terça-feira, 27 de junho de 2017

Juliana Fernandes Ribeiro Dantas





Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro Saraiva
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Maria Valeska Rocha da Silva
Massimo Pinna
Paulo Caldas Neto
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais

Adriana Vieira de Sena
Afonso Henrique Fávero
Alynne Ketllyn da Silva Morais
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Eide Justino Costa
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira







Marcos Falchero Falleiros
[substituindo Juliana Fernandes Ribeiro Dantas – 17-06-2017]

 Edição: Martins, 1971, VOL.2:
da p.  167:      [visor p. PDF: p. 478]    “A sua imaginação floral deita raízes nesse mundo onde o cravo briga com a rosa”[...]
até a p. 169:   [visor p. PDF: p. 480]    [entrando pelo 4. Bernardo Guimarães, poeta da natureza [...]“quando já encontrara no romance outra forma de expressão”.


Ainda em relação a Laurindo Rabelo, resta assinalar que a metaforização floral nele é singela, bem diferente de uma complexidade barroca e trocadilhada como a de Gregório de Matos, mostrando-se próxima da ingenuidade dos versinhos de Afonso Celso, quando “rosa” limita-se a “planta, beijo e paixão”.

Apesar de mais lírica, sua botânica mostra-se mais próxima do primitivo e do folclore, onde as flores são “almas externas”, avatares de sentimentos do eu lírico, como melancolia, desejo, amores – imagens que nos desdobramentos pré-românticos tenderiam ao signo, às vezes sentenciosas, na passagem do vegetal ao simbólico. Em Laurindo Rabelo, passam da experiência da flor à sua desmaterialização no espírito, o “coração que vai se tornando um vaso”, com um sistema de signos cuja expressão pode lembrar, por exemplo, “O grifo da morte” de Mário de Andrade, ou a imagem, inscrita da alma, do chinês extático de Mallarmé.


4. Bernardo Guimarães, poeta da natureza


Antonio Candido atribui à poesia de Bernardo Guimarães a imagem de fruta saborosa com semente amarga: volúpia e euforia voltadas para o mundo exterior com eventuais traços de azedume que chegam a um satanismo e perversidade com marcas pitorescas de seu ambiente paulistano.

Seu estro plástico e musical indisciplinado alcançou versos admiráveis, como os de Poesias diversas, de sua segunda fase. Entretanto, quando não havia ainda domesticado seus impulsos desordenados, produziu as peças mais significativas de sentimento da natureza. Na última fase passa por um processo interessante: nota-se um retorno na maturidade à harmonia neoclássica, decadência da inspiração e tendência à prosa. Longe de Minas, pode ter se insinuado nele um insidioso atavismo arcádico. De tal modo que a última fase parece no plano formal preceder as anteriores à sua opção pelo romance como outra forma de expressão.



2 comentários:

Base de Pesquisa Formação da Literatura Brasileira disse...

Comentário de Marcos em 27-06-2017:
A capacidade de correlações em Antonio Candido é de saparantar, mais ainda quando revela o nível de leitura e a sensibilidade capaz de ser impregnada pelas imagens, como no caso do poema de Mallarmé, cujo sentido não chegaria com facilidade a um pobre mortal e muito menos permaneceria na memória para ser lembrado na floração de Laurindo Rabelo:

http://www.revistaprosaversoearte.com/stephane-mallarme-poemas/

Cansado do ócio amargo…
Cansado do ócio amargo onde meu tédio humilha
A gloria que me fez perder outrora a trilha
De uma infância de bosques e de rosas, puro.
Azul metálico e, ainda mais, do pacto duro.
De cavar toda noite uma fossa imponente
No território avaro e hostil da minha mente,
Coveiro impiedoso da esterilidade,
– Que dizer a esta Aurora, ó Sonho, infinidade
De rosas, se, temor de suas rosas frias,
O vasto cemitério une as valas vazias? –

Quero deixar a Arte voraz deste país
Cruel, e sem ouvir as críticas senis
Dos meus amigos, do passado, da poesia,
Da lâmpada que sabe da minha agonia,
Imitar o chinês de alma límpida e fina
Cujo êxtase puro é pintar a ruína
Sobre taças de neve à lua subtraída
De uma bizarra flor que lhe perfuma a vida
Fluida, a flor que ele sentia ainda criança,
E à filigrana azul do espirito se entrança.
E como a morte, único sonho do saber,
Sereno, uma paisagem cálida escolher,
Que eu pintarei, indiferente, sobre a taça.
Uma linha de azul fina e pálida traça
Um lago, sob o céu de porcelana rara,
Um crescente caído atrás da nuvem clara
Molha no vidro de água um dos cornos aduncos
Junto a três grandes cílios de esmeralda, juncos.

1864
.

Las de l’amer repos…
Las de l’amer repos où ma paresse offense
Une gloire pour qui jadis j’ai fui l’enfance
Adorable des bois de roses sous l’azur
Naturel, et plus las sept fois du pacte dur
De creuser par veillée une fosse nouvelle
Dans le terrain avare et froid de ma cervelle,
Fossoyeur sans pitié pour la stérilité,
– Que dire à cette Aurore, ô Rêves, visité
Par les roses, quand, peur de ses roses livides,
Le vaste cimetière unira les trous vides? –

Je veux délaisser l’Art vorace d’un pays
Cruel, et, souriant aux reproches vieillis
Que me font mes amis, le passé, le génie,
Et ma lampe qui sait pourtant mon agonie,
Imiter le Chinois au coeur limpide et fin
De qui l’extase pure est de peindre la fin
Sur ses tasses de neige à la lune ravie
D’une bizarre fleur qui parfume sa vie
Transparente, la fleur qu’il a sentie, enfant,
Au filigrane bleu de l’âme se greffant.
Et, la mort telle avec le seul rêve du sage,
Serein, je vais choisir un jeune paysage
Que je peindrais encor sur les tasses, distrait.
Une ligne d’azur mince et pâle serait
Un lac, parmi le ciel de porcelaine nue,
Un clair croissant perdu par une blanche nue
Trempe sa corne calme en la glace des eaux,
Non loin de trois grands cils d’émeraude, roseaux.

1864
– Stéphane Mallarmé, no livro “Poesia da recusa”. [organização e tradução Augusto de Campos]. Coleção signos 42. São Paulo: Editora Perspectiva, 2006.

Base de Pesquisa Formação da Literatura Brasileira disse...

Marcos comentou em 27-06-2017: O poema citado de Mário de Andrade:

Livro Azul

O GRIFO DA MORTE [trecho]
(1933)
a Lúcio Rangel



Milhões de rosas
Para esta grave
Melancolia,
Milhões de rosas,
5 Milhões de castigos...

Milhões de castigos,
Imperfeita grávida,
Quem foi? foi o vento
Que fez-te imperfeita,
10 Milhões de aratacas!

A toca fendeu
Para esta grave
Melancolia,
Milhões de castigos,
15 Milhões de aratacas...

Salta o bicho roxo.
Depois ficou ruim,
Depois ficou roxo,
Depois ficou ruim,
20 Depois ficou roxo,
Ruim-roxo, ruim-roxo,
Milhões de bandeiras!

Os camisas pretas,
Os camisas pardas,
25 Os camisas roxas,
Ruim-roxo, ruim-roxo,
Milhões de bandeiras!
Milhões de castigos!
Quem foi? foi a rosa
30 Dos ventos da amarga
Desesperança...

Ei-vem a morte
– ruim-roxo... –
Consoladora...
35 Milhões de rosas,

Milhões de castigos...

II
Retorno sempre
A cada volta do caminho
[...]