Thayane de Araújo
Morais
Adriana Vieira de
Sena
Afonso Henrique
Fávero
Alynne Ketllyn da
Silva Morais
Antônio Fernandes de
Medeiros Jr
Bethânia Lima Silva
Daniel de Hollanda
Cavalcanti Piñeiro
Eide Justino Costa
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria
Álvares dos Santos
Érika
Bezerra Cruz de Macedo
Francisco Roberto
Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Jackeline Rebouças
Oliveira
Joana Leopoldina de
Melo Oliveira
Juliana Fernandes
Ribeiro Dantas
Kalina Naro
Guimarães
Kalina Alessandra
Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de
Melo
Manoel Freire
Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias
Ribeiro Saraiva
Marcos Falchero
Falleiros
Marcus Vinicius
Mazzari
Maria Aparecida da
Costa
Maria do Perpétuo
Socorro Guterres de Souza
Maria Valeska Rocha
da Silva
Massimo Pinna
Paulo Caldas Neto
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Terezinha Marta de
Paula Peres
Thayane de Araújo Morais [17-09-2016]
Edição: Martins,
1971, VOL.2:
da p.
133 [PDF +- p. 449]
“Recursos narrativos/ Se encararmos mais de perto a composição desses livros,
duas”[...]
até a p. 135:
[PDF +- p. 451] [...] [final da seção]“opinião branca pela
autoridade do Cântico dos cânticos...”
Abrindo a seção
recursos narrativos, Candido tece considerações a respeito das obras de
Teixeira e Sousa, indicando dois pontos que chamam a atenção: a utilização do
passado e a integração não orgânica das partes. A fatalidade e o mistério são
métodos utilizados, sendo o primeiro expresso pela sequência temporal dos fatos
(atrelado ao passado citado acima); e o segundo, ganha contornos na ambientação
de “eras e lugares” (ligado às digressões narrativas), levando ao que ele aponta
como uma marca deste autor: a ambientação no século XVIII e a tendência ao
romance histórico, embora somente Gonzaga seja considerado um “romance
histórico no sentido estrito”.
A recorrência a fatos e personagens históricos se faz
presente por meio de acontecimentos como o incêndio do Recolhimento do Parto em
As fatalidades de dois jovens e nomes
como o de Gomes Freire, em Tardes de um
pintor. Junto a isto, Teixeira e Sousa adentra pelo retrospecto biográfico dos
personagens em “partes justapostas” que produzem o que Antonio Candido chama de
“Romances-minhoca”. O corte de uma parte não prejudicaria a desenvoltura das demais,
“são impérios dentro de um império, elaborados pela técnica da digressão”.
Em meio aos diálogos repletos de intervalos, descrições e
narrações longas, e um “estilo difuso e abundante”, o autor extrapola na
desordem da estética e da escrita, e até certo ponto Candido evidencia uma
intencionalidade. Como característica positiva, ressalta-se a minúcia na
composição dos episódios, aspecto que propicia a “fidelidade documentária” e o
apego à descrição de tipos e costumes, como festas religiosas e a reprodução de
diálogos, mesmo que de forma pitoresca no caso do último. Candido ressalta
ainda a afeição do autor pelos negros e mestiços, retratados em figuras
importantes a exemplo do herói Botocudo, mameluco, e a “beldade negra”,
contemplada em suas descrições.
Um comentário:
Marcos comentou em 04-10-2016 a leitura de Thayane:
Com racionalidade discursiva cristalina, Thayane formula síntese precisa dos equacionamentos com que, destacando os aspectos da fatalidade e do mistério, Antonio Candido caracteriza o folhetim de Teixeira e Sousa. Apreende com espirituosidade atilada a divertida classificação de Candido do “romance-minhoca”, relativa aos desdobramentos, ou seccionamentos, que o “nosso bom carpinteiro” vai somando ao enredo entrecortadamente, sem deixar que as partes percam vida. Um dos “figurantes” dessas inserções é Gomes Freire, fidalgo militar português – o, posteriormente, Conde de Bobadela – que, além de muitas outras obras em trinta anos de governança colonial, construiu os Arcos da Lapa:
http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/GomeFrei.html
Outra curiosidade, mencionada no trecho, é a inserção realizada por Teixeira e Sousa em seus enredos de um episódio marcante nos anais da história carioca: o incêndio do “Recolhimento do Parto”, um edifício que abrigava coercitivamente mulheres de vida difícil:
http://rio-curioso.blogspot.com.br/2009/05/recolhimento-do-parto.html
Acrescente-se que o sentido de “folhetim”, aqui utilizado por Antonio Candido, é o de narrativas rocambolescas (relativo a Rocambole, personagem aventureiro da obra do escritor Ponson du Terrail - 1829-1871). Entretanto, José de Alencar, Machado de Assis, e seus contemporâneos em geral, usavam o termo também no sentido de “crônica”, quando as publicações no rodapé de jornal não se apresentavam como o “folhetim” narrativo, às vezes, autenticamente rocambolescos, fazendo jus ao nome, às vezes publicando em primeira mão e seriadamente grandes romances da literatura brasileira, mas às vezes também veiculando textos na forma cronística de comentários saltitantes sobre frivolidades e seriedades. A respeito, há referência às crônicas de Charles Mazade, da Revue du Deux Mondes, reputadas como ótima fonte de chavões, quando Janjão recebe as lições paternas na “Teoria do Medalhão”, de Machado de Assis, que, em outro contexto, fala do “folhetim”, lato sensu, em “Aquarelas – IV. O folhetinista”, in O Espelho, Rio de Janeiro, domingo, 30-10-1859:
[veja a obra completa de Machado, edição de1997, v. 3, p. 958/ou nova edição de 2015, v. 3, p. 1005, ou, mais interessantemente, o original, na Hemeroteca Digital BN:
http://memoria.bn.br/hdb/periodico.aspx /chamada de pesquisa: O Espelho, ano 1859, edição 9, telas 1 e 2].
Como já foi dito anteriormente em outro comentário, tivemos no Brasil uma grande especialista nas narrativas folhetinescas: Marlyse Meyer, falecida em 2010:
http://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=10602
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