segunda-feira, 18 de junho de 2012




Rousiêne Gonçalves






Terezinha Marta de Paula Peres
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Andreia Maria Braz da Silva
Andrey Pereira de Oliveira
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara
Bethânia Lima Silva
Cássia de Fátima Matos
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Edlena da Silva Pinheiro
Eide Justino Costa
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Paiva
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa Gonçalves Ferreira
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Maria Valeska Rocha da Silva
Massimo Pinna
Mona Lisa Bezerra Teixeira
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano






Rousiêne Gonçalves  [16-6-2012]




Edição: Martins, 1971:   
da p. 258:  “ Se houvesse obrigação de trazer por armas alguma coisa sagrada”[...] 
até a p. 260: [...]  “e que constitui uma das manifestações mais altas da Ilustração no Brasil.“



Sendo a Independência o objetivo máximo do movimento ilustrado, o intelectual pensador, voltado para a aplicação das ideias, ganha lugar. Com acentuado utilitarismo e idealismo humanitário, os gêneros públicos surgem como expressão de tal militância, aparecendo ao público médio.


Frei Caneca é a expressão deste tipo de intelectual em Pernambuco, vive de forma apaixonada a sua missão política, caracterizado por Candido como superior aos panfletários do seu tempo pelo caráter, unidade de visão, cultura e inteligência.


Apresenta na 9ª Carta a ironia aos que lamentam a perda do velho brasão português com fortes expressões de irreverência e nacionalismo pitoresco, comparáveis às utilizadas pelos modernistas. Constatamos em “Se houvesse a obrigação de trazer por armas alguma coisa sagrada ou sobrenatural, e eu fosse consultado sobre este objeto, o meu voto era que em campo vermelho tivéssemos um pé humano branco em lembrança ao apóstolo São Tomé [...]”  a negação da memória à Portugal  e sua incredulidade é evidenciada pela imagem de São Tomé.


Candido ainda nos apresenta a violência do Frei ao criticar de forma direta o Cabido de Olinda. Na 2ª Carta pergunta: mas o que fez o Cabido? “Nada[...]ficou caladinho[...]caladinho!!!”. O estilo panfletário da literatura de Ilustração e com forte militância social, tem deste autor uma grande contribuição não apenas pela teima já evidenciada pela crítica, mas pela sinceridade com a qual construiu seus textos e disso fez sua missão política.

3 comentários:

Base de Pesquisa Formação da Literatura Brasileira disse...

Marcos comentou em 18-6-2012 a leitura de Rousiêne em 16-6-2012:

Esse trecho é fascinante relativamente à verve de Frei Caneca: de tal modo, vejam lá no livro, que Antonio Candido suspendeu o próprio texto para apresentar longas citações do Frei. Os "caladinhos" em bordões obsessivos tal como Caneca qualifica a pusilanimidade do Cabido de Olinda, item por item, são impagáveis. A referência ao Sumé, à lenda do São Tomé, se irmana ao Macunaíma, que se branqueia na água cristã da poça da pegada do santo, o pezão, deixado como marca pelas suas evangelizações à indiada do Brasil, conforme a lenda retomada com muita picardia por Mário de Andrade, no cap. V - Piaimã, de Macunaíma - vejam também esclarecimentos em Roteiro de Macunaíma, de Manuel Cavalcanti Proença [Sumé].

Base de Pesquisa Formação da Literatura Brasileira disse...

Terezinha Peres comenta em 30-6-2012 a leitura de Rousiêne:

Quando Antonio Candido menciona a Bíblia para ilustrar parte da nossa história, nos vem à mente o modo como Pilatos lavou as mãos diante da condenação de Cristo. A aproximação se confirma no silêncio do Cabido de Olinda diante de fatos sociais que o texto coloca em evidência: “derrama-se o sangue precioso do irmão pela mão do irmão”; “os povos divididos entre o erro e a verdade”; “os cidadãos probos caluniados, consternados, trementes, e esperando a cada momento pelo seu degoladouro sobre os altares do interesse e da ambição”.
Os fatos citados nos fazem refletir sobre os porquês da negligência. Tal como Pilatos, o Cabido também tinha o poder de interferir, nesse caso, por meio da orientação e do esclarecimento, no entanto não o fez, lavou as mãos.

Base de Pesquisa Formação da Literatura Brasileira disse...

Marcos comenta em 30-6-2012 o comentário de Terezinha:

Ótima a relação que a noviça rebelde faz entre o Cabido e Pilatos: apesar de não ter nenhum ânimo herético por parte dela, isso nos leva a fantasiar por nossa conta como seria bom se Frei Caneca fosse um evangelista: imaginem o frei narrando o julgamento de Cristo, quando, a respeito de Pilatos, ritmando cada passagem, ao invés de referir-se ao célebre "lavou as mãos", diria: "E Pilatos, caladinho!!"