Giorgio de Marchis
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Paiva
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Valeska Rocha da Silva
Massimo Pinna
Mona Lisa Bezerra Teixeira
Peterson Martins
Peterson Martins
Rosanne
Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Thayane de Araújo Morais
Terezinha Marta de Paula Peres
Valeska Limeira Azevedo Gomes
Afonso Henrique Fávero
Andrey Pereira de Oliveira
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara
Bethânia Lima Silva
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Edlena da Silva Pinheiro
Eide Justino Costa
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Francisco Roberto Papaterra Limongi
Mariutti
Giorgio de Marchis [4-5-2013]
Edição: Martins,
1971:
da
p. 296: “O leitor de Chateaubriand percebe logo
quanto lhe deve Monte
Alverne” [...]
até a p. 299:
[...]
"Que no céu rugindo passa.
Hiena
que despedaça
Minha mais bela ilusão!”
Formação da Literatura
Brasileira nos apresenta um Frei Francisco do Monte Alverne que muito deve a
Chateaubriand e também como o autor que primeiro difunde no Brasil uma atitude
romântica perante a religião. Deste ponto de vista, extremamente interessante é
a análise de Candido das Obras oratórias
deste franciscano brasileiro. Nos sermões do autor, a religião se transfigura,
através do filtro dum poderosíssimo e incontornável eu, numa aventura pessoal
que leva o sentimento religioso à dimensão bem mais vaga, inapreensível e,
portanto, romântica da religiosidade.
Apesar da grande unidade de estilo e de temáticas –
provavelmente possível graças à revisão dos textos realizada pelo autor, em
vista da sua publicação por volta de 1850 – o que predomina nestes textos,
segundo Candido, é a acumulação de imagens e conceitos, que aproxima o leitor
(ou o ouvinte) ao objeto, sem levar esse mesmo leitor (ou ouvinte) até lá.
Recusa deliberada, em suma, de qualquer progressão lógica e linear, sem
possibilidade alguma de síntese ou de coerentes conclusões.
Candido, depois de comparar o estilo de Monte Alverne à
oratória da época (Januário da Cunha Barbosa) e a inevitáveis modelos do
passado (Antônio Vieira), considerando uma possível afinidade com outro orador
contemporâneo (Francisco de São Carlos), pergunta-se se não haveria no Brasil
daqueles anos uma linha franciscana da oratória poética, evocativa mais do que
didática, sedutora mais do que esclarecedora, e, sobretudo, caraterizada por
uma desconfiança em relação às possibilidades da palavra.
Como leitor estrangeiro, ao me debruçar sobre um autor
como Monte Alverne, pergunto-me se mais do que a dívida para com Chateaubriand
não terá maior interesse esta dúvida em relação às possibilidades da palavra.
Num Pré-Romantismo que – como noutros contextos periféricos ou semiperiféricos
(Itália e Portugal, por exemplo) – interpretava a modernidade através de moldes
inteiramente dependentes do pensamento iluminista e, no âmbito mais amplo dum
Romantismo prevalentemente interpretado como contribuição cívica e racional do
poeta à construção da Nação, não será a oratória de frei Francisco do Monte
Alverne uma das poucas frestas através das quais a sensibilidade do eu apaga o
Mundo e a emoção romanticamente abafa a lógica linear da razão? Como qualquer
leitor de Antonio Candido sabe, longe dos países centrais, a filiação dos
textos talvez seja menos interessante que a relação com o seu contexto.