sexta-feira, 10 de março de 2017




Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro




Eide Justino Costa
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro Saraiva
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Maria Valeska Rocha da Silva
Massimo Pinna
Paulo Caldas Neto
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais

Adriana Vieira de Sena
Afonso Henrique Fávero
Alynne Ketllyn da Silva Morais
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva





Marcos Falchero Falleiros  [11-03-2017]
[substituindo Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro]




Edição: Martins, 1971, VOL.2:
da p.  151:      [PDF p. 463]  “Mas enquanto não morriam e viviam na ‘lembrança de morrer’, ”[...]
até a p. 153 :  [PDF p. 465]   [...] “falta de medida que não encontraremos em Castro Alves.”




A condição de mascaramento, que esses avatares do egotismo encenam, balança nos extremos da poesia obscena e do lânguido quebranto, como se pode ver, por exemplo,  entre o fálico “O elixir do pajé”, de Bernardo Guimarães, e “Poesia e amor”, de Casimiro de Abreu. Tal comportamento estético aninhou-se na sociabilidade poética das rodas de boêmia do Rio, da Bahia e, especialmente, de São Paulo, onde agremiações oficiais e semissecretas, à Byron e Musset,  festejavam o caráter noturno e satânico do Romantismo com o desregramento das atitudes e das ideias.


Música e recitativo


Música e recitativo uniram-se no triunfo dos salões, que atendiam às expectativas de um público ávido pelo patético e pela pieguice, num contexto que sobrepôs o verso à insuficiência das palavras, através dos metros e ritmos melodiosos, da modinha, da arieta italianizante, da ópera, submetendo-o ao recitativo de sala e à cantiga com acompanhamento musical (violão e piano). Era a moda da ópera, decênio de 1850, prova da paixão dos brasileiros da época pelo melodrama, como se vê nas crônicas de Alencar em Ao correr da pena (1854-1857). Tais registros acolhem um ambiente cultural marcado pelo projeto de criação de um teatro lírico, as primeiras peças de Carlos Gomes, os libretos de Manuel Antônio de Almeida, de José de Alencar, de  Machado de Assis, e a presença de figuras como o refugiado espanhol D. José Amat, musicando poesias de Gonçalves Dias e outros, e o português Furtado Coelho, poeta, romancista, músico e ator. São presenças que contribuíram dinamicamente para esse momento decisivo da musicalização do verso romântico, de grande importância para a história de nossa sensibilidade: a ligação do canto aos versos.



A seguir, serão estudados poetas que começaram antes desse “delírio sonoro”, mas que, por influência dos ultrarromânticos portugueses, “muito mais desabalados na lamúria e na melopeia”, aí se prefiguram. Efeitos do processo se encontram na poesia de Casimiro de Abreu e de Fagundes Varela. 

2 comentários:

Base de Pesquisa Formação da Literatura Brasileira disse...

Marcos comentou sua leitura em 11-03-2017:

Veja-se no texto original outras menções de poesias relativas a esse momento.
As duas mencionadas no resumo, como exemplos contrapostos, são:
a obscena "O elixir do pajé"
portalsaofrancisco.com.br/obras-literarias/o-elixir-do-paje:


E, bem mais meiga, "Poesia e amor", de Casimiro de Abreu:

POESIA E AMOR
Casimiro de Abreu


A tarde que expira,
A flor que suspira,
O canto da lira,
Da lua o clarão;
Dos mares na raia
A luz que desmaia,
E as ondas na praia
Lambendo-lhe o chão;

Da noite a harmonia
Melhor que a do dia,
E a viva ardentia
Das águas do mar;
A virgem incauta,
As vozes da flauta,
E o canto do nauta
Chorando o seu lar;

Os trêmulos lumes,
Da fonte os queixumes,
E os meigos perfumes
Que solta o vergel;
As noites brilhantes,
E os doces instantes
Dos noivos amantes
Na lua de mel;

Do templo nas naves
As notas suaves,
E o trino das aves
Saudando o arrebol;
As tardes estivas,
E as rosas lascivas
Erguendo-se altivas
Aos raios do sol;

A gota de orvalho
Tremendo no galho
Do velho carvalho,
Nas folhas do ingá;
O bater do seio,
Dos bosques no meio
O doce gorjeio
Dalgum sabiá;

A órfã que chora,
A flor que se cora
Aos raios da aurora,
No albor da manhã;
Os sonhos eternos,
Os gozos mais ternos,
Os beijos maternos
E as vozes de irmã;

O sino da torre
Carpindo quem morre,
E o rio que corre
Banhando o chorão;
O triste que vela
Cantando à donzela
A trova singela
Do seu coração;

A luz da alvorada,
E a nuvem dourada
Qual berço de fada
Num céu todo azul;
No lago e nos brejos
Os férvidos beijos
E os loucos bafejos
Das brisas do sul;

Toda essa ternura
Que a rica natura
Soletra e murmura
Nos hálitos seus,
Da terra os encantos,
Das noites os prantos,
São hinos, são cantos
Que sobem a Deus!

Os trêmulos lumes,
Da veiga os perfumes,
Da fonte os queixumes,
Dos prados a flor,
Do mar a ardentia
Da noite a harmonia,
Tudo isso é – poesia!
Tudo isso é – amor!
Indaiassú – 1857.

Base de Pesquisa Formação da Literatura Brasileira disse...

O interessante quanto a "O elixir do pajé" é que ao entrar pelos episódios relativos às peripécias do pajé, Bernardo Guimarães parodia de maneira muito divertida "O canto do guerreiro", de Gonçalves Dias - o que não deixa de ser uma ironização do indianismo, dentro daquele movimento rítmico de tambores ou danças do poeta maranhense que tão esplendorosamente mimetiza rituais indígenas. Para exemplificar, uma estrofe:
Valente na guerra
Quem há, como eu sou?
Quem vibra o tacape
Com mais valentia?
Quem golpes daria
Fatais, como eu dou?
— Guerreiros, ouvi-me;
— Quem há, como eu sou?

Ver o poema todo em: avozdapoesia.com.br/obras_ler.php?obra_id=13641

Para acesso ao obsceno hino fálico-utópico de "O elixir do pajé":

http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=16583


Ou para as obras em geral, de Bernardo Guimarães:
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.do?select_action=&co_autor=2151