segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Mácio Alves de Medeiros



Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Maria Aparecida da Costa Gonçalves Ferreira
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Andreia Maria Braz da Silva
Andrey Pereira de Oliveira
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara
Bethânia Lima Silva
Cássia de Fátima Matos
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo






Mácio Alves de Medeiros [5-11-2011]





Edição: Ouro sobre Azul, 2007

Da p. 247: [meados do tópico “A configuração do intelectual”] “Sintoma interessante do que foi dito é a formação, nesse tempo [...]”

Até a p. 248: [final do tópico “A configuração do intelectual”] [...] “onde a fama, quando vinha, podia penetrar no domínio da lenda.”




Encerrando o subcapítulo “As condições do meio”, do Cap. VII – Promoção das Luzes –, é possível perceber na formação intelectual tacanha da nação brasileira o espaço propício para a autovalorização do homem das letras. Neste momento em que o Brasil se configura, (como este comentário em relação ao clamor do coroné), retardatário aderente do “séculos da luzes”, Antonio Candido chama a atenção para dois aspectos, dois temas, inerentes à auréola de simpatia com a qual eram vistos os intelectuais da época.



O “saber universal” é o primeiros dos temas estabelecidos por Candido para fazer referência, nessa fastidiosa louvação, ao autodidatismo em ausência de autocrítica e de concorrência literária, no plano pessoal; à louvação dos confrades e pósteros em detrimento da pouca avaliação crítica da sociedade, que deságua no plano quase folclórico. Nisto, o tema do “saber universal” se mistura ao tema da “Europa curvando-se ao Brasil”. Aqui parece impossível distinguir o suposto nacionalismo exibicionista da alienação intelectualesca reinante, na esguelha da mentalidade de um povo incapaz de distinguir as reais intenções da elite intelectual dominante das exceções de honestidade criativa ou de intencionalidade verdadeiramente literária. Parecia tudo perfeito: a massa elaborando a fama literária com extensões fabulescas (a la locutor de futebol moderno) e o mundo reconhecendo a superioridade do Brasil.



O tema da “obra-prima perdida” é o outro aspecto destacado por Antonio Candido para denunciar, no incipiente progresso do país, desconsiderando assim mesmo a realidade do tema anterior, as dificuldades em publicar e conservar as produções. Dos exemplos de extravios e indícios de existência de textos dos autores citados por Antonio Candido pode inferir outro título para o tema: Em busca das obras perdidas. Desse modo, restou a suspeição, em ausência de provas, no espaço de determinação do real valor das obras não encontradas. Presentes, de fato, elas atestariam o valor do escritor e eliminariam em definitivo o mito da grandeza literária. Contudo, fica a constatação de que contra toda intenção criativa estavam um meio culturalmente pobre e espectadores limitados e parcos. Por isso, em meio a uma provável efervescência do componente folclórico na cultura popular permanecia a imagem de uma nação inculta ao ponto da obra e do intelectual das letras, criados na cultura escrita, serem configurados no terreno da lenda.

Um comentário:

Base de Pesquisa Formação da Literatura Brasileira disse...

Marcela Ribeiro comenta em 15-11-2011 a leitura de Mácio:

Candido nos apresenta a precariedade no nascimento do intelectual brasileiro, o qual, sem condições favoráveis anteriores, cobre-se de glórias autodidatas, inflando orgulhos em lugar da autocrítica necessária, e, numa sociedade em que poucos possuíam seu grau mínimo de saber, destacava-se como detentor do ‘saber universal’, desembocando no espaço mítico, folclórico, quase como um pajé detentor do saber de toda uma tribo, mito este que extrapola as fronteiras nacionais (Europa curvando-se ao Brasil) e cria, como descreveu o colega, um nacionalismo exibicionista da alienação intelectualesca reinante. O segundo ponto tocado, para o qual o colega apresenta um subtítulo interessante (Em busca das obras perdidas), leva-nos a crer no ‘superestimacionismo’ da sociedade de então, ainda fraca culturalmente, pois, em lugar de valorizar a escrita, característica das sociedades modernas, para as quais só possui valor o que for escrito, valoriza-se a lenda, o boca a boca de louvações ao intelectual sem provas da sua genialidade. Essa forma de enxergar o intelectual nada mais é que reflexo do que as condições do meio ofereciam: escassez em livros, bibliotecas parcas e pouquíssima instrução para a grande massa, responsáveis por fomentar o surgimento dessa classe intelectual folclórica.