Érika Bezerra Cruz de Macedo
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro Saraiva
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosiane Mariano
Terezinha Marta de Paula Peres
Adriana Vieira de Sena
Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Bethânia Lima Silva
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Érika Bezerra Cruz de Macedo [13-10-2018]
Edição: Martins, 1971, VOL.2:
da p. 228 – no
visor p. PDF: p. 537: [subtítulo] “Desníveis ” [...]
até a p. 230 – no visor p. PDF: p. 539:
[...]”do homem na fuga do tempo”.
Para o mestre Antonio Candido, a forma literária não
é uma abstração; ela é historicizada, portanto, intimamente relacionada com o
contexto sócio-político. Sob tal perspectiva, o Romantismo aporta em terras
brasileiras numa realidade muito diferente daquela em que surgiu no contexto
europeu de ascensão do capitalismo e da modernidade.
Na cena enunciativa pátria, o Brasil há pouco se
tornara independente, e a literatura assumia uma posição de destaque como
elemento expressivo das preocupações em construir o país. Era recorrente, entre
os autores do período, a ideia de missão nacional que os incumbia de relevarem
os elementos primordiais de nossa origem, engrandecerem a natureza e seu povo,
serem fieis ao que haveria de mais autêntico em nossa cultura, descobrindo
assim a identidade brasileira através da qual seria concebida também a nossa
literatura própria.
Naquele contexto, um conceito importante despontava:
a identidade. E como esta é relacional, só pode ser elaborada a partir de seu
antônimo - a ideia de diferença. Evidencia-se nisso que a busca de muitos
autores do Romantismo, dentre eles José de Alencar, pela identidade nacional
brasileira e pelas características essenciais do Brasil, foi um elemento
marcante e muito importante na forma como ela se desenvolveu, uma vez que era
perpassada pelo olhar lançado ao diferente, ao outro, considerando-se esse
outro sob aspectos sociais, políticos, econômicos, estéticos, culturais,
espaciais e temporais.
Inserido num projeto artístico-cultural de afirmação
nacional e construção de uma consciência literária, José de Alencar destacou-se
na expressão da dialética entre o localismo e o cosmopolitismo, e esse
engajamento em busca da “cor local” leva o autor a fazer das diferenças uma das
molas de sua ficção.
E é exatamente o acento dado às diferenças presentes
tanto nas condições sociais quanto nas relações temporais que Candido destaca
nessas páginas. No referente às primeiras, os desníveis sociais atuam como “elemento
dinâmico na psicologia e na própria composição literária”, sendo peculiares a
toda obra alencarina, uma vez que são vistos não só nos romances urbanos e
sertanistas, mas também nos indianistas, encetando assim “uma diferença de
disposições e comportamentos que é a essência do seu processo narrativo”.
A esses desníveis de situação aliam-se as
diferenças entre o passado e o presente, sendo este último governado pelas
coisas que já foram, as quais não só conduzem a narrativa, mas se revelam em
momento propício, aliando-se tanto à interpretação da conduta das personagens
quanto ao desejo romântico de “ancorar o destino do homem na fuga do tempo”.