sábado, 14 de setembro de 2019



Thayane de Araújo Morais











Adriana Vieira de Sena
Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Mácio Alves de Medeiros
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro Saraiva
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rosiane Mariano
Terezinha Marta de Paula Peres






Thayane de Araújo Morais [14-09-2019]



Edição: Itatiaia, 2000, VOL.2:
da      p.  no visor da obra em pdf: p. 571:  [título do capítulo]  "3. Poesia e oratória em     
                                                                                                                 Castro Alves "[...]
até  a p. no visor da obra em pdf: p. 573 :  [...]“apenas nas combinações sonoras”.




Um poeta que sente com intensidade a obscuridade ao redor de si. Neste início de seção, forma-se a imagem de Castro Alves, rodeado pelas dialéticas formadoras da poesia romântica. A construção temática que explora as dores causadas pelas injustiças, como a escravidão, faz-se tão forte que Antonio Candido fundamenta a estética do poeta na contraposição entre a realidade cotidiana desalumiada e a potencialidade retórica dessa construção. Como diz o autor, “esta luminosidade o envolve num halo perene” que reflete em seus poemas.

 De tais características surgem as comparações. Castro Alves, por sua qualidade estética, uniu-se a Gonçalves Dias nas pontas da “curva poética desse tempo”. Candido relega ao vale do gráfico os poetas com “fisionomia mais ou menos convencional” que alcançaram expressividade, caso de Fagundes Varela na parte anterior, mas se mantém em uma dinâmica constante, quase sem alterações. Nesse ponto, é reforçada a definição de “poeta humanitário” que cantou os oprimidos, referindo-se principalmente ao povo negro, com um senso de justiça mais aguçado que o de Varela, por exemplo.

A luminosidade de Castro Alves se deve não só ao fervor da “movimentada elocução”, que Antonio Candido enxerga em diversos nomes da época, mas evidencia em Alves seu apogeu, o que dá um “poder excepcional de comunicabilidade” à poesia desse expoente do Romantismo. Deve-se a ele também a mudança na maneira de enxergar o “eu” que impulsiona a poética. Castro Alves supera “o drama da segunda geração romântica”, fundamentada na projeção dos desajustes internos como responsáveis pelos problemas da sociedade. Em Alves, as contradições existentes no humano nada mais são do que consequência das turbulências sociais, e não causadoras delas. A dialética romântica continua em vigor, mas é apresentada em uma nova maneira de “sentir o conflito”. A realidade presente na lida cotidiana aflige porque faz parte de um “drama mais amplo e abstrato”: a fatalidade da condição humana que corre sem boias no rio descomedido da história.   

Por esse teor, Castro Alves “encarna as tendências messiânicas do Romantismo” com apuro. Sobre isso, Candido aponta o “complexo de Ahasverus”. O “Judeu errante” simboliza a busca contínua por redenção e justiça e daí, segundo o autor, vem a particularidade da poesia de Castro Alves, que acrescenta àquela simbolização a noção de “gênio”: “se o poeta pode e deve exprimir este processo, é porque também a sua vida e espírito são um permanente agitar-se, um conflito de forças e contradições”.