terça-feira, 20 de outubro de 2009

Eldio Pinto da Silva



Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Kalina Naro Guimarães
Ligia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Orlando Brandão Meza Ucella
Peterson Martins
Renan Marques Liparotti
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Aldinida Medeiros Souza
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara
Carmela Carolina Alves de Carvalho
Cássia de Fátima Matos
Edlena da Silva Pinheiro
Edônio Alves Nascimento




Eldio Pinto da Silva [17-10-2009]




Edição: Martins, 1971:
da p. 131 : "A finalidade da citação é sugerir ao leitor a equivalência plástica de que
se vale o poeta"[...]
até p. 135: [...]"e tudo mostra que jamais conseguiu de novo a perfeição dos
incomparáveis versos soltos do Uraguai."





Em Uraguai, o autor utiliza imagens para resssaltar o ambiente em transformação que é o Brasil, seja com a presença das paisagens naturais ou com a relação da guerra entre brancos e índios. Candido ressalta que o poeta (Basílio da Gama) demonstra sua posição quanto ao conflito entre o “civilizado” e o “selvagem”. Ao mesmo tempo em que revela uma tendência de apoio aos índios pela sua simpatia a eles, sabe da importância do trabalho dos brancos que estão motivados a “civilizar” os índios. Porém para isso usam da violência da guerra para manter o controle sobre as terras invadidas.


Para Candido, o poema busca esclarecer o problema através do estudo da situação que aponta o conflito entre índios e brancos. Candido percebe isso com maestria, demonstrando em sua leitura que o poema não versa somente sobre o choque entre culturas, mas também sobre a formação de nova civilização provinda da Europa e a tradição da civilização europeia que vê a nossa como selvagem.


Candido aponta que a visão do momento histórico de Basílio além de perceber o ambiente natural e a guerra, vai orientar o leitor sobre as relações sociais. Assim, o poema visa fazer uma retrospectiva: sentimental pela natureza, reflexão sobre a vida e a guerra, o uso da Razão para estabelecer uma visão pessoal sobre o conflito, tomando uma posição favorável ao índio. E apesar de ressaltar a guerra, Candido observa que na descrição poética de Basílio há o testemunho quanto às artes – agricultura e pecuária, como também sobre a vida do homem (camponês) que não está no campo de batalha.


Candido também reconhece que Basílio percebe o jogo de interesses no campo de batalha, daí a simpatia pelos índios. Exalta os índios como elemento natural da terra e por isso mostra-se defensor de seus interesses, acusando os jesuítas de invasores e transgressores das tradições indígenas. Basílio, segundo Candido, tem um “sentimento da irrupção do homem das cidades no equilíbrio de civilização natural”. Portanto pode-se destacar a expansão dos europeus nas “terras descobertas” como uma fuga das cidades e o sentimento dos índios em defender seu ambiente, para não perder seu espaço natural.


De acordo com as pesquisas de Candido, o herói Cacambo não é apenas um nome inspirado na obra de Voltaire, mas um índio que buscou representar os índios no conflito com os brancos.


Candido percebe a influência de Basílio da Gama como precursor dos autores românticos, da literatura nacional. O crítico também observa que se pode “distinguir nele o nativismo do interesse exterior pelo exótico, parecendo haver predomínio deste, pois o Indianismo não foi para ele uma vivência, como para os românticos, foi antes um tema arcádico transposto em roupagem mais pitoresca”.

Um comentário:

Anônimo disse...

Joana Leopoldina de Melo Oliveira

comentário em 7-11-2009:

Acho importante acrescentar ao texto um comentário do Candido que parece ser primordial para a definição do tópico 3, “O disfarce épico de Basílio da Gama”. Ele afirma que Basílio abandonou o espírito de um poema épico, quando Uraguai deixa de ser a celebração de um herói para tornar-se o estudo de uma situação: o choque de culturas. Além disso, despreza ou trata sem entusiasmo a guerra, apesar de ser uma epopéia de assunto militar. Então, fica claro a importância da obra, destacada no texto do Eldio, não como um grande texto com estrutura épica, mas como precursor dos românticos e da nossa literatura nacional.