira
Antônio Fernandes de Medeiros Jr




Arandi Robson Martins Câmara [5-3-2011]

Editora Itatiaia, 2000:
De p. 201 [ início do subcapítulo “3. Mau gosto”] “ Lendo a uns e outros, parece-nos aliás que só foram poetas”...

Até p. 202 ...”cujos limites não precisavam extravasar um Claudio Manuel ou um Basílio da Gama.”



Como vimos nos subcapítulos estudados, os escritores da geração anterior representam o ponto máximo da contribuição brasileira ao Arcadismo da literatura comum. Comparados a eles, os que veremos agora marcam acentuado declínio, ou seja, como próprio título do tópico sugere, o Mau Gosto está presente nos poetas deste término de Arcadismo.

Antonio Candido diz que foram poetas porque o verso era veiculado quase obrigatoriamente. O "Mau Gosto" dos poetas era um verdadeiro desvio da sensibilidade. A falta de bom gosto estava presente na escolha das imagens, das palavras e conceitos utilizados nos poemas.

O pesquisador exemplifica tais características, inicialmente, com a obra de José Bonifácio. Segue uma ode do poeta que principia assim:

As nítidas maminhas vacilantes
Da sobre-humana Eulina,
Se com férvidas mãos ousado toco,
Ah! Que me imprimem súbito
Elétrico tremor que o corpo inteiro
Em convulsões me abala!


Nesses versos, tudo é de uma falta de gosto exemplar. Destacamos, a imagem do desejo assimilado ao choque elétrico e a expressão "maminhas", prodígio de vulgaridade que provoca riso na primeira linha e o leva pelas outras a escandir todo o poema.

Outro poeta com características semelhantes é Borges de Barros com seu prosaísmo inoportuno.
Os neologismos são outra ocorrência do mau gosto em que se fundem substantivo e adjetivos, sujeito e complementos. José Bonifácio com dificuldade de transpor ao português os versos densos e sintéticos do grego foi levado a recomendar este processo. Eis alguns exemplos: Olhiamorosa, Docirisonha, Bracirósea.

Candido assinala que na poesia e nos sermões desse tempo grassa, pois, um preciosismo do pior gosto, enfático, vazio, em que o termo raro, a imagem descabida, a construção arrevesada até a obscuridade são apoios duma inspiração pobre, em fase de decadência.

Em seguida, cita Francisco de São Carlos e Natividade Saldanha como pertencentes também do grupo do "Mau Gosto". Esses, incapazes de criar com elementos normais da língua, utilizavam-se de palavras complicadas. Seguem alguns exemplos: ao invés de escrever “o peixe”, preferia “aqüícola”, “os romeiros devotos”, “Romípetas”, “os doutores da Igreja”, “pulcos celicultores”, entre outros.

Por fim, Antonio Candido afirma que os poetas Claudio Manuel e Basílio da Gama não precisaram utilizar desses elementos de mau gosto.