Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de
Souza
Maria Valeska Rocha da Silva
Massimo Pinna
Paulo Caldas Neto
Peterson Martins
Rochele Kalini
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais
Adriana Vieira de Sena
Afonso Henrique Fávero
Alynne Ketllyn da Silva Morais
Antônio Fernandes de Medeiros Jr
Bethânia Lima Silva
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Eide Justino Costa
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Érika Bezerra Cruz de Macedo
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro Saraiva
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari [26-03-2016]
Edição: Martins, 1971, VOL.2:
da p. 109 : [PDF +- p. 430] “CAPÍTULO
III/APARECIMENTO DA FICÇÃO/ UM INSTRUMENTO
DE DESCOBERTA E INTERPRETAÇÃO/ “Tendo, no Capítulo I, considerado sobretudo a
poesia como ”[...]
até a p. 110 : [PDF +- p.
431] [...] “- os escritores mais irregulares que se
pode imaginar numa certa ordem de valor.”
A caracterização do romance enquanto
“instrumento de descoberta e interpretação” mostra-se especialmente procedente,
conforme se pode inferir das explanações feitas por Antonio Candido no capítulo
“Aparecimento da Ficção”, no contexto da literatura brasileira, mais
precisamente do nosso movimento romântico, que nele encontra sua forma de
expressão mais representativa. Isso se deve certamente, abstraindo-se das
características gerais desse gênero que tem no Dom Quixote sua
primeira grande manifestação, às dimensões continentais de nosso país, que o
Romantismo procurou justamente “descobrir” e “interpretar”.
Por isso dirá Candido, ainda nesse
segmento “Um instrumento de descoberta e interpretação”, que o romance
brasileiro “tem fome de espaço e uma ânsia topográfica de apalpar o país”. E se
ao romance inglês ou francês bastava circunscrever seu enredo a Londres ou
Paris (ainda que vários romances de Henry Fielding, Balzac ou Zola se desdobrem
em outros espaços) para transmitir ao leitor as grandes linhas de força de suas
respectivas sociedades, o romance brasileiro precisava abrir-se não só à cidade
(isto é, o Rio de Janeiro) para empreender o levantamento do que se passava então
no Brasil, mas também ao “campo” e à “selva” – precisava, portanto, estender
seu projeto mimético a três níveis da matéria brasileira: “vida urbana, rural e
primitiva”.
A obra romanesca de José de Alencar,
englobando 21 títulos, oferece uma ilustração convincente desse processo, na
medida em que se divide (ou antes, se multiplica) nas vertentes regionalista (O
Gaúcho, O Sertanejo), citadino-burguesa (A Pata da Gazela, Senhora, Lucíola),
histórica (A Guerra dos Mascates, As Minas de Prata), rural (O tronco do
Ipê, Til) e indianista (Iracema, Guarani, Ubirajara).
À luz do romance alencariano se
poderiam demonstrar assim as asserções gerais colocadas por Candido no segmento
em tela (“Um instrumento de descoberta e interpretação”), não só no que diz
respeito ao triunfo do gênero “romance” no bojo do Romantismo, mas também
quanto às suas diferenças fundamentais em relação a obras de caráter mais
lírico (a Gonçalves Dias, por exemplo, não seria possível a realização do
projeto literário levado a cabo por Alencar), ao “estudo
sistemático da realidade” (como empreendido pela sociologia), ou ainda à
epopeia, já que o romance, enquanto gênero que se fundamenta no princípio
aristotélico da “verossimilhança” (εικός, eikós), prefere antes
“encontrar o miraculoso nos refolhos do cotidiano”, citando palavras de Antonio
Candido, a “arrancar os homens à contingência para levá-los ao plano do
milagre”.
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