sábado, 8 de abril de 2017



Eldio Pinto da Silva




Elizabete Maria Álvares dos Santos
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro Saraiva
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Maria Valeska Rocha da Silva
Massimo Pinna
Paulo Caldas Neto
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais

Adriana Vieira de Sena
Afonso Henrique Fávero
Alynne Ketllyn da Silva Morais
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Eide Justino Costa







Eldio Pinto da Silva [08-04-2017]



Edição: Martins, 1971, VOL.2:
da p.  155:      [PDF p. 466] [2. Conflito...Junqueira Freire] “Os motivos são vários. Considere-se em primeiro lugar o meio”[...]
até a p. 157 :  [PDF +- p. 468] [Um drama sem estilo][...] “perdendo o caráter de confissão direta.”


2. Conflito da forma e da sensibilidade em Junqueira Freire

Antonio Candido destaca o trabalho de Junqueira Freire como o de um artista que esteve intimamente ligado aos padrões do Neoclassicismo. Junqueira estava preso aos valores estéticos da produção portuguesa. A produção de Junqueira Freire tinha o caráter tradicional do setissílabo e do decassílabo e também usou verso branco inspirado em poemas setecentistas. Antonio Candido destaca que o que levou Junqueira Freire a atuar desta maneira em seus versos se devia ao meio em que vivia: uma Bahia ligada à tradição clássica, com vinculação aos estudos linguísticos e  preferência pela oratória, sendo que não havia em Salvador o movimento romântico do modo que havia se espalhado pelo País. O autor de Formação da Literatura Brasileira salienta que o romantismo aplicado por Castro Alves tem raízes em Recife e São Paulo.


Junqueira Freire foi um autor que exercitava uma poesia retórica e conservadora, admirador de autores clássicos e de portugueses como Garrett e Herculano. Não se inspirou em autores modernos como fizeram seus contemporâneos. Para Candido, "Tem em comum com os neoclássicos da fase de rotina certa dureza de ouvido, a franqueza sensual cruamente expressa, o fraco pelas palavras de rebuscado mau gosto".


Junqueira Freire não cedeu à musicalidade, primando pela medida, pelo estilo clássico realizado no Arcadismo, o que se tornava uma estética desajustada em relação às novas expressões textuais. O verso branco aparecia em muitos poemas, que para Candido eram "sem tacto poético e até mal compostos”, “que se desarticulam numa discursividade excessiva". Mesmo assim Junqueira Freire também se aproveitou das tendências modernas que vivia o momento literário, percebido, por Candido, em poucos poemas.



Um drama sem estilo


Quanto ao conteúdo, Antonio Candido observa que a qualidade dos poemas de Junqueira Freire tem uma "qualidade medíocre da sua realização." Candido nota seu desejo de confessar pelo uso do verso uma sensibilidade tumultuosa e uma dor dramática, típicas de seus poemas.


O que Candido destaca na forma literária de Junqueira Freire é que ela está ligada a um modelo clássico, indissolúvel à qualidade. Com elaboração estética vinculada ao sentimento clássico e não ao romântico da época, seus poemas ficam desajustados na forma, entre o conteúdo e as emoções. Assim, os versos de Junqueira Freire demonstram que o eu-lírico sofre, chora, se revolta, expõe seus sentimentos, emoções em estado bruto, diferente do que se observa, segundo Candido, nos poemas de Tomás Gonzaga em que "a experiência emocional só podia ser comunicada em certo nível de estilização", o que demonstra que o movimento romântico diferenciava-se do clássico arcádico, por ser este um movimento de linguagem elaborada, comunicável: "Submetida a este tratamento a emoção ganha maior alcance, perdendo o caráter de confissão direta."




Um comentário:

Base de Pesquisa Formação da Literatura Brasileira disse...

Elizabete comentou em 22-04-2017 a leitura de Eldio:

Os versos de Junqueira Freire exprimem, claramente, um conflito existencial do jovem escritor, sobretudo uma espécie de atração pela morte, a qual o angustiava profundamente. Seus poemas mergulham fundo em seu mundo interior e falam constantemente da morte, da angústia, da solidão, da melancolia da vida e dos desenganos amorosos. Para Antonio Candido, Junqueira traz “desordenadamente” esse tumulto ao leitor.