segunda-feira, 20 de maio de 2013


Jackeline Rebouças Oliveira




Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Paiva
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa Gonçalves Ferreira
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Maria Valeska Rocha da Silva
Massimo Pinna
Mona Lisa Bezerra Teixeira
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Thayane de Araújo Morais
Terezinha Marta de Paula Peres
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Andrey Pereira de Oliveira
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Arandi Robson Martins Câmara 
Bethânia Lima Silva
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Edlena da Silva Pinheiro
Eide Justino Costa
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis








Jackeline Rebouças Oliveira    [18-5-2013]

Edição: Martins, 1971:
da     p. 299:      “ Em Monte Alterne, um grande número de sermões se suspendem”
[...]
até a p. 302:       [final do capítulo][...]  “ graças ao qual se reputava mestre, profeta e
guia mental da jovem pátria.”


Dando continuidade às discussões sobre Frei Francisco de Monte Alverne, o que se pode dizer a respeito é que ele se destacou pelo fato de ter influenciado a primeira geração romântica, com um tipo de discurso que influiria a expressão e o ritmo romântico, além de ter sido um orador que introduziu um sentimento religioso para além da religiosidade tradicional. Segundo as observações de Antonio Candido, nos sermões desse franciscano observa-se que a ênfase recai sobre o “eu”, ou seja, sobre o próprio orador, ponto totalmente diferente da oratória tradicional,  um gênero em que  prevalecia o foco na religiosidade e o orador ficava à margem. O crítico afirma que Chateaubriand influenciou muito o estilo de escrita de Monte Alverne, sendo presença constante no espírito dos sermões, nos temas e na forma. Candido também indica que ele se aproxima bastante do estilo de discurso de São Francisco de São Carlos.


Ainda com relação ao estilo de oratória desse grande franciscano, diz que em Monte Alverne um grande número de sermões fica suspenso no vácuo, sendo sustentados por palavras lançadas sem seguir uma lógica, e a multiplicidade de imagens e conceitos acaba tornando seus sermões bastante prolixos, transformando-os por consequência em grandes perífrases. A técnica utilizada por Alverne é ampliadora e lactante, tendo como aliada a embriaguez verbal, comparável a um Chateubriand irregular e palavroso.


Para justificar o sucesso desse frei, Antonio Candido mostra a importância da junção de três pontos que foram decisivos para romantismo nascente, sendo eles: o exemplo do verbo literário a serviço da pátria, da religião e do eu. Esses pontos serviram de exemplos para gerações formadas depois da independência. A imagem que apresenta de Monte Alverne é a de um homem querido pelo povo brasileiro, efeito do seu tipo de oratória, que associava a imagem a uma grande quantidade de conceitos, além de inserir nos sermões temas históricos.


Por fim, Candido informa que em 1836, o frei, já cego, recolheu-se ao convento, voltando a pregar somente em 1854, ano que produziu o seu famoso sermão, o "2º panegírico de São Pedro de Alcântara", reconhecido pelos contemporâneos e pósteros como sua obra-prima. Com relação a essa obra-prima, Antonio Candido afirma que o compositor escolheu nas obras anteriores o que para ele parecia pertinente e criou um novo discurso. Esse novo discurso tinha um efeito de minucioso compêndio dos seus temas, imagens, palavras e recursos, além de retomar o início do "2º sermão do Santíssimo Sacramento". Foi assim que o orador ressuscitou sua própria esperança na vida, voltando a ter os aplausos de que há muito tempo sentia falta, consagrado na  condição que sempre aspirou ter: a de figura dominante na literatura.





Um comentário:

Base de Pesquisa Formação da Literatura Brasileira disse...

Terezinha Marta de Paula Peres comentou em 6-6-2013 a leitura de Jackeline:
Antonio Candido observa em Monte Alverne forte influência para a primeira geração romântica pela “expressão e o ritmo romântico” que permeiam seu discurso. Mas é possível observar também certo tom de vaidade da parte do orador ao colocar em evidência sua importância como patriota: “O país tem altamente declarado que eu fui uma dessas glórias de que ele ainda hoje se ufana (...) (e) sabe quais foram os meus sucessos neste combate desigual: ele apreciou os meus esforços e designou o lugar a que eu tenho direito entre os meus contemporâneos; pertence à posteridade sancionar este juízo”.
Pode-se pensar que Monte Alverne soube conciliar sua oratória à carência espiritual do povo que ora o ouvia como a “um enviado do Céu, ora o “venerava como a um apóstolo”.
O juízo que o orador faz de si mesmo não ofusca sua performance como “um grande artista do discurso” nem diminui o papel que exerceu como “exemplo literário e guia patriótico”, conforme destaca Antonio Candido, ainda que o uso exagerado de imagens e conceitos transformem os sermões em “vastas perífrases”.