sexta-feira, 12 de outubro de 2018







Érika Bezerra Cruz de Macedo






Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro Saraiva
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosiane Mariano
Terezinha Marta de Paula Peres

Adriana Vieira de Sena
Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis






Érika Bezerra Cruz de Macedo [13-10-2018]

Edição: Martins, 1971, VOL.2:
da p. 228       – no visor p. PDF: p. 537: [subtítulo] “Desníveis ” [...]
até a p. 230   – no visor p. PDF: p. 539: [...]”do homem na fuga do tempo”.


Para o mestre Antonio Candido, a forma literária não é uma abstração; ela é historicizada, portanto, intimamente relacionada com o contexto sócio-político. Sob tal perspectiva, o Romantismo aporta em terras brasileiras numa realidade muito diferente daquela em que surgiu no contexto europeu de ascensão do capitalismo e da modernidade.


Na cena enunciativa pátria, o Brasil há pouco se tornara independente, e a literatura assumia uma posição de destaque como elemento expressivo das preocupações em construir o país. Era recorrente, entre os autores do período, a ideia de missão nacional que os incumbia de relevarem os elementos primordiais de nossa origem, engrandecerem a natureza e seu povo, serem fieis ao que haveria de mais autêntico em nossa cultura, descobrindo assim a identidade brasileira através da qual seria concebida também a nossa literatura própria.


Naquele contexto, um conceito importante despontava: a identidade. E como esta é relacional, só pode ser elaborada a partir de seu antônimo - a ideia de diferença. Evidencia-se nisso que a busca de muitos autores do Romantismo, dentre eles José de Alencar, pela identidade nacional brasileira e pelas características essenciais do Brasil, foi um elemento marcante e muito importante na forma como ela se desenvolveu, uma vez que era perpassada pelo olhar lançado ao diferente, ao outro, considerando-se esse outro sob aspectos sociais, políticos, econômicos, estéticos, culturais, espaciais e temporais.


Inserido num projeto artístico-cultural de afirmação nacional e construção de uma consciência literária, José de Alencar destacou-se na expressão da dialética entre o localismo e o cosmopolitismo, e esse engajamento em busca da “cor local” leva o autor a fazer das diferenças uma das molas de sua ficção.


E é exatamente o acento dado às diferenças presentes tanto nas condições sociais quanto nas relações temporais que Candido destaca nessas páginas. No referente às primeiras, os desníveis sociais atuam como “elemento dinâmico na psicologia e na própria composição literária”, sendo peculiares a toda obra alencarina, uma vez que são vistos não só nos romances urbanos e sertanistas, mas também nos indianistas, encetando assim “uma diferença de disposições e comportamentos que é a essência do seu processo narrativo”.


A esses desníveis de situação aliam-se  as diferenças entre o passado e o presente, sendo este último governado pelas coisas que já foram, as quais não só conduzem a narrativa, mas se revelam em momento propício, aliando-se tanto à interpretação da conduta das personagens quanto ao desejo romântico de “ancorar o destino do homem na fuga do tempo”.