sábado, 9 de abril de 2011

Marcos Falchero Falleiros




Cássia de Fátima Matos
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Maria Aparecida da Costa Gonçalves Ferreira
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Aldinida Medeiros Souza
Andreia Maria Braz da Silva
Andrey Pereira de Oliveira
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara
Bethânia Lima Silva







Marcos Falchero Falleiros [2-4-2011]

Edição: Martins, 1971:
de: p. 206 : [início do capítulo 4 "Sensualidade e Naturismo"] "Registrados os traços devidos ao empobrecimento de normas e" ...
até: p. 208 : "Qu'indo ao prado colher flores,
A flor que tinha, perdeu...
("Ode") "

Em “Sensualidade e naturismo”, Antonio Candido demonstra que depois da contenção relacionada ao empobrecimento de normas e concepções, houve a hipertrofia que rompeu véus e negaceios eróticos por uma viva sexualidade, quando a paixão das manifestações anteriores é substituída pela expressão do desejo puro e simples.

Como não podia deixar de ser, reaparece, entre os exemplos, o José Bonifácio que vimos alucinado pelas nítidas maminhas vacilantes de Eulina. Ainda com Eulina, ele continua o mesmo, o “sangue ferve”, e Candido qualifica como “passo brutal”, a meio caminho entre as brejeirices pastorais e as descrições obscenas de Bocage, os versos em que o poetastro confessa ficar molhadinho: “Se te vejo, as entranhas se me embebem/ De insólito alvoroço”.

O crítico lembra que essa franqueza de sensualidade pressagia Teófilo Dias e Carvalho Júnior [ride às bandeiras despregadas com “Os primeiros baudelairianos”, um dos ensaios de Antonio Candido em “A educação pela noite”: ali aparece citada uma das delicadezas [1879] de Carvalho Júnior:
“Mulher! ao ver-te nua, as formas opulentas
Indecisas luzindo à noite sobre o leito,
Como um bando voraz de lúbricas jumentas” [...] ]

Observa ainda que a paráfrase de “Cânticos dos cânticos” do robusto Patriarca substitui as “tradicionais abelhas de Anacreonte”, transformando as bichinhas diligentes em “férvidos desejos”, que pulam do coração para sugar com beijos vorazes a rosa-boca - e então, saciado... : “A língua sitibunda/ De néctar divinal todo me inunda”. {"sitibunda" no bom sentido significa "sedenta"]

Seguem outros “lindos casos” [como diria Simão Bacamarte em “O alienista”, M. de Assis]: Vilela Barbosa contém-se um pouco mais na “euforia glandular”, mas continua muito saidinho: “pelas veias escumando airoso/ Vai de tropel o petulante sangue/ Proclamando justiça” [!!!]

Elói Ottoni: mantém-se longe dos gritos do sexo, mas não retoma o decoro dos primeiros árcades, como por exemplo quando traduz ou parafraseia um poema espanhol: a estorinha é a seguinte: Dorila, mimosa, alegre como Maio, mais formosa que as graças, foi no mato colher flores, mas voltou confusa, afligida e chorosa. Tudo indica que: “indo ao prado colher flores, a flor que tinha perdeu...”