quinta-feira, 10 de novembro de 2016





Alynne Ketllyn da Silva Morais




Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Bethânia Lima Silva
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Eide Justino Costa
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Manoel Freire Rodrigues
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro Saraiva
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Maria Valeska Rocha da Silva
Massimo Pinna
Paulo Caldas Neto
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais

Adriana Vieira de Sena
Afonso Henrique Fávero





Marcos Falchero Falleiros [29-10-2016]
[substituindo Alynne Ketllyn da Silva Morais]

Edição: Martins, 1971, VOL.2:
da p.  140:      [PDF +- p. 453]   “Banalidade e fantasia/ Se a vocação coloquial de Macedo serviu para estabilizar”[...]
até a p. 142:  [PDF +-p. 455][...]“o eixo poético não interfere, no final das contas, com o real.”



Antonio Candido frisa com insistência por todo o capítulo o aspecto coloquial da obra medíocre de Macedinho e sua submissão às expectativas de julgamento do leitor médio: daí os personagens “convencionais”: modelos quotidianos e padrões corriqueiros, que levam uma leitura crítica a interrogar-se com espanto sobre a possibilidade de personagens tão chãs se envolverem nos arrancos romanescos de seus enredos.

É que para que a narrativa exista é necessário peripécias. Assim, as peripécias aparecem de permeio, entre um início e um final conformistas e aderentes ao meio de um autor que fugiu de questões mais complexas como as das revoltas populares e agitações ideológicas de seu tempo. Como não há vida interior nos personagens submetidos ao mero acontecimento exterior de seu pequeno realismo, tudo começa e acaba como está, de modo plenamente pacificado. Mesmo um personagem de meticulosa vilanice como Salustiano, de Os dois amores, ao encerrar o romance, anuncia sua regeneração e arrependimento.

Nesse contexto formal, dois conformismos se manifestam. O acima mencionado, a banalidade do conformismo ao real, e outro, a fantasia do poético. Neste caso, o escritor investe em lágrimas, treva, traição, conflito. Mas menos por ser folhetinesco que por sua inclinação ao romantismo do dramalhão tenebroso. Antonio Candido faz a percuciente observação de que em O moço loiro há um “complexo de Monte Cristo”: forças ocultas e personagem ubíquo conduzindo os destinos da narrativa. A obra literária de Macedo, montada sob dois esteios, o real e o poético, permite a convivência entre as balizas da normalidade e a peripécia tenebrosa de permeio.




Um comentário:

Base de Pesquisa Formação da Literatura Brasileira disse...


Marcos comentou sua leitura em 10-11-2016:
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É incrível como uma atividade tão comezinha como a nossa, graças à qualidade da obra permite surpresas constantes a cada duas páginas da quinzena. Nessas de agora, encontramos duas tiradas marcantes. A observação de Antonio Candido sobre o “complexo de Monte Cristo” em O moço loiro, e outra, anterior, quando diz: “Tanto que nos perguntamos como é possível pessoas tão chãs se envolverem nos arrancos romanescos a que as submete” – são duas passagens do texto que revelam a fonte de Roberto Schwarz em vários momentos de sua abordagem de Machado de Assis, por exemplo, quando Schwarz prepara a contraposição de Machado a Alencar:
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“No entanto, a imigração do romance, particularmente de seu veio realista, iria por dificuldades. A ninguém constrangia frequentar em pensamento salões e barricadas de Paris. Mas trazer às nossas ruas e salas o cortejo de sublimes viscondessas, arrivistas fulminantes, ladrões ilustrados, ministros epigramáticos, príncipes imbecis, cientistas visionários, ainda que nos chegassem apenas os seus problemas e o seu tom, não combinava bem.”

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“Senhora é um dos livros mais cuidados de Alencar, a sua composição vai nos servir de ponto de partida. Trata-se de um romance em que o tom varia marcadamente. Digamos que ele é mais desafogado na periferia que no centro: Lemos, pelintra e interesseiro tio da heroína, é gordinho como um vaso chinês e tem ar de pipoca; o velho Camargo é um fazendeiro barbaças, rude mas direito; dona Firmina, mãe-de-encomenda ou conveniência, estala beijos na face da menina a quem serve, e quando senta, acomoda "a sua gordura semi-secular". Noutras palavras, uma esfera singela e familiar, em que pode haver sofrimento e conflito, sem que ela própria seja posta em questão, legitimada que está pela natural e simpática propensão das pessoas à sobrevivência rotineira. Os negociantes são espertalhões, as irmãzinhas abnegadas, a parentela aproveita, vícios, virtudes e mazelas admitem-se tranquilamente, de modo que a prosa, ao descrevê-Ios, não perde a isenção.” Ao vencedor, as batatas. Ed. 34, 2000, p. 37 e p. 42.
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É interessante que os colegas acompanhem as leituras apresentadas, que não podem substituir o original: ou seja, utilize o resumo do colega como índice de assuntos a serem verificados e cotejados no texto original de Candido. É muito produtivo e estimulante, são verdadeiras aulas de crítica literária consistente. Muito importante para tempos sombrios.