sábado, 26 de novembro de 2016



Bethânia Lima Silva





Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Eide Justino Costa
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro Saraiva
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Maria Valeska Rocha da Silva
Massimo Pinna
Paulo Caldas Neto
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais

Adriana Vieira de Sena
Afonso Henrique Fávero
Alynne Ketllyn da Silva Morais
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 





Bethânia Lima Silva  [26-11-2016]



Edição: Martins, 1971, VOL.2:
da p.  149:      [PDF p. 461]  Capítulo IV Avatares do egotismo 1. Máscaras / “Quando se fala em Romantismo”[...]
até a p. 151 :  [PDF p. 463]   [...] “Meu lobinho pardo, pede ela: devora-me.”


A leitura inicial do capítulo, marcada pelo tópico intitulado “Máscaras”, apresenta várias referências ao romantismo e aos seus escritores (Junqueira Freire, Laurindo Rabelo, Bernardo Guimarães, entre outros). A própria alusão ao termo “Máscaras” é  bem referendada por Candido, ao explicar:


Para os compreendermos, é na verdade através de máscaras que os devemos imaginar, mudando-as ao sabor das sugestões que deles vêm: máscara de devasso no moço bom [...]; máscaras de loucura, embriaguez, perversidade substituídas pelas de bonomia, ingenuidade [...] (CANDIDO, p. 461)


Antonio Candido cita ainda a legitimidade da geração literária marcada pelo romantismo e por seus mascarados, ao constatar que a personalidade poética para se realizar e se impor, parece ampliar e valorizar as manifestações que soam como incoerentes (muitas vezes).  A marca dos contrastes parece acompanhar e definir os românticos: espírito x carne; belo x horrível; vida x morte.


Essa filosofia dos contrastes acaba fortalecendo a citada “dialética das máscaras”, como algo que pode assustar o leitor. Esse desgastante modelo também acaba sendo algo que restringe e limita a própria existência dos poetas, tornando-os, essencialmente, (sobre)viventes do período romântico. Como destaca Candido, esses poetas (da 2ª geração) são:


bem os “filhos do século”, mais voltados para o próprio coração (segundo o conselho de Musset) do que para a Pátria, Deus ou o Povo, como os da primeira e da terceira geração. Por isso, já no seu tempo havia quem os reputasse menos brasileiros e, portanto, (segundo os cânones do nacionalismo literário), menos originais. (CANDIDO, p.  462)


Marcados pelo pessimismo, perversidade, ternura, singeleza e doçura, pode-se considerar que formam um conjunto apurado e peculiar do espírito romântico. Aliado a esse tom, também pode ser lembrada a “síndrome de Chapeuzinho Vermelho”, a atração pelo descaminho, pela morte e a autodestruição... algo que os deixa “dessintonizados” com a vida.






2 comentários:

Paulo Caldas Neto disse...

Pode-se até pensar que, por causa dessa dialética, o Romantismo seja uma estética também de contrastes, o que, nesse ponto, se contrapõe à estética barroca, também marcada pelos contrastes. Por que não dizer que uma herdou da outra essa função, já que os estilos de época surgiram em oposição uns aos outros e depois, alguns, retomaram uns dos outros pontos relevantes? Alfredo Bosi, em "Céu, inferno", reforça as tendências da literatura brasileira em avançar e voltar a discussões estéticas, parece que sempre pendentes.

Base de Pesquisa Formação da Literatura Brasileira disse...

Terezinha comentou em 03-12-2016 a leitura de Bethânia de 28-11-2016:
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“Máscaras, máscaras...Um sopro e passam, para dar lugar a outras [...] Cada um se ajusta à máscara que pode, à máscara exterior. Porque dentro, depois está a outra, que muitas vezes não se harmoniza com a de fora”.
O comentário de Luigi Pirandello, no ensaio O humorismo (1910), nos reporta às máscaras contraditórias apontadas por Antonio Candido: máscaras da loucura, da embriaguez, da perversidade. Todas vulneráveis ao que vem dos poetas. Os dois críticos comungam da ideia de que as máscaras não são fixas. O poeta é que dá o tom, um sopro e elas passam, mudam “ao sabor das sugestões que deles vêm” para dar lugar a essa volúpia dos contrários que reúne num só espaço a harmonia desarmônica dos opostos: pessimismo, “humor negro”, perversidade de mãos dadas com ternura, singeleza, doçura. E dessa desarmonia riso e pranto, como num descompasso da máscara de dentro com a de fora, fundem-se gerando no poeta romântico o sentimento de autodestruição, que resulta na atração pela morte.