Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Maria Valeska Rocha da Silva
Massimo Pinna
Paulo Caldas Neto
Peterson Martins
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais
Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Bethânia Lima Silva
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Eide Justino Costa
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Francisco Roberto Papaterra Limongi
Mariutti
Giorgio de Marchis
Jackeline Rebouças Oliveira [13-06-2015]
Edição: Martins, 1971, VOL.2:
da p. 83: [PDF-+-p. 403] “Mas já nesse
tempo, o povo tinha adotado o poeta, repetindo
e
cantando”[...]
até a p. 85: [PDF-+-p. 405] [...] “ Nem outras mãos, Jatir, que não as tuas,
A arasóia na cinta me apertaram”
Na página anterior,
Antonio Candido apresenta Gonçalves Dias como o verdadeiro criador da
literatura nacional que consolidou o Romantismo pelas qualidades superiores de
inspiração e por possuir uma consciência artística acima de seus antecessores.
Foi admirado e seguido por diversos poetas e serviu de exemplo para os seus
sucessores. Com os Primeiros Cantos o
poeta causou uma revolução nacional, “a ponto de todos acordarem ao mesmo
tempo, e o autor se ver exaltado muito acima do seu merecimento”, diz Candido.
Essa obra serviu de
experiência para os demais escritores que tomaram como referência e aprenderam com
ele os padrões do Romantismo. Contudo, no que se refere à poesia nacional, os
seus sucessores, apesar de terem dado um grande destaque ao índio, jamais
conseguiram dar, como ele, a mesma
dimensão poética em relação ao tema. A
esse respeito, o crítico afirma que o indianismo em Gonçalves Dias vai muito
além do modo de ver a natureza em profundidade, pois retrata junto à realidade
o sentido heroico da vida.
O indianismo
Esse tópico versa
sobre as poesias americanas de Gonçalves Dias. Para Antonio Candido, essas
poesias se aproximam do medievalismo coimbrão. Isso se dá porque Gonçalves Dias
incorporou em suas poesias temas do passado. O índio tem por modelo o cavaleiro
medieval, herói, nobre e guerreiro fiel aos deveres tribais. Por isso, Sextilhas de frei Antão, O soldado espanhol,
O trovador, (poemas medievais), possuem uma certa simetria com os Timbiras, i-Juca Pirama, a Canção do Guerreiro,
que reduzem o índio aos padrões de cavalaria.
Ainda seguindo essa
perspectiva, o crítico destaca que Gonçalves Dias como poeta dá uma visão geral
do índio, pois retrata as cenas e feitos de um índio qualquer, não se
preocupando em identificá-lo, já que a identidade serve apenas para dar um padrão. Essa forma de
caracterizar o índio o torna bem diferente do que faz o romancista Alencar, que
particulariza o seu personagem, criando uma identidade e, por isso, acaba
“tornando-o mais próximo à sensibilidade do leitor.”
Não há como negar
que a forma peculiar de Gonçalves Dias expressar-se em suas poesias com uma
grande riqueza temática e multiplicidade de assuntos fez dele um poeta
extraordinário. O prisioneiro de Juca
Pirama e o tamoio da Canção dão um bom exemplo da
grandiosidade desse escritor. Apesar de serem ”vazias de personalidade”, a
“riqueza simbólica” é incomparável, por
isso, são consagrados na literatura brasileira.
É relevante notar
que Gonçalves Dias trouxe para a literatura brasileira muitos temas que
servirão de modelos para os demais escritores. Sobre isso, Antonio Candido
afirma que o poeta soube incorporar em seus versos o detalhe pitoresco da vida
americana sob um ângulo romântico e europeu, onde mistura medievalismo,
idealismo e etnografia, tendo como resultado uma escrita nova, que nos faz sentir os velhos
temas da poesia ocidental.
A esse respeito, o
crítico cita como exemplo a figura da marabá. Mulher de dois sangues, por ter
mãe índia e pai europeu, a marabá, apesar de ter uma beleza incomparável, sofre
por ser rejeitada por sua tribo, pois possui característica de uma europeia.
Para o crítico, a marabá é um desses “monstros românticos” cuja fatalidade é
ficar aquém da plenitude afetiva:
Meus
olhos são garços, são cor das safiras,
Têm
luz das estrelas, têm meigo brilhar;
Imitam as nuvens de um céu anilado,
As cores imitam das vagas do mar!
Se algum dos guerreiros não foge a meus passos:
- “Teus olhos são garços”,
Responde enojado, "Mas és Marabá:
“Quero antes uns olhos bem pretos, luzentes,
“Uns olhos fulgentes,
“Bem pretos, retintos, não cor d'anajá!”
Imitam as nuvens de um céu anilado,
As cores imitam das vagas do mar!
Se algum dos guerreiros não foge a meus passos:
- “Teus olhos são garços”,
Responde enojado, "Mas és Marabá:
“Quero antes uns olhos bem pretos, luzentes,
“Uns olhos fulgentes,
Por fim, Antonio
Candido analisa uma estrofe do poema o Leito
de Folhas Verdes. Segundo o autor, esse poema é uma obra-prima do exótico,
pois Gonçalves Dias utiliza o ambiente para expressar um tipo de emoção que na
verdade independe do ambiente. É a combinação de detalhes feita na lírica que
causa toda a emoção, tanto que uma simples referência à arazoia (tanga de
penas) “faz a emoção vibrar numa totalidade desusada, que refresca e torna a
mais expressiva a declaração de amor”:
Meus
olhos outros olhos nunca viram,
Não sentiram meus lábios outros lábios, Nem outras mãos, Jatir, que não as tuas
A arazóia na cinta me apertaram.
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