Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro Saraiva
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Massimo Pinna
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosiane Mariano
Terezinha Marta de Paula Peres
Adriana Vieira de Sena
Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Bethânia Lima Silva
Edlena da Silva Pinheiro
Eldio Pinto da Silva
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana
Fernandes Ribeiro Dantas [24-11-2018]
Edição: Martins, 1971, VOL.2:
da p. 234 –
no visor p. PDF: p. 541: “A poesia e a verdade "[...]
até a p. 235 – no visor p. PDF: p.
542 [...] "n’O Guarani ." [final do capítulo]
A narrativa
romântica de José de Alencar prima pelos detalhes que compõem o alicerce das
cenas. Assim, por exemplo, desde o princípio da obra Senhora, no primeiro capítulo (“O preço”), em que o narrador diz:
“Há anos raiou no céu uma nova estrela (...) Quem não se recorda de Aurélia
Camargo, que atravessou o firmamento da corte como brilhante meteoro (...)”. A
linguagem metafórica, com extremada magnitude, causa ao leitor todo aquele
aspecto imagético de cenas repletas de doçuras, brilhantismos e, por vezes, exageros.
O fato é
que os detalhes acabam por compor a narrativa, às vezes mais do que o próprio
enredo, mais do que os diálogos entre as personagens. E tudo isso corrobora
para que, além dos aspectos físicos, de ambiente, de espaço, de cenário, acima
de tudo, essa capacidade descritiva forme a expressividade psicológica, exiba a
densidade da história.
José de
Alencar expressa aspectos da personalidade feminina através, inclusive, da moda
da época: a altivez de Aurélia está ligada a sua vestimenta. E não apenas nas
suas roupas, mas a moda da decoração dos ambientes reflete também na
personagem, como na cena: “A luz coada pelas verdes empanadas debuxa com a
suavidade do nimbo o gracioso busto de
Aurélia sobre o aveludado escarlate do papel (...)” – imagem
e personagem se fundem para expandir beleza na composição exuberante e
bela de Aurélia Camargo.
O que há
de relevante também na obra de José de Alencar é que o autor criou personagens
femininas que, de certa forma, estão à frente do seu tempo, não são apenas
moças frágeis e delicadas, inocentes e românticas, são mulheres que, por mais
que o contexto de época não permita certas independências, conseguem fazer
valer suas vontades e muitas vezes manipular os homens por meio de sua
capacidade articulatória e sapiência.
Por
todos esses aspectos revelados, podemos sim dizer que a narrativa de José de
Alencar é consciente, arquitetada, pensada e elaborada em seus ares mais tênues
e detalhistas e traz consigo aspectos críticos em relação à sociedade
brasileira do século XIX.
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