sábado, 15 de setembro de 2018









Eide Justino Costa





Eldio Pinto da Silva
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro Saraiva
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosiane Mariano
Terezinha Marta de Paula Peres

Adriana Vieira de Sena
Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
Edlena da Silva Pinheiro





Marcos Falchero Falleiros [15-09-2018]

Edição: Martins, 1971, VOL.2:
da p. 223       – no visor PDF: p. 533:     "Esta força de Alencar ” [...]
até a p. 226   – no visor PDF: p. 535    [...] “cenário da sua obra.”


Segundo Antonio Candido, ainda que seja de gosto suspeito o Alencar criador de mitos heroicos como o de Peri, não se deixar fascinar com isso seria sinal de imaginação ressecada e envelhecida. Como um Walter Scott em versão nacional, Alencar deu curso ao legado de Gonçalves Dias, criando o índio ideal com a “mentirada gentil” que ainda infesta os batistérios para compensar nossa condição mestiça com o orgulho de uma raça heroica.

Por exemplo: a cena de Ubirajara em que o herói lança setas vigorosas de cada um dos arcos das nações guerreiras, para firmar entre elas um pacto de amizade, comprova a imaginação adolescente oculta sob as barbas neurastênicas do Conselheiro Alencar, velho precoce.

O outro Alencar, o do bailado das mocinhas cândidas e rapazes bons, trabalha com o ritmo do obstáculo para a dança dos enredos, onde a mulher predomina como fulcro da energia narrativa. Com exceção de Tronco do ipê, é o que se vê em Cinco minutos, A viuvinha, Diva, A pata da gazela, e Sonhos d’ouro, com destaque deste último  para a  equilibrada dignidade da personagem Guida.

Mas nos romances do sertão, como  O sertanejo, O gaúcho, onde os homens são o destaque, Alencar não conduz o enredo para o desfecho da união feliz, como se assim fosse necessário para tornar mais convincente sua fibra heroica, em contraposição à refinada elegância mundana dos romances urbanos,  “de salão”.


Um terceiro Alencar pode ser chamado de um Alencar para adultos, quando, sem ênfase no aspecto heroico ou elegante, os personagens ganham um contorno aquilino. Ainda que já apareça difusa nos outros livros, tal característica mostra-se marcadamente em Senhora e Lucíola, únicos livros em que homens e mulheres defrontam-se em situação de igualdade. Densidade humana e rasgos atrevidos  aparecem em Til, com Berta e, descrito com sangue frio naturalista, com o cretino epilético Brás, como também na orgia vermelha de Lucíola. Essa terceira dimensão revela em Alencar o mesmo desejo de coisa nova e liberdade de gestos que o levou à busca de diversidade para os cenários de sua obra.