terça-feira, 17 de junho de 2014





Peterson Martins


Rochele Kalini
Rosiane Mariano
Rousiêne Gonçalves
Terezinha Marta de Paula Peres
Thayane de Araújo Morais
Valeska Limeira Azevedo Gomes

Afonso Henrique Fávero
Antônio Fernandes de Medeiros Jr 
Arandi Robson Martins Câmara 
Bethânia Lima Silva
Daniel de Hollanda Cavalcanti Piñeiro
Eide Justino Costa
Eldio Pinto da Silva
Elizabete Maria Álvares dos Santos
Francisco Roberto Papaterra Limongi Mariutti
Giorgio de Marchis
Jackeline Rebouças Oliveira
Joana Leopoldina de Melo Oliveira
Juliana Fernandes Ribeiro Dantas
Kalina Naro Guimarães
Kalina Alessandra Rodrigues de Paiva
Laís Rocha de Lima
Lígia Mychelle de Melo
Marcela Ribeiro
Marcel Lúcio Matias Ribeiro
Marcos Falchero Falleiros
Marcus Vinicius Mazzari
Maria Aparecida da Costa
Maria do Perpétuo Socorro Guterres de Souza
Maria Valeska Rocha da Silva
Massimo Pinna
Mona Lisa Bezerra Teixeira
Paulo Caldas Neto




Peterson Martins [07-06-2014]


Edição: Martins, 1971, VOL.2:

da p. 40: “O decassílabo é o grande, incomparável metro originado nos Cancioneiros”[...]
até a p. 42:   [...]”veremos estreitar-se este vínculo, patenteando a analogia das concepções”. 



Dando continuidade à análise da construção formal da estética romântica, Antonio Candido faz uma reflexão sobre o “decassílabo” apontando essa métrica e os padrões rítmicos que a envolvem como um legado do Sá de Miranda que ao retornar de uma longa estada na Itália trouxe o “dolce stil nuovo” para as plagas portuguesas (e que iria, futuramente, repercutir no Brasil). No entanto, esse estilo italiano propagado com grande intensidade por Dante Alighieri no séc. XIV terá uma raiz profunda na lírica trovadoresca provençal. (Disso, então, extraímos a mesma conclusão obtida por Mikhail Bakhtin e Eric Havelock na qual as formas eruditas teriam uma relação profunda com os gêneros literários pertinentes a uma cultura oral).

Assim, essa predileção alcançará o seu auge no período romântico, onde os artistas dessa fase irão atingir um alto grau de musicalidade, assegurando uma continuidade plástica e a própria preparação para uma evolução poética. Destaque especial para José de Alencar e sua importante pesquisa, não apenas sobre os mitos e lendas populares, mas, sobretudo, relacionado ao cancioneiro popular nordestino. Essa tendência, porém, não encontrou esteio em todos os críticos da época, houve alguns posicionamentos que condenavam a isorritmia dos versos, tal como apontava o manual de frei Caneca. Essa prática fará com que os românticos se assemelhem aos árcades. Como exemplo disso, temos os setissílabos que tanto inspiraram Bocage e vários poetas brasileiros desse período.

( Como crítica da estética realista a esse processo do Romantismo, iremos encontrar um trecho na obra de Machado de Assis (Memórias Póstumas de Brás Cubas), na qual o poeta romântico Vilaça é descrito de maneira caricata cujas glosas (ou motes) lhe favorecem um status social e fama, embora seus versos sejam medíocres.
Não era um jantar, mas um Te-Deum; foi o que pouco mais ou menos disse um dos letrados presentes, o Dr. Vilaça, glosador insigne, que acrescentou aos pratos de casa o acepipe das musas. Lembra-me, como se fosse ontem, lembra-me de o ver erguer-se, com a sua longa cabeleira de rabicho, casaca de seda, uma esmeralda no dedo, pedir a meu tio padre que lhe repetisse o mote, e, repetido o mote, cravar os olhos na testa de uma senhora, depois tossir, alçar a mão direita, toda fechada, menos o dedo índice, que apontava para o teto; e, assim posto e composto, devolver o mote glosado. Não fez uma glosa, mas três; depois jurou aos seus deuses não acabar mais. Pedia um mote, davam-lho, ele glosava-o prontamente, e logo pedia outro e mais outro; a tal ponto que uma das senhoras presentes não pôde calar a sua grande admiração. (ASSIS, 1998) )

Por fim, o trecho analisado dessa obra célebre de Antonio Candido termina com uma informação-chave que nos brinda sobre a estética romântica (sobretudo, na poesia): a musicalidade une-se a estratégias retóricas também na composição lírica (conotação de uma influência barroquiana). Isso pode ser observado claramente na terceira fase romântica, onde o tom inflamado dos versos de um Castro Alves será declamado nas praças durante os discursos pró-abolicionistas (inspiração hugoana).



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