sábado, 29 de março de 2014





Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza



Maria Valeska Rocha da Silva
Massimo Pinna
Mona Lisa Bezerra Teixeira
Paulo Caldas Neto
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Arandi Robson Martins Câmara 
Bethânia Lima Silva
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Eide Justino Costa
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa



 



Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza [29-03-2014]

Edição: Ouro sobre Azul, 2007, v. único [parte II]:
da p. 346: “Revisão do Mundo | O verbo literário, simples medianeiro entre a natureza e o intérprete” [...]
até a p. 349: “No Tramonto, finalmente, ela é como a alma das coisas que se retira, sepultando-as na noite privada da sua... fuggente luce.



No tópico Revisão do Mundo, prosseguindo no estudo do início do Romantismo no cenário literário, Candido expõe que os românticos, “operando uma revisão de valores”, impõem pessoalidade à sua visão de mundo, divergindo assim das imagens do “arsenal clássico”, as quais “pressupunham relativa fixidez do sentimento”. Desse modo, “impregnado de relativismo”, o Romantismo possuiria “em grau mais elevado que os clássicos a dolorosa consciência do irreversível”. Como exemplar completo da alma romântica, Candido cita o primeiro Fausto, no qual a angústia do “velho sábio” encontra-se presa ao “sonho de encontrar a perfeita manifestação do ato perfeito” (“Se conseguires fazer com que eu diga ao instante fugaz – ‘Pára, és tão belo!’...”)


A partir do Romantismo, diz Candido, as concepções do homem “sofrem o seu embate”. Estados de ânimo descritos em versos como os de Álvares de Azevedo (“No mundo exausto / Bastardas gerações vagam descridas”) decorrem da vitória da “cultura urbana contemporânea, sobre o passado em grande parte rural do Ocidente”; problemática que é colocada por Goethe no segundo Fausto, no que diz respeito às violentas transformações de uma modernidade incipiente, na qual o último empecilho para o “velho sábio” é representado pelo horto no qual Filemon e Baucis “prolongam a visão bucólica e o ritmo agrário da existência”, o que, contudo, é destruído por Fausto em sua ânsia pelo domínio da natureza. Segundo Candido, “Na consciência romântica, o horto de Filemon representa a alternativa condenada, a que o homem moderno se apega, ou que destrói, para curtir no remorso a nostalgia do bem perdido”.


Como bem observou Marcus Vinicius Mazzari em leitura anterior (21-12-2013), a “magia romântica” teria então desalojado o “encanto” árcade, no que diz respeito à visão da natureza, o que pode ser confirmado na “magia” com que os poetas românticos traduzem a lua, pois a “antiga Selene”, conforme Candido, “Deixa de ser a referência unívoca, a divindade imutável de todos os momentos, para se tornar uma realidade nova a cada experiência, soldando-se ao estado emocional do poeta”.