sábado, 7 de novembro de 2009

Joana Leopoldina de Melo Oliveira

Kalina Naro Guimarães
Ligia Mychelle de Melo
Mácio Alves de Medeiros
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Orlando Brandão Meza Ucella
Peterson Martins
Renan Marques Liparotti
Rochele Kalini
Rosanne Bezerra de Araujo
Rosiane Mariano
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Aldinida Medeiros Souza
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Arandi Robson Martins Câmara
Carmela Carolina Alves de Carvalho
Cássia de Fátima Matos
Edlena da Silva Pinheiro
Edônio Alves Nascimento
Eldio Pinto da Silva
Jackeline Rebouças Oliveira





Joana Leopoldina de Melo Oliveira [7-11-2009]




Edição: Martins, 1971:
Da p. 135 : [dentro do capítulo 3. O DISFARCE ÉPICO DE BASÍLIO DA GAMA, após o subcapítulo "Conclusão"]: "É somenos, mas não desprezível para compreender o poema, indagar se representa"[...]

Até p. 138: [já no capítulo 4 POESIA E MÚSICA EM SILVA ALVARENGA E CALDAS BARBOSA, subcapítulo "Preocupações teóricas", três primeiros parágrafos]: [...]"por isso acariciava 'nas horas de melancolia' o sonho de requerer uma sesmaria para as bandas de Itaguaí."


Na última parte do capítulo 3, Candido não despreza para a compreensão do poema a indagação se o mesmo representa uma convicção sincera do poeta ou é ato de bajulação a Pombal. Ele afirma que a informação do poeta era improvisada e, por isso, talvez os seus índios sejam tão poéticos. Já as informações sobre os acontecimentos militares foram retiradas de uma publicação antijesuítica que Pombal mandou fazer, e ainda esclarece que após a conclusão da obra, Basílio recebeu todo apoio do ministro na impressão e aprovação da obra na Mesa Censória.


Entretanto, Candido sabiamente o isenta de qualquer culpa, dizendo que Basílio não agiu de má fé por agir em parte por interesse, tendo em vista que o poema mostra a inspiração e os problemas que a situação despertou na mente do poeta. Além disso, a campanha antijesuítica era forte na Europa, fato que acabou impressionando “o inflamado e volúvel Basílio”.


O último parágrafo conclui, dizendo que a luta contra a poderosa Companhia de Jesus fazia parte das reformas do Marquês de Pombal e, portanto, “Tudo leva a pensar que Basílio as aplaudia sinceramente, por opinião e por reconhecimento à proteção recebida”.


Passando para o capítulo 4, Candido começa destacando a influência exercida por Basílio da Gama nos poemas de Silva Alvarenga. Percebem-se algumas semelhanças entre eles na preocupação com a teoria literária, na adoção do alexandrino e no americanismo poético quando Alvarenga explora os temas e imagens da natureza brasileira.

2 comentários:

Anônimo disse...

Kalina Naro Guimarães - 14-11-2009
comentário sobre o texto de Joana:
Um detalhe importante no segundo parágrafo do texto de Candido, comentado pela Joana, refere-se à improvisação dos dados sobre o índio, resultando uma imagem sumária do indígena, mas por isso mesmo poética. Assim, o que faltou em conhecimento foi compensado pela sensibilidade, cuja força acionou uma imaginação que enfraquecia a ótica civilizatória, simpatizando com o universo indígena. A pouca informação, essa obviamente construída predominantemente pelo ponto de vista europeu, possibilitou que esse vazio fosse preenchido por imagens relativamente mais livres da visão dominadora, equilibrando um pouco a relação rusticidade e civilização, desencadeando a indecisão entre a ordenação racional da Europa e o primitivismo do índio, tão característica de Basílio, conforme Candido.
Outro fato digno de destaque é que, embora se reconheça que na obra de Basílio há pontos ideologicamente comprometidos com a ordem reinante – “procurou exprimir exatamente a linha oficial de propaganda” (CANDIDO, 1981, p.135) – Candido apresenta que o poeta não parece agir de má fé. Mais do que isso, mesmo exprimindo idéias contestáveis do ponto de vista político, Candido valoriza a obra de Basílio e esforça-se em visualizar nele uma sensibilidade inovadora que, a partir de imagens vibrantes e da ordenação do conflito entre a Europa e o silvícola, entre a metrópole e o nacional, encanta-se pelas coisas de cá, apesar de também “confiar na obra civilizadora” (CANDIDO, 1981, p. 131). Há, portanto, ainda que tímida, a afloração de certa perspectiva marginal, transgressora, embora não se contrarie totalmente o discurso hegemônico. Aqui, vale a pena lembrar as palavras sábias de Bosi (1977, p.137), em O ser e o tempo da poesia:
O ponto de vista doutrinário exerce, no poema, o seu papel corrente de mediação entre o olho do poeta e as coisas a serem descritas, as histórias a serem narradas. Enquanto mediador, o ponto de vista ordena as figuras no todo e atribui a cada uma a sua melhor posição dentro de uma hierarquia prévia de valores. [...]
Mas a imensidão do sistema ideológico não é uma coisa morta, um dado bruto e insuperável. É um momento necessário, mas limitado, no processo do fazer poético.

Anônimo disse...

Antônio Fernandes de Medeiros Jr :23-11-2009

comentário ao texto de Joana:

Além dos registros no texto de Joana e no comentário de Kalina, chama atenção a maneira didática que Antonio Candido adota para esclarecer “o momento decisivo” da participação de Basílio da Gama no sistema literário brasileiro. No subcapítulo anterior, “Senso da Situação”, por exemplo, havíamos percebido a distinção de procedimentos entre Cláudio Manuel da Costa e o poeta de Uraguai em relação à “disciplina clássica”, considerando que o primeiro a trouxe para o Brasil e o segundo projetou para a Europa notícias literárias do mundo novo. Também ficou esclarecido a respeito da relevância do tema árcade do índio como tema precursor de uma vertente do Romantismo. O início do capítulo 4 ratifica a amplitude da influência literária de Basílio da Gama, forma e conteúdo, na análise agora dedicada à obra de Silva Alvarenga.