sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Thayane de Araújo Morais





Adriana Vieira de Sena
Afonso Henrique Fávero
Alynne Ketllyn da Silva Morais
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Eide Justino Costa
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro Saraiva
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Maria Valeska Rocha da Silva
Massimo Pinna
Paulo Caldas Neto
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Terezinha Marta de Paula Peres




Thayane de Araújo Morais  [17-09-2016]

Edição: Martins, 1971, VOL.2:
da p. 133      [PDF +- p. 449]     “Recursos narrativos/ Se encararmos mais de perto a composição desses livros, duas”[...]
até a p. 135:  [PDF +- p. 451]   [...] [final da seção]“opinião branca pela autoridade do Cântico dos cânticos...”


Abrindo a seção recursos narrativos, Candido tece considerações a respeito das obras de Teixeira e Sousa, indicando dois pontos que chamam a atenção: a utilização do passado e a integração não orgânica das partes. A fatalidade e o mistério são métodos utilizados, sendo o primeiro expresso pela sequência temporal dos fatos (atrelado ao passado citado acima); e o segundo, ganha contornos na ambientação de “eras e lugares” (ligado às digressões narrativas), levando ao que ele aponta como uma marca deste autor: a ambientação no século XVIII e a tendência ao romance histórico, embora somente Gonzaga seja considerado um “romance histórico no sentido estrito”.



A recorrência a fatos e personagens históricos se faz presente por meio de acontecimentos como o incêndio do Recolhimento do Parto em As fatalidades de dois jovens e nomes como o de Gomes Freire, em Tardes de um pintor. Junto a isto, Teixeira e Sousa adentra pelo retrospecto biográfico dos personagens em “partes justapostas” que produzem o que Antonio Candido chama de “Romances-minhoca”. O corte de uma parte não prejudicaria a desenvoltura das demais, “são impérios dentro de um império, elaborados pela técnica da digressão”.



Em meio aos diálogos repletos de intervalos, descrições e narrações longas, e um “estilo difuso e abundante”, o autor extrapola na desordem da estética e da escrita, e até certo ponto Candido evidencia uma intencionalidade. Como característica positiva, ressalta-se a minúcia na composição dos episódios, aspecto que propicia a “fidelidade documentária” e o apego à descrição de tipos e costumes, como festas religiosas e a reprodução de diálogos, mesmo que de forma pitoresca no caso do último. Candido ressalta ainda a afeição do autor pelos negros e mestiços, retratados em figuras importantes a exemplo do herói Botocudo, mameluco, e a “beldade negra”, contemplada em suas descrições.



Um comentário:

Base de Pesquisa Formação da Literatura Brasileira disse...

Marcos comentou em 04-10-2016 a leitura de Thayane:

Com racionalidade discursiva cristalina, Thayane formula síntese precisa dos equacionamentos com que, destacando os aspectos da fatalidade e do mistério, Antonio Candido caracteriza o folhetim de Teixeira e Sousa. Apreende com espirituosidade atilada a divertida classificação de Candido do “romance-minhoca”, relativa aos desdobramentos, ou seccionamentos, que o “nosso bom carpinteiro” vai somando ao enredo entrecortadamente, sem deixar que as partes percam vida. Um dos “figurantes” dessas inserções é Gomes Freire, fidalgo militar português – o, posteriormente, Conde de Bobadela – que, além de muitas outras obras em trinta anos de governança colonial, construiu os Arcos da Lapa:
http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/GomeFrei.html

Outra curiosidade, mencionada no trecho, é a inserção realizada por Teixeira e Sousa em seus enredos de um episódio marcante nos anais da história carioca: o incêndio do “Recolhimento do Parto”, um edifício que abrigava coercitivamente mulheres de vida difícil:
http://rio-curioso.blogspot.com.br/2009/05/recolhimento-do-parto.html

Acrescente-se que o sentido de “folhetim”, aqui utilizado por Antonio Candido, é o de narrativas rocambolescas (relativo a Rocambole, personagem aventureiro da obra do escritor Ponson du Terrail - 1829-1871). Entretanto, José de Alencar, Machado de Assis, e seus contemporâneos em geral, usavam o termo também no sentido de “crônica”, quando as publicações no rodapé de jornal não se apresentavam como o “folhetim” narrativo, às vezes, autenticamente rocambolescos, fazendo jus ao nome, às vezes publicando em primeira mão e seriadamente grandes romances da literatura brasileira, mas às vezes também veiculando textos na forma cronística de comentários saltitantes sobre frivolidades e seriedades. A respeito, há referência às crônicas de Charles Mazade, da Revue du Deux Mondes, reputadas como ótima fonte de chavões, quando Janjão recebe as lições paternas na “Teoria do Medalhão”, de Machado de Assis, que, em outro contexto, fala do “folhetim”, lato sensu, em “Aquarelas – IV. O folhetinista”, in O Espelho, Rio de Janeiro, domingo, 30-10-1859:
[veja a obra completa de Machado, edição de1997, v. 3, p. 958/ou nova edição de 2015, v. 3, p. 1005, ou, mais interessantemente, o original, na Hemeroteca Digital BN:
http://memoria.bn.br/hdb/periodico.aspx /chamada de pesquisa: O Espelho, ano 1859, edição 9, telas 1 e 2].

Como já foi dito anteriormente em outro comentário, tivemos no Brasil uma grande especialista nas narrativas folhetinescas: Marlyse Meyer, falecida em 2010:
http://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=10602