Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro Saraiva
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Maria Valeska Rocha da Silva
Massimo Pinna
Paulo Caldas Neto
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais
Adriana Vieira de Sena
Afonso Henrique Fávero
Alynne Ketllyn da Silva Morais
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Bethânia Lima Silva
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Eide Justino Costa
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Jackeline Rebouças Oliveira [20-05-2017]
Edição: Martins, 1971, VOL.2:
da p. 162: [visor p. PDF: +-p.
475] [início do capítulo] “ 3 As Flores de Laurindo
Rabelo”[...]
até a p. 164: [visor p. PDF: +-p. 477]
[...]“poemas coligidos na edição mais completa,
ou seja mais de um terço.”
Leste-lhe
a poesia? Eram arquejos
Dum coração aflito!
De
uma alma que ensaiava na matéria
Os voos do infinito! –
Antonio Candido inicia o tópico intitulado de “As flores de Rabelo”
com um trecho de um poema feito por Laurindo Rabelo em homenagem a Junqueira
Freire. O crítico segue explanando que, ao contrário das características
atribuídas a Junqueira Freire, Rabelo foi um poeta de linguagem simples, que
procurava retratar nas suas obras os sentimentos dos homens e os próprios
sentimentos de uma forma bem natural e espontânea, sem muita preocupação com o
requinte estilístico. “Tudo medido e singelo, numa forma em que o desejo de
comunicar prima [sic] qualquer artesania”. O importante para esse poeta era falar de
sentimentos como: “melancolia”, “amor faterno”, “amizade”, ” gratidão”, com uma
linguagem descontraída e simples:
Vate não sou, mortais; bem o conheço;
Meus versos, pela dor só inspirados,
Nem são versos; menti; ais sentidos,
Às vezes sem querer d`alma exalados.
(“O que são
meus versos”)
Nos versos acima, qualificados como chavão romântico, Candido continua
a reflexão sobre a poesia de Rabelo, deixando claro em suas observações que as
obras desse poeta apresentam três aspectos: a poesia de circunstância
(insignificante, revelando o homem convencional aderido às comemorações), a
obscena (com a sociabilidade de botequim, tal como Bernardo Guimarães,
Aureliano Lessa, Álvares de Azevedo e – quem diria! – Junqueira Freire) e a
confidencial. Isso se dá porque Laurindo Rabelo se aproveitava da condição de
boêmio para colocar as experiências pessoais em seus versos. Segundo Antonio
Candido, Rabelo por ser pobre, insatisfeito e boêmio dava muito valor aos dons
de improvisador, neste gênero em que a essência é a retórica e não a poética. Como
poeta popular e irreverente, Laurindo também se destacou com os versos à “musa
secreta” da obscenidade.
Obsessão floral
Nas poesias confidenciais, os versos trazem o próprio sentimento do
poeta de tal modo que parecem traduzir a realidade vivida. “Meus versos, pela
dor só inspirados.” Sobre a presença das flores no romantismo, Antonio
Candido nos diz que elas serviram de inspiração para os poetas românticos,
pois nelas os poetas exploravam a
delicadeza e o sentimentalismo. As flores eram intermediárias entre o mundo
físico e o homem, levando-o à reflexão. Em Rabelo, as flores, na maioria das
vezes, expressavam um plano simbólico e serviam para transmitir sentimentos
comuns de forma espontânea. Sentimentos como: amor, saudades de familiares,
solidão e desejo de morrer são abordados nos versos de Laurindo Rabelo de uma
forma tão simples que mais parecem um “desabafo do poeta”, ou seja, prevalece
mais a forma sincera e a autenticidade com que procurava transmitir os
sentimentos do que a própria estilística. Essa forma de linguagem parecida com
uma confissão de sentimentos aproximava o leitor da obra e fazia com que ele se
entregasse “principalmente quando arrastado para esfera da imaginação floral.” A
isto, o crítico acrescenta uma percepção bastante significativa para o estudo
de nossa literatura:
“as flores talvez sejam a principal fonte de imagens dos poetas
românticos brasileiros”.
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