sábado, 20 de maio de 2017




Jackeline Rebouças Oliveira





Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro Saraiva
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Maria Valeska Rocha da Silva
Massimo Pinna
Paulo Caldas Neto
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais

Adriana Vieira de Sena
Afonso Henrique Fávero
Alynne Ketllyn da Silva Morais
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Eide Justino Costa
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Érika Bezerra Cruz de Macedo






Jackeline Rebouças Oliveira [20-05-2017]

Edição: Martins, 1971, VOL.2:
da p.  162:      [visor p. PDF: +-p. 475]    [início do capítulo] “ 3 As Flores de Laurindo    
                                                                                                              Rabelo”[...]
até a p. 164:   [visor p. PDF: +-p. 477]    [...]“poemas coligidos na edição mais completa,
                                                                              ou seja mais de um terço.”



Leste-lhe a poesia? Eram arquejos
               Dum coração aflito!
De uma alma que ensaiava na matéria
               Os voos do infinito! –

Antonio Candido inicia o tópico intitulado de “As flores de Rabelo” com um trecho de um poema feito por Laurindo Rabelo em homenagem a Junqueira Freire. O crítico segue explanando que, ao contrário das características atribuídas a Junqueira Freire, Rabelo foi um poeta de linguagem simples, que procurava retratar nas suas obras os sentimentos dos homens e os próprios sentimentos de uma forma bem natural e espontânea, sem muita preocupação com o requinte estilístico. “Tudo medido e singelo, numa forma em que o desejo de comunicar prima [sic] qualquer artesania”. O importante para esse poeta era falar de sentimentos como: “melancolia”, “amor faterno”, “amizade”, ” gratidão”, com uma linguagem descontraída e simples:


Vate não sou, mortais; bem o conheço;
Meus versos, pela dor só inspirados,
Nem são versos; menti; ais sentidos,
Às vezes sem querer d`alma exalados.
                                  (“O que são meus versos”)


Nos versos acima, qualificados como chavão romântico, Candido continua a reflexão sobre a poesia de Rabelo, deixando claro em suas observações que as obras desse poeta apresentam três aspectos: a poesia de circunstância (insignificante, revelando o homem convencional aderido às comemorações), a obscena (com a sociabilidade de botequim, tal como Bernardo Guimarães, Aureliano Lessa, Álvares de Azevedo e – quem diria! – Junqueira Freire) e a confidencial. Isso se dá porque Laurindo Rabelo se aproveitava da condição de boêmio para colocar as experiências pessoais em seus versos. Segundo Antonio Candido, Rabelo por ser pobre, insatisfeito e boêmio dava muito valor aos dons de improvisador, neste gênero em que a essência é a retórica e não a poética. Como poeta popular e irreverente, Laurindo também se destacou com os versos à “musa secreta” da obscenidade.


Obsessão floral


Nas poesias confidenciais, os versos trazem o próprio sentimento do poeta de tal modo que parecem traduzir a realidade vivida. “Meus versos, pela dor só inspirados.” Sobre a presença das flores no romantismo, Antonio Candido  nos diz  que  elas serviram de inspiração para os poetas românticos, pois  nelas os poetas exploravam a delicadeza e o sentimentalismo. As flores eram intermediárias entre o mundo físico e o homem, levando-o à reflexão. Em Rabelo, as flores, na maioria das vezes, expressavam um plano simbólico e serviam para transmitir sentimentos comuns de forma espontânea. Sentimentos como: amor, saudades de familiares, solidão e desejo de morrer são abordados nos versos de Laurindo Rabelo de uma forma tão simples que mais parecem um “desabafo do poeta”, ou seja, prevalece mais a forma sincera e a autenticidade com que procurava transmitir os sentimentos do que a própria estilística. Essa forma de linguagem parecida com uma confissão de sentimentos aproximava o leitor da obra e fazia com que ele se entregasse “principalmente quando arrastado para esfera da imaginação floral.” A isto, o crítico acrescenta uma percepção bastante significativa para o estudo de nossa literatura:


“as flores talvez sejam a principal fonte de imagens dos poetas românticos brasileiros”.



Nenhum comentário: