sábado, 8 de maio de 2010

Massimo Pinna


Orlando Brandão Meza Ucella
Peterson Martins
Renan Marques Liparotti
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Aldinida Medeiros Souza
Andreia Maria Braz da Silva
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara
Carmela Carolina Alves de Carvalho
Cássia de Fátima Matos
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Edlena da Silva Pinheiro
Edônio Alves Nascimento
Eldio Pinto da Silva
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Kalina Naro Guimarães
Lígia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza


Massimo Pinna [8-5-2010]



Editora Itatiaia, 2000:
da p. 158: [em meio ao começo do subitem O autor oculto]
" Isto parece provar que o autor envolveu aos três, e só a eles, numa
névoa de equívocos,"[...]
até a p. 161: [final do capítulo 3 e do subitem Posição de Critilo]
[...] "Que a força da paixão assopra a chama
A chama ativa do picante gênio.
(XII) "



Candido afirma que o autor envolve os três possíveis autores e que entre eles, está Critilo, o qual devia ser magistrado, namorado e poeta, coadjuvado pelos outros dois a realizar o poema. Cláudio, com certeza, não foi o autor dessa obra, pois escreveu muito pouco depois de 1780 e os seus versos depois de 1770 são de qualidade inferior às Cartas Chilenas, poema de estilo elevado.

A sátira de Critilo é muito marcante e demonstra a força emocional e intelectual que o autor projetou nela, sem preocupar-se muito com a estética do texto.

Em alguns versos citados por Candido, das 1ª e 3ª cartas, pode-se notar um tom melancólico, enquanto que na 4ª epístola o tom se torna áspero e ensimesmado, e o autor, a causa do estado emocional, descuida do lado artístico.

Critilo é consciente de saber escrever bem, em um tom familiar, típico do realismo neoclássico, mas, às vezes, a lógica da composição é submetida ao objetivo principal, o combate - onde a sátira representa o instrumento príncipe – e a questão estética fica em segundo plano. Mesmo que o autor tenha comprovadas capacidades poéticas, o tom panfletário prevalece para satisfazer os (res)sentimentos pessoais, e, dessa forma, se revelam explicitamente alguns traços da personalidade dele. Através das cartas denota-se também a sua familiaridade com as normas jurídicas, em respeito às quais demonstra grande apego, revelando ser um profissional do ramo.

Além das mágoas que demonstra contra o Fanfarrão, o autor preocupa-se com o contraste entre o valor das pessoas e a posição social delas. Candido cita dois pequenos trechos das cartas 1ª e 6ª, nas quais Critilo manifesta indignação pelo fato de o Fanfarrão violar a moral e o direito, mas também continua mostrando o seu ódio pessoal pelo governador. Este egocentrismo faz com que o poema se torne mais vivo e seja um meio para poder melhor julgar. No final da leitura das Cartas é mais acentuado e definido o seu caráter que o do próprio Fanfarrão.

Posição de Critilo

A atitude de Critilo revela uma revolta mais pessoal - enquanto jurista profissional - do que de caráter abstrato e universal. Também Candido considera as Cartas mais uma manifestação do intelectual jurista do que do nativo brasileiro: é o teórico do direito que se opõe ao Fanfarrão e aos abusos dele. É significativo o fato de Critilo nunca criticar o governo da cidade, que atua da mesma forma do Fanfarrão, evidenciando cada vez mais o rancor pessoal contra o objeto-sujeito da sua invectiva. Em fim, Critilo, apesar da sua posição social, não se sente mais seguro em um contexto social modificado, no qual não são garantidos os privilégios adquiridos pela elite.

A sátira de Critilo, homem “bem-pensante e honrado”, nos diz Candido, desvendava através da sua obra “as iniquidades potenciais do sistema”, tornando-se assim um poema de valor político e também um espelho da época. O poema foi para o autor, de um lado, uma vingança de um homem humilhado, e de outro, uma denúncia ao abuso de poder do Governador-Fanfarrão.

Candido, no último trecho chama o autor de Critilo-Gonzaga, confirmando de maneira ainda mais explícita as suas conclusões sobre qual seria o mais provável autor das Cartas Chilenas.